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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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sábado, 29 de junho de 2013

O FIM DA FARSA

Hugo Navarro Silva


O Brasil, em quinze dias, tem sofrido surpresas e transformações que dificilmente poderiam ser imaginadas em cento e cinquenta anos de evolução. O governo dormia tranquilo, aboletado no alto das pesquisas que lhe davam mais de oitenta por cento de aceitação popular. O prestígio da presidente, avassalador, afastava qualquer possibilidade de oposição séria e consistente. Nem Adolf Hitler, quando anunciou o seu Reich de mil anos, sentiu-se mais seguro e mais eufórico em seu “reinado”, do que a primeira mandatária da nação brasileira.
Afinal de contas havia as pesquisas de opinião, surpreendentemente favoráveis, poderosos meios de comunicação de massa faziam ostensiva propaganda dos “grandes” feitos governamentais, o ambiente na América Latina, com os plebiscitos e reformas constitucionais esticadoras de mandatos presidenciais, embora com a miséria e o sacrifício dos interesses da população assolavam a América do Sul, tudo em nome da democracia, verdadeiros refrigérios para governantes e respectivos acólitos, sabidórios e bobos das cortes imperiais que se instalaram nesta parte do mundo. Tudo corria às mil maravilhas.
O povo brasileiro, pensavam os governantes, tinha tudo para estar completamente embevecido com as “conquistas” governamentais e o rumo que as coisas tomavam. Tínhamos salário mínimo como nunca houve. Pobres compravam automóveis como se fossem bananas de quitandas, as bolsas disso e daquilo garantiam votos necessários à manutenção do domínio imperial. Para coroar toda a ostentação de força e de realizações de que este país vem sendo palco, conseguimos atrair três das mais importantes disputas esportivas do mundo, para o que tivemos que construir, às pressas, estádios a que   deram o nome de arenas, no modelo europeu, caríssimos, sofisticados, luxuosos, superfaturados, a contrastar com as origens do nosso futebol, eminentemente populares. As tais arenas, na sua maioria  de grande imponência e beleza, estão nas mãos de empresários cujo interesse de lucro oferece enorme contraste com a situação dos grandes clubes nacionais, todos, quase, a lutar contra dificuldades financeiras, criando enorme distanciamento entre o esporte   preferido do povo e a real situação  dos brasileiros com o banimento das “gerais” e  suas naturais e espontâneas manifestações de alegria. Os novos estádios podem ser transformados em colossais elefantes negros, coliseus a cair aos pedaços a mostrar, para a História, o triste período de domínio do  César brasileiro.
A crise dos serviços públicos essenciais tirou do berço esplêndido a presidente, seus trinta e nove ministros e seus vinte e dois mil auxiliares demissíveis e o povo foi para as ruas. Em duas falas a presidente nada disse capaz de resolver qualquer coisa. Uma parte da lengalenga, entretanto, não deixou de assustar: a que tratava de plebiscito para mudar a Constituição, que lembrou a Venezuela de Chaves, a Bolívia do Morales e o Equador do Corrêa, exemplos do que não se deve fazer e está despertando pronunciamentos e opiniões divergentes. Mesmo se afastada a possibilidade do Brasil ingressar no Grupo Bolivariano, resta a suspeita de que a presidente quer ganhar tempo, enrolar, ou dirigir a crise, que é contra o governo e sua gestão, para questões de ordem política.
O bicho, entretanto, está solto e a Bastilha já caiu. Não há mais como conter as iras populares. A oposição, que faltava aos políticos, apareceu no seio do povo. Não podemos esquecer o espetáculo dado na Câmara Federal na noite de terça-feira última, quando a velha quadrilha do governo mudou de opinião  na derrubada da PEC-37, em cuja aprovação até a OAB, que não pode ver defunto que não chore, andou ferrenhamente empenhada. Os assuntos urgentes, não mudanças políticas, devem ser tratados em primeiro lugar.
Ninguém duvide: o barril de pólvora está pronto e o pavio já foi aceso. Acabou a farsa. 

Hugo Navarro da Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis. Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte". Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida
 

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