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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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quarta-feira, 7 de abril de 2021

CARLOS ARTHUR RUBINQS BAHIA


 ADA MARIA MASCARENHAS BAHIA

Professora de idiomas - Licenciadas em Letras pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) – com Extensão e Pós-graduação em Língua e Literatura Inglesa

Carlito Bahia

Carlito Bahia

Nascido em Feira de Santana, em 12 de fevereiro de 1906, filho do Cel. Bernardino da Silva Bahia e D. Luiza Rubinos Bahia, foi filho único deste casamento.

Batizado em oratório particular, nesta cidade, em 06 de julho de 1906.

Do primeiro enlace matrimonial do seu pai teve quatro irmãos: José Jerônimo de Barros Bahia, Maria Bereniza de Barros Bahia, Amanda de Barros Bahia e Rita de Barros Bahia.

Fez seus primeiros estudos em Salvador, em colégio particular e posteriormente concluiu o curso fundamental, no Colégio Ipiranga também na capital baiana.

Sua infância foi alternada de períodos na cidade e na “Fazenda Paus Altos”, no município de Antônio Cardoso, onde sua família costumava passar as férias e os feriados, desenvolvendo assim a sua intimidade com a vida do campo e o prazer de cuidar da terra e de tudo o que ela viesse a criar e desenvolver.

Com o falecimento do seu genitor, herdou algumas fazendas no interior da Bahia, porém junto com essa herança, vieram muitas dívidas a pagar, oriundas de um grande prejuízo financeiro, de aproximadamente quatro mil contos de reis, que seu pai assumiu no lugar de um genro inescrupuloso. Esse débito gerou uma questão que envolveu oito advogados, os mais famosos da época e contribuiu para o falecimento do seu pai, vítima de um infarto fulminante, ao sair de uma missa dominical na Igreja dos Remédios, depois de um dia de muitos aborrecimentos. Isso aconteceu no ano de 1931, deixando o seu filho com vinte e cinco anos, casado de pouco tempo e com um filho, então de quatro meses.

O início de sua vida adulta foi de muito trabalho e grandes responsabilidades. Ao se casar aos vinte e quatro anos, em 14 de maio de 1930, com Maria da Glória Freitas de Carvalho, essas responsabilidades cresceram e alguns amigos nessa época desempenharam um papel muito importante, ajudando-o na compra do gado para a engorda e muitas vezes dando boiadas de sociedade, para na venda das mesmas, dividirem o lucro. Desses amigos recebeu votos de confiança e orientação valiosa. Pode-se destacar a participação de Coriolano Carvalho e Arnold Ferreira da Silva, seu cunhado e compadre, que dentre outros, muito lhe ajudaram a sair daquela situação delicada com altivez e dignidade.

           Desde cedo desenvolveu o dom de possuir muitos amigos devido à sua maneira afável, cordial e atenciosa de tratar o seu semelhante. Esses amigos o levaram à política e o candidataram por duas vezes ao cargo de prefeito de Feira de Santana. Pertenceu à extinta UDN (União Democrática Nacional) fazendo parte do seu diretório e participando, ativamente, de todas as suas campanhas políticas e de cunho social. Foi um exemplo raro de político que não quis nada para si nem para os seus, apenas tentou servir à sua terra da maneira honrada como norteava a sua vida privada.

Dois fatos podem servir de exemplo para sua desambição pessoal: o primeiro, quando se recusou a aceitar a oferta do governo, para adquirir um veículo importado a preço de custo, prática comum de ajuda aos fazendeiros da época. O outro, quando convidado por Juracy Magalhães, para aceitar uma candidatura a deputado federal, praticamente vitoriosa (a força do líder garantiria a eleição) e não aceitara, em modesta avaliação de suas condições parlamentares.

