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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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sexta-feira, 29 de agosto de 2014

A MÚSICA FAZ FALTA

Hugo Navarro Silva
Nestes tempos de política, de acirramento de campanhas eleitorais a tomar espaço na mídia e alguma atenção das pessoas, muitas delas preocupadas com os destinos da pátria amada cujo futuro pode  ter repercussão na vida da maioria do povo, notamos que a música, parceira dos políticos durante muitos anos de luta, está sendo banida da luta partidária.
Desde os começos da República a música de exaltação ou de crítica costumava fazer parte das disputas eleitorais brasileiras.
A música popular, com as novidades que hoje comandam os espetáculos musicais, tomou rumos que a vêm afastado de suas origens, que sempre estiveram na maneira de viver do povo, o que lhe conferira verdadeira feição de crônica da vida brasileira, retratando, criticando ou satirizando hábitos,  costumes, classes sociais e  indivíduos quase sempre com um toque de malícia e de bom humor. Sofre, hoje, mudanças  que levam muita gente a dizer que em outros tempos ligava  rádio para ouvir música. Hoje, desliga para não ouvir.
Os retratos ou caricaturas musicais da vida brasileira, abrangendo o cotidiano teriam, necessariamente, de atingir a política, os políticos e acontecimentos a eles ligados. Essa tendência começou a desaparecer quando as campanhas políticas, por motivos diversos, passaram a se afastar do povo com os programas eleitorais gratuitos da televisão, que mostram figuras maquiadas como se fossem artistas de antigas e cansativas novelas a declamar peças de ficção.
Helena Bomeny, citada por Jessica Onirica Ferreira de Freitas em artigo publicado pela “Revista Brasileira de Ciências Criminais”, vol. 90, afirma que “a música (...) expressão maior e mais pura da manifestação da cultura, será sempre, no caso do Brasil – país de larga, bem-sucedida e reconhecida tradição musical – reveladora dos instantes de afirmação de nossa identidade como nação, como grupo ou como povo”.
Jessica Onírica em seu trabalho, que enriquece a bibliografia sobre a música brasileira, realça a importância dos compositores populares porque registram fatos e pessoas esquecidas pela história oficial, fazendo referência ao que afirma José Maria de Souza Dantas no livro “O Canto e a Canção: MPB”, interessante analise da figura do malandro, descrito no samba “Lenço no Pescoço” de Wilson Batista, e que dominou a música popular do antigo  Distrito Federal, a cidade do Rio de Janeiro: “Meu chapéu de lado/Tamanco arrastando/Lenço no pescoço/ Navalha no bolso/Eu passo gingando/Provoco e desafio/Eu tenho orgulho/ De ser tão vadio.” A influência do malandro na produção musical começou a diminuir no governo getulista, que passou a patrocinar composições de exaltação do trabalho como “O Bonde São Januário” que levava mais um operário “sou eu que vou trabalhar” porque “a boemia não dá camisa e ninguém”.
Um das primeiras músicas de combate político surgiu contra o candidato à presidência, Artur Bernardes, que tinha dois apelidos: o de Rolinha e o de Seu Mé: “Lá no Palácio das Águias, olé/Não hás de por o pé”. O Palácio das Águias era o do Catete, então morada presidencial. A música, motivo de passeata, com a queima de fogos e banda de música, nesta cidade, falava, ainda, de bom vatapá bastante apimentado, certamente referencia a J.J. Seabra, bahiano, que estava da chapa  contrária  à de Bernardes, a de Nilo Peçanha, como candidato a vice-presidente.

Pena que a música, o jingle estejam quase desaparecidos das rinhas políticas. Ministro da Republica          que nesta cidade esteve recentemente prometendo duplicar todas as nossas estradas bem que poderia merecer um samba dos mentirosos.
Hugo Navarro da Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis. Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte". Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida

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