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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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sábado, 29 de novembro de 2014

O PERIGO DAS AFIRMAÇÕES

Hugo Navarro Silva
Cidadão recentemente falecido e famoso por suas tiradas, indagado por balconista de loja se queria levar o veneno de ratos que andava procurando respondeu imediatamente: Não. Eu vou trazer os ratos aqui! Era um brincalhão.
Erasmo, o de Rotterdam, escreveu que toda definição é perigosa, provavelmente certo  de que definições sempre correspondem a afirmações. Fato é que em alguns setores de atividade  como o da política partidária, todo mundo foge como o diabo da cruz das afirmações principalmente se encerrem verdades, porque verdades sempre carregam todo tipo de perigo. É atribuída a Eça de Queiroz, a afirmativa de  que “políticos e fraldas devem ser trocadas de tempos em tempos e pelo mesmo motivo”. A assertiva, que poderia ser aplicada ao Brasil de hoje,sem dúvida encerra exagero e dos  grandes. No Brasil, por incrível que pareça, sobrevivem políticos sérios, honestos, dispostos a cumprir o dever e trabalhar pelo povo,  mas vivem acossados,  como a maioria da população, pela onda de corrupção e de franca e desembestada roubalheira que se introduziu em setores oficiais do país, nos últimos anos, para tentar aplacar velhas e insaciáveis fomes de quem se apresenta  como reformadores do mundo quando na verdade são predadores do resultado do trabalho,  do esforço e das esperanças de um povo. Esses  sujeitos que estão a talar a economia nacional, a assaltar impunemente os cofres públicos e privados é que são os verdadeiros bandidos, malfeitores e criminosos que deveriam estar na cadeia  no lugar de miseráveis que muitas vezes cometem furtos para não morrer de fome.
 Advogado de um dos ladrões envolvidos no escândalo da Petrobrás, empresa desmoralizada por  escandalosos e vergonhosos desvios de verbas, que andam diariamente  a render e a provocar espanto em todo o país, afirmou, provavelmente para tentar minorar, aos olhos do povo, as culpas de seu cliente, que no Brasil não se mexa numa pedra sem propina. A afirmativa do defensor provocou manifestações de repúdio em todo o território nacional, de gente mais preocupada em defender os poucos homens sérios que se mantêm fora da onda de roubalheira, que comanda o país, do que para poupar de ataques ou acobertar o triste panamá que infelizmente se estabeleceu no Brasil.
A roubalheira é tão grande que agentes da polícia anunciam viagem a paraísos fiscais em busca de numerário desviado da Petrobrás, com poucas possibilidades de recuperar o montante dos furtos da mesma forma que a investigação  pode ficar longe do  verdadeiro alcance das atividades dos criminosos, porque é sabido que  os crimes  de corrupção guardam características semelhantes às dos  delitos de “serial killers”: por mais completas que sejam as conclusões da investigação, por mais confissões e delações que haja, inclusive as premiadas,  os fatos nunca serão inteiramente esclarecidos. Sempre sobrarão áreas cinzentas, destinadas ao esquecimento da imprensa e das próprias autoridades policiais, que geralmente não estendem seus  esforços além dos estritamente necessários a uma possível condenação do indiciado.

As conclusões da devassa da Petrobrás estão longe do final  e já se anuncia outro monumental escândalo de desvio de verbas de importante órgão do governo federal. Por muito menos, quase nada comparado ao paraíso da roubalheira atual, o presidente Fernando Collor de Mello foi deposto por “impeachment” e muita gente haverá de se lembrar da alegria com que representantes de órgão, que anda a assumir a posição de  palmatória do mundo, de braços dados marchando para o Congresso para ajudar a crucificar Collor. Hoje, a mesma entidade abriga os que apoiam e batem palmas para os ladrões. Sinal dos tempos? Não. Falta de vergonha!
Hugo Navarro da Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis. Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte". Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida

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