GERALDO
LIMA nasceu em Feira de Santana, em 7/1/1949. Militou no teatro a partir de
1965, como ator e depois como diretor,; atuando em cerca de 25 espetáculos, fez
parte do filme “Palhaços “. Até o início
dos anos 80, dirigiu dois espetáculos pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) — “Terra da Danação” e “Guriatã Deus Menino “. Em 1965, trabalhou como compositor chegando a editar o
jornal “Gazeta do Povo “. Depois
atuou com a coluna Semana de Arte no jornal “Diário de Notícias”.
Em 1977, na Prefeitura de Feira de Santana, ocupou o cargo de Diretor de Promoções, repórter e Coordenador de Rádio e TV da Secretaria de Comunicação. Em 1979, ingressou no jornal “Feira Hoje” como repórter e editor-chefe. Trabalhou ainda nas revistas “Panorama” (1984) e “Viva Bahia” (1995) e jornal “Folha do Estado” (2009). Em 2000, fundou o site “Infocultural”. Atualmente, dedica-se à produção cultural.
Em 1977, na Prefeitura de Feira de Santana, ocupou o cargo de Diretor de Promoções, repórter e Coordenador de Rádio e TV da Secretaria de Comunicação. Em 1979, ingressou no jornal “Feira Hoje” como repórter e editor-chefe. Trabalhou ainda nas revistas “Panorama” (1984) e “Viva Bahia” (1995) e jornal “Folha do Estado” (2009). Em 2000, fundou o site “Infocultural”. Atualmente, dedica-se à produção cultural.
Foto interna do Cine Theatro Santana - 1920 Ao fundo vemos o mezanino |
O acervo cultural de Feira de Santana é de uma riqueza
incomensurável em todas as linguagens artísticas, seja na música, na dança, no
cinema, nas artes plásticas, na literatura ou nas artes cênicas. Tudo graças ao
talento dos artistas, dentre os quais nomes de expressão nacional e
internacional, que desempenham um papel fundamental nesse contexto, em que pese
a ausência de mais atenção por parte do poder público. Isto, porém, não
arrefece o ânimo dos artistas que, infelizmente, carecem de melhor estrutura
dos espaços e do reconhecimento pelo seu trabalho, embora, mesmo assim,
persistam.
A vida cultural da cidade passou a ter mais visibilidade nos idos dos anos 20/30, quando a dramaturgia e a literatura já se manifestavam com mais intensidade, de acordo com os historiadores. A construção do Cine Theatro Santana era uma semente que brotava para acolher os cinéfilos e a produção de nossos literatos. Erguido no centro da cidade, na antiga Rua Direita, depois batizada Conselheiro Franco, as exigências inexoráveis do progresso acabaram transformando o equipamento num improvisado estacionamento de veículos. Justamente ali, onde pisaram personalidades de renome como o jurista Ruy Barbosa e a musicista Georgina Erismann, autora do Hino à Feira - citados apenas como referência por sua notoriedade -, exibiam-se filmes do cinema mudo e tertúlias literárias promovidas por entidades como os grupos Dramático Taborda, Sales Barbosa e Grêmio Lítero-Dramático Rio Branco, que embeveciam os frequentadores. Desativado depois de enfrentar concorrência, chegar à falência e ser arrendado e reformado, o empreendimento sucumbiu.
No livro “A paisagem urbana e o homem – Memórias de Feira de Santana”, de Eurico Alves Boaventura, um dos artigos transcritos publicado originalmente em junho de 1939 noticiava que, naquela época, estava em curso um movimento com vistas a reorganizar o Clube Dramático Taborda, que se apresentava no Cine-Theatro Santana, localizado na Rua Direita (atual Conselheiro Franco).
Um dos precursores do teatro feirense, o desembargador Raymundo Pinto anotou: em 1919, ao visitar a “Princesa do Sertão”, como Feira de Santana foi denominada, o jurista Ruy Barbosa pronunciou conferência no Cine-Theatro Santana. Em outubro de 1934, o Grupo Dramático Taborda se apresentou com um elenco que incluía Gualberto[1] Costa, Martiniano Carneiro, Manoel da Costa, Amélio Vasconcelos e Alberto Boaventura. Funcionavam ainda os grupos: Dramático Sales Barbosa e Litero-Dramático Rio Branco. De acordo com a professora e pesquisadora Lélia Vitor Fernandes, o teatro contava com uma – bancada de 300 lugares, mas em pé cabiam mais ou menos 500 pessoas. Conforme apurou, em 1947 funcionava o Cine Theatro Elite, também na Rua Direita.