Embora adepto da corrente política que promovera a Revolução de 1964, juntamente com muitos dos homens de bem da época, além de amigo pessoal de políticos nacionais envolvidos no movimento, como Carlos Lacerda, Juracy Magalhães, Juarez Távora, etc. Utilizava sempre seu prestígio e amizades para evitar a prática de atos de hostilidade e excessos próprios do regime de exceção, muitas vezes pretendidos em relação a adversários políticos, merecendo, por Isso mesmo, o respeito de tantos quantos sabiam de sua espontânea ação moderadora.

Foi um dos fundadores do Rotary Clube de Feira de Santana, do Feira Ténis Clube, era irmão da Santa Casa de Misericórdia, foi conselheiro de várias instituições na cidade e sempre fez parte de comissões que cuidavam do bem estar social.

            Na área da agropecuária ele foi um inovador. Sua Fazenda Paus Altos foi por muito tempo considerada uma fazenda modelo. Foi um precursor no tratamento do leite "in natura” ao construir uma usina de resfriamento para que o pudesse ser comercializado em perfeitas condições de qualidade e higiene. Construiu um banheiro de carrapaticida que era uma novidade na região, até então acostumada com métodos antiquados no tratamento do carrapato no gado. É interessante ressaltar que isso aconteceu no ano de 1945, quando essas novidades apareciam apenas em revistas especializadas e as peças para a montagem desses projetos tinham que ser importadas. Sua fazenda foi a primeira a ter luz elétrica fornecida por motor movido a óleo diesel de origem alemã, que fazia funcionar um gerador.

Com algum conhecimento e muito idealismo, cuidou, já naquela época, de introduzir práticas voltadas para a melhoria genética do rebanho bovino, obtendo êxito e influenciando, com isso, diretamente, o amigo deputado Nestor Duarte, na sua gestão à frente da Secretaria Estadual de Agricultura, no governo de Otávio Mangabeira, que passou a comprar reprodutores de raça de melhor qualidade e emprestá-los aos fazendeiros da região que não pudessem adquirir o seu próprio touro reprodutor. Contribuiu, assim, para um maior desenvolvimento e progresso na região de Feira de Santana e nos municípios vizinhos.

A Fazenda Mocó, de propriedade do Estado, onde se desenvolvia esse trabalho, serviu muito à classe de produtores rurais, deu ocupação a muitos veterinários e agrónomos e foi um marco de desenvolvimento naquela década. Para apoiar a causa, Carlito Bahia ajudou em várias oportunidades, adiantando o dinheiro da folha de pagamento dos funcionários, para não prejudicar os serviços reconhecidamente valiosos na difusão do melhoramento genético do gado. Muito do desenvolvimento da pecuária baiana se deve às suas iniciativas inovadoras e ao seu exemplo de trabalho sério, sem nunca ter ocupado nenhum cargo público.

Faleceu em 31 de março de 1971, aos 65 anos de idade, deixando além de muita saudade aos seus familiares e amigos, um exemplo para a nova geração, de dignidade, honestidade, honradez e sobre tudo de simplicidade.

O seu sepultamento em Feira de Santana, teve a participação de toda a comunidade. O comércio fechou as suas portas ao passar o féretro em sinal de respeito e o seu ataúde foi carregado por pessoas amigas que faziam questão de se revezarem à proporção que se encaminhavam, a pé, para o Cemitério Piedade, onde foi sepultado no mausoléu da família.

Um fato chamou a atenção de todos no seu funeral: Enquanto de um lado do caixão estava uma autoridade, um senador da República, um desembargador ou deputado, do outro, estava um vaqueiro de sua fazenda, ou da fazenda de amigos, seu engraxate, seu cabeleireiro ou mesmo um simples homem do povo a lhe render as últimas homenagens.

No cemitério foi saudado pelo amigo de infância, senador Rui Santos, que muito emocionado, comoveu a todos os presentes. Sua descendência, é composta de dois filhos: Luís Carlos de Carvalho Bahia (falecido), casado com Irma Portugal Bahia, com três filhos, quatro netos e um bisneto e Bernardino de Carvalho Bahia, casado com Ada Maria Mascarenhas Bahia, com dois filhos e três netos.



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