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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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terça-feira, 16 de agosto de 2011

EURICO ALVES, MANUEL BANDEIRA E FEIRA DE SANTANA


Diálogo do poeta feirense Eurico Alves com Manuel Bandeira.
Poema convite: "Elegia a Manuel Bandeira"
Poema resposta: "Escusa"


ELEGIA PARA MANUEL BANDEIRA

                                                  Eurico Alves

Estou tão longe da terra e tão perto do céu,
quando venho subir esta serra tão alta...

Serra de José das Itapororocas,
afogada no céu, quando a noite se despe
 e crucificada no sol se o dia gargalha.
Estou no recanto da terra onde as mãos de mil virgens
tecem o céu de corolas para meu acalanto.
Perdi completamente a melancolia da cidade
e não tenho tristeza nos olhos
e espalho vibrações da minha força na paisagem.

Os bois escavam o chão para sentir o aroma da terra, e é como se arranhassem um seio verde, moreno.

Manuel Bandeira, a subida da serra é um plágio da vida.
Poeta, me dê esta mão tão magra acostumada a bater nas teclas da desumanizada máquina fria
e venha ver a vida da paisagem
onde o sol faz cócegas nos pulmões que passam
e enche a alma de gritos da madrugada.
Não desprezo os montes escalvados
tal o meu romântico homônimo de Guerra Junqueiro.
Bebo leite aromático do candeial em flor
e sorvo a volúpia da manhã na cavalgada.
Visto os couros do vaqueiro
 e na corrida do cavalo sinto o chão pequeno para a galopada.

E S C U S A
                                     Manuel Bandeira

Eurico Alves, poeta baiano,
Salpicado de orvalho, leite cru e tenro cocô de cabrito,
Sinto muito, mas não posso ir a Feira de Sant’Ana.

Sou poeta da cidade,
Meus pulmões viraram máquinas inumanas e 
aprenderam a respirar o gás carbônico das salas de cinema.

Como o pão que o diabo amassou.
Bebo leite de lata.
Falo com A., que é ladrão.
Aperto a mão de B., que é assassino.

Há anos que não vejo romper o sol, 
que não lavo os olhos nas cores das madrugadas

Eurico Alves, poeta baiano,
Não sou mais digno de respirar o ar puro dos currais da roça.

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