Na foto ao lado a 1ª bomba de gasolina referida no texto.
Por mais que deseje desvincular-me do passado, toda vez que revivo Feira, e, dela não poso me afastar, esteja onde estiver no Brasil ou fora dele, estou sempre a comparar o que de belo ou útil vejo e, mesmo transferi-los para minha terra.
Não me sai da memória aquelas quatro ruas, com seus onze becos (transversais). Beco do Ferro de Engomar, Beco do Asilo, Beco da Matriz, Beco do Cinema, Beco da Energia, Beco da Cadeia, Beco do França, Beco do Bom e Barato, Beco da Pensão e Beco Fróes da Mota, iluminadas por lampiões, alimentados a carbureto, das 18 às 21 horas.
As riquezas da região, transportadas em lombo de burros. As cavalhadas, os carros-de-bois a trafegarem livremente, pelas ruas da Cidade. A Praça da Bandeira repleta de animais. As portas e janelas das residências viviam abertas. Onde todos se conheciam e a cadeia vivia sem habitantes...
A grande solenidade da inauguração da primeira bomba de gasolina, na Praça da Bandeira. Autoridades, discurso do Prefeito, gerente do Banco do Brasil, banda de música 25 de março, uma grande festa. Que belas imagens ficaram gravadas na memória. Hoje, quando contemplo esta imensidão de cidade, me assusto e não mais sei percorrê-la. Perdido fico. Vibro de Alegria, sorrio, chego a delirar com sonhos lindos, porem choro muito; ao abrir as janelas da Avenida Contorno (parte nova), e constatar o que fizeram, ou melhor, não fizeram... Se não deixaram acontecer...
Concluo que o exemplo dos administradores do passado, quando não havia engenheiros e arquitetos, não inspirou os administradores responsáveis (inaptidão, omissão ou falta de visão). Uma cidade que teve o primeiro Plano de Desenvolvimento Integrado do País idealizado e aprovado inclusive com recurso pelo SERFAU (com início na minha administração), jamais poderiam ignorá-lo, no mínimo, elaborar um plano físico de arruamento e zoneamento, um sistema viário a altura da Cidade que ocupa o primeiro lugar no Estado após a Capital. Vivemos uma nova era, do carro, e como tal, necessitamos de ruas amplas, de fácil circulação, com praças e jardins para recreação da população. Feira é uma cidade com poucas praças, poucos jardins.
Quando constato que praças e áreas de uso institucional, reservadas por força de Lei, nos loteamentos, foram doadas como moeda eleitoral, em busca de votos, como não chorar...
Deixemos esse tema, que será abordado oportunamente.
Hoje, pretendo falar sobre os caminhos de Feira...
Alcancei Feira sem carros, logo sem rodovias. O que havia eram caminhos vicinais, veredas, estradas carroçáveis e boiadeiras.
A principal era a estrada Real, que vindo da Cidade de Cachoeira, via Belém, Conceição de Feira, São Gonçalo, Magalhães, Tapera, Tomba, chegava a Feira (Praça da Matriz) e, daí, partia em direção ao Norte: Rua Direita (Conselheiro Franco), Sobradinho, Campo Limpo, Pedra Ferrada, São José das Itapororócas, Santa Bárbara, Tanquinho, Jacobina, Juazeiro, transpondo o São Francisco atingindo Pernambuco.
Estrada essa que, tal a sua importância, mereceu a ligação ferroviária, Feira-Cachoeira, entroncando com a ferrovia Leste Brasileiro que ligava Salvador ao Sul do País. Que a modernidade, sem visão e planejamento, deixou-a sucumbir.
Em seguida, vinha a Estrada das Boiadas, que alimentava Salvador. Partindo da Boa Viagem (Professor Geminiano Costa), Ponto Central, entroncamento dos Eucaliptos, Limoeiro, Humildes, Lapa, São Sebastião do Passé, Água Comprida, Paripe, Salvador. Vindo depois a ligação com o resto País, Minas Piauí via Camisão (Ipirá), Santo Estevão, Almas (Anguera), Bonfim de Feira, Bom Despacho (Jaguara), ponte do Rio Branco, sobre o rio de Jacuipe, Calumbi, Feira, tendo uma variante via Sobradinho/Feira. Tal a importância dessa estrada, que mereceu a construção pelo Governo Federal, de uma ponte metálica linda, sobre o Rio de Jacuipe, denominada “Ponte do Rio Branco”, a qual por falta de assistência, veio a desmoronar-se. Que pena! Essa estrada quando o Rio de Jacuipe permitia, tinha percurso Santo Estevam, Pedra do Descanso, onde havia um grande alojamento para vaqueiros e tropeiros.
Outra estrada de grande movimentação era: Boa Viagem (Geminiano Costa), Rua do Fogo, Lasca Gato, Lagoa Grande, Fortaleza (Jaiba), São Simão, Coração de Maria, Irará, Pedrão, Alagoinhas, Estância, Sergipe, etc.
Havia, também, uma outra estrada menos transitada, via Queimadinha, Mangabeira, São Vicente (Tiquaruçu), Santanópolis, Irará, Alagoinhas, etc.
Foram essas as estrada que fizeram a grandeza de nossa Terra e que hoje, quase todas pavimentadas, continuam a incrementar a sua prosperidade.
Na juventude, tive oportunidade de percorrer grandes percursos, em todas elas. Meu pai, Manoel Bispo de Amorim, era marchante, negociava com gado, carnes verdes, e, tinha hábito de sair pelas fazendas próximas, a comprar gado. Na época, não havia balanças para gado vivo, comprava-se, como se dizia, em pé, a olho... Eu tinha um animal, devidamente arreado e nas férias acompanhava o velho. Lembro-me de que certa feita fomos até Tanquinho de Feira, a uma feira de gado. Dolorosa viagem, três dias de cama, em compressas de água e sal. Era o remédio da época.
Este comentário terá continuidade, pois pretendo registrar um fato importante, histórico, que teria ocorrido no caminho de Boa Viagem (prof. Geminiano Costa), Rua do Fogo, Lagoa Grande, Fortaleza (Jaiba), são Simão, Coração de Maria, Irará, Pedrão, quando de retorno do General Labatut à Bahia, na época da luta pela independência, de passagem por Feira de Santana, onde montou Quartel.
Até a próxima.
Joselito Falcão de Amorim
Nenhum comentário:
Postar um comentário