A vida cultural da cidade passou a ter mais visibilidade nos idos dos anos 20/30, quando a dramaturgia e a literatura já se manifestavam com mais intensidade, de acordo com os historiadores. A construção do Cine Theatro Santana era uma semente que brotava para acolher os cinéfilos e a produção de nossos literatos. Erguido no centro da cidade, na antiga Rua Direita, depois batizada Conselheiro Franco, as exigências inexoráveis do progresso acabaram transformando o equipamento num improvisado estacionamento de veículos. Justamente ali, onde pisaram personalidades de renome como o jurista Ruy Barbosa e a musicista Georgina Erismann, autora do Hino à Feira - citados apenas como referência por sua notoriedade -, exibiam-se filmes do cinema mudo e tertúlias literárias promovidas por entidades como os grupos Dramático Taborda, Sales Barbosa e Grêmio Lítero-Dramático Rio Branco, que embeveciam os frequentadores. Desativado depois de enfrentar concorrência, chegar à falência e ser arrendado e reformado, o empreendimento sucumbiu.
No livro “A paisagem urbana e o homem – Memórias de Feira de Santana”, de Eurico Alves Boaventura, um dos artigos transcritos publicado originalmente em junho de 1939 noticiava que, naquela época, estava em curso um movimento com vistas a reorganizar o Clube Dramático Taborda, que se apresentava no Cine-Theatro Santana, localizado na Rua Direita (atual Conselheiro Franco).
Um dos precursores do teatro feirense, o desembargador Raymundo Pinto anotou: em 1919, ao visitar a “Princesa do Sertão”, como Feira de Santana foi denominada, o jurista Ruy Barbosa pronunciou conferência no Cine-Theatro Santana. Em outubro de 1934, o Grupo Dramático Taborda se apresentou com um elenco que incluía Gualberto[1] Costa, Martiniano Carneiro, Manoel da Costa, Amélio Vasconcelos e Alberto Boaventura. Funcionavam ainda os grupos: Dramático Sales Barbosa e Litero-Dramático Rio Branco. De acordo com a professora e pesquisadora Lélia Vitor Fernandes, o teatro contava com uma – bancada de 300 lugares, mas em pé cabiam mais ou menos 500 pessoas. Conforme apurou, em 1947 funcionava o Cine Theatro Elite, também na Rua Direita.
Cine Theatro Santana pouco antes de fechar as portas |
Em sua tese de mestrado em História pela Universidade
Estadual de Feira de Santana, Aline Aguiar Cerqueira dos Santos diz que o
Cine-Theatro surgiu, em 1919, a partir
da fusão com o Cinema da Vitória e o teatro. “E tal espaço passou a ser
utilizado tanto para as exibições de filmes, quanto para os diversos
espetáculos teatrais, musicais e literários. Sobre a mistura dessas duas artes,
Raimundo Fonseca, ao se reportar à realidade soteropolitana, argumenta o quanto
isto foi conflituoso, posto que o cinema, por ser ainda uma novidade no início
do século XX, não tinha adquirido o prestígio que o teatro tinha”.
Vieram os anos 50. Grupos como o Taborda tentavam se rearticular. Em 1957, surgiria a Sociedade rural e Artística de Feira de Santana (SCAFS), por iniciativa de nomes como Raymundo Pinto, Francisco Caribé, Olney São Paulo, Francisco Barreto, que marcaria época no soerguimento do movimento teatral a partir da década de 60. Neste mesmo período, já existiam o Cine-Theatro Íris e o Cine Santanópolis, que funcionava como auditório do ginásio do mesmo nome, com seus quase 1.200 lugares. Era um deslumbre verificar nas matinês centenas de jovens formando longas filas para adquirir os ingressos e negociar a troca de gibis e revistas em quadrinho. “Às segundas-feiras eram reservadas para os famosos bang-bangs, que tinham como tradicionais ‘mocinhos’ Buck Jones, Kay Maynard, George O’Brien, Tom Mix e outros”, lembra o cronista Antônio Moreira Ferreira, ou Antônio do Lajedinho.
Vieram os anos 50. Grupos como o Taborda tentavam se rearticular. Em 1957, surgiria a Sociedade rural e Artística de Feira de Santana (SCAFS), por iniciativa de nomes como Raymundo Pinto, Francisco Caribé, Olney São Paulo, Francisco Barreto, que marcaria época no soerguimento do movimento teatral a partir da década de 60. Neste mesmo período, já existiam o Cine-Theatro Íris e o Cine Santanópolis, que funcionava como auditório do ginásio do mesmo nome, com seus quase 1.200 lugares. Era um deslumbre verificar nas matinês centenas de jovens formando longas filas para adquirir os ingressos e negociar a troca de gibis e revistas em quadrinho. “Às segundas-feiras eram reservadas para os famosos bang-bangs, que tinham como tradicionais ‘mocinhos’ Buck Jones, Kay Maynard, George O’Brien, Tom Mix e outros”, lembra o cronista Antônio Moreira Ferreira, ou Antônio do Lajedinho.
