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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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sexta-feira, 22 de agosto de 2014

AS ÁRVORES E A POLÍTICA

Hugo Navarro Silva
Provavelmente as árvores precederam os animais de sangue quente sobre a terra. Narra o Gênesis que Deus mandou que a terra se cobrisse de vegetação e a terra fez brotar plantas e árvores cujos frutos produzem sementes. E Deus ficou satisfeito. O homem ainda não existia. Numa dessas árvores, com certeza, pendurou-se a serpente que induziu Adão e Eva ao pecado pelo qual a humanidade até hoje está sofrendo penas terríveis.
As árvores têm sido parceiras do homem no desenvolvimento e nas conquistas desde o fornecimento de material para o teto protetor, à construção das naves necessárias à conquista dos mares e de novas terras. Não poderiam, por isso mesmo, estar de fora das manifestações culturais de todos os povos. Entre nós vão da poesia acadêmica, como no caso de Olavo Bilac no soneto “Velhas Árvores” e no conhecido trecho de Ruy Barbosa: “Uns plantam a semente da couve para o prato de amanhã, outros a semente do carvalho para o abrigo do futuro. Aqueles cavam para si mesmos. Estes lavram para o seu país, para a felicidade de seus descendentes, para  benefício do gênero humano”. As árvores, como parte de manifestações populares aparecem com vigor na música  popular  como nos sambas “Coqueiro Velho”, gravado por Orlando Silva e Dalva de Oliveira e  “No Tronco da Amendoeira”, de Patrício Teixeira, quase obrigatório  no intervalo da narração, pelo rádio, de jogos de futebol quando o locutor esportivo  era Ary Barroso. A presença das árvores está de tal sorte entranhada nas tradições do povo brasileiro que deu origem a interessantíssimas manifestações como a do “Pau de Santo Antônio”, quando grupo de cerca de cem homens uma vez por ano transporta tronco de vinte metros de comprimento, em Barbalha,  Ceará,  em concorrido  cortejo que faz parte  das festas dedicados ao  padroeiro da cidade e duram doze dias.  No tronco, que será o pau da bandeira, diz a tradição, a mulher que conseguir tocar em pouco tempo terá seus problemas amorosos resolvidos favoravelmente.
Feira tem conhecido prefeitos, que reconhecendo o papel das árvores em cidade castigada, normalmente, por implacável soalheira, cuidam de plantar arvoredos em vários pontos da cidade, algumas vezes com requintes de cuidados, protegidas, as mudas, por gradis de ferro. Quase todas as mudas foram destruídas pela população. Algumas sobreviveram nos canteiros centrais da Avenida Getúlio Vargas, que ao contrario do que se anda a propalar nada têm de centenárias, são dos tempos do prefeito João Marinho Falcão. Muitas foram sacrificadas por interesse do poder público. Quando inaugurada a Avenida os canteiros eram mais largos, abrigando mais árvores. Os canteiro tiveram que ser encolhidos devido o aumento do movimento de veículos e árvores desapareceram, como aconteceu, anos antes, com as árvores dos canteiros da Avenida do Senhor dos Passos, todas imoladas às necessidades de cidade       que se desenvolve olhando somente para as conveniências imediatistas não deixando margem para se prever até que ponto o progresso a  poderá levar.

A oposição local descobriu que o ponto vulnerável do governo do Município é o transporte coletivo, considerado ineficiente e de baixa qualidade, e passou a atacar, por todos os meios disponíveis, inclusive o do boato, o moderno e eficiente sistema de transporte que o prefeito luta para implantar na cidade, mas que resultará na inevitável retirada de árvores da Avenida Getúlio  Vargas. É mais um tributo que as árvores terão que prestar ao desenvolvimento e à insensibilidade do que o progresso tem por inevitável, apesar das lágrimas dos seus falsos defensores.
Hugo Navarro da Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis. Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte". Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida

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