As filas para assistir filmes épicos ou de faroeste
começavam na frente do cinema, ao lado do Paço Municipal, e se estendia pela
Avenida Getúlio Vargas até a esquina da rua J. J. Seabra, à época
carinhosamente chamada Rua do Sol. Hoje, resta apenas a pipoca sujando as salas
de shoppings e espectadores dividindo as atenções entre o celular e o filme,
nessa ordem. Era nesse palco que acontecia a encenação de espetáculos teatrais
que lotavam as salas do Santanópolis, depois denominado Timbira, do Cine Íris e
também do auditório da Rádio Cultura, de frente da lateral do extinto Feira
Tênis Clube, além do Cine Madri, que funcionava na Rua Castro Alves. Com a
demolição do prédio da Avenida Senhor dos Passos, o Cine Íris, ainda resiste,
agora funcionando na antiga Rua de Aurora, exibindo exclusivamente filmes
pornográficos.
O movimento teatral prevaleceu durante a década de 60,
quando a cidade conviveu com um intenso movimento que chegou a envolver mais de
dez grupos teatrais, em que pese a censura imposta pela ditadura militar
deflagrada em 1964. Eram tempos difíceis, mas os artistas conviviam e superavam
os desafios, Os espaços foram desaparecendo, os artistas eram obrigados a
conviver com a mutilação de seu trabalho e até exilar-se para fugir da
repressão e da prisão sob a pecha de serem comunistas ou subversivos.
A mando dos militares, supõe-se, a direção do cinema proibiu a cessão de pautas, obrigando aos grupos buscarem alternativas, passando a utilizar o auditório do centro educacional Monteiro Lobato. Continuaram na luta até que o então prefeito João Durval Carneiro sensibilizou-se, alugou um imóvel na Rua Carlos Gomes, próximo ao Feira Tênis Clube, inaugurado em 1970 com o nome da ex-atriz Margarida Ribeiro, morta em acidente automobilístico. Findo o contrato, os artistas retornaram ao auditório do Monteiro Lobato, adaptado para funcionar como Teatro Municipal Margarida Ribeiro. Mergulhado em problemas estruturais, o referido espaço passa praticamente mais tempo desativado, o que denuncia a necessidade de uma casa de espetáculos digna das dimensões de Feira de Santana.
Enquanto isso, ao longo do tempo, os atores se profissionalizaram e surgiram novos espaços:
Teatro do Cuca, mantido pela Universidade Estadual de Feira de Santana; Teatro da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas); Centro de Cultura Amélio Amorim, administrado pelo Governo do Estado; e Centro de Cultura Maestro Miro, gerenciado pelo gavemo municipal. Todos ainda carecem de condições técnicas mais adequadas para seu completo funcionamento.
A mando dos militares, supõe-se, a direção do cinema proibiu a cessão de pautas, obrigando aos grupos buscarem alternativas, passando a utilizar o auditório do centro educacional Monteiro Lobato. Continuaram na luta até que o então prefeito João Durval Carneiro sensibilizou-se, alugou um imóvel na Rua Carlos Gomes, próximo ao Feira Tênis Clube, inaugurado em 1970 com o nome da ex-atriz Margarida Ribeiro, morta em acidente automobilístico. Findo o contrato, os artistas retornaram ao auditório do Monteiro Lobato, adaptado para funcionar como Teatro Municipal Margarida Ribeiro. Mergulhado em problemas estruturais, o referido espaço passa praticamente mais tempo desativado, o que denuncia a necessidade de uma casa de espetáculos digna das dimensões de Feira de Santana.
Enquanto isso, ao longo do tempo, os atores se profissionalizaram e surgiram novos espaços:
Teatro do Cuca, mantido pela Universidade Estadual de Feira de Santana; Teatro da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas); Centro de Cultura Amélio Amorim, administrado pelo Governo do Estado; e Centro de Cultura Maestro Miro, gerenciado pelo gavemo municipal. Todos ainda carecem de condições técnicas mais adequadas para seu completo funcionamento.
Transcrito da revista
"História e Estórias dos Séculos XIX e XX (Escritas a cinquenta mãos).
Edição Especial do
Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana - 2015 p. 82, 83, 84
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