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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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quarta-feira, 3 de agosto de 2016

HISTÓRIA DO OBSERVATÓRIO ANTARES

Em 17 de julho de 2009, o jornal "Folha do Norte", publicou matéria de Carlos Bacelar, com o título "Primórdios do Observatório Antares", relatando como surgiu este equipamento.
Ele mandou recorte da reportagem, mas ficando inadequado transpor direto para postagem, resolvemos que ele escrevesse em Word ficando mais legível.
Em negrito os Santanopolitanos citados na reportagem.

O interesse pelas questões ligadas à astronomia já envolvia um grupo de jovens feirenses desde a década de 1960. A fundação da Sociedade Astronômica Feirense (SAF), em 1966, precedeu, portanto, a existência do Observatório Antares, e me envolveu, a César Orrico, Olival Carneiro e Josemar Navarro, no qual fizemos parte. Construímos e testamos um foguete com aproximadamente 40 cm de comprimento e 14 cm de diâmetro, usando combustível sólido. Eu montei o painel de controle e o sistema elétrico, Olival preparou o combustível, Josemar e César, montaram a estrutura do foguete e no teste alcançou, aproximadamente, 150 m de altura. Depois de pouco tempo, a SAF se desfez por falta de recursos.
Quando eu tinha 17 anos, em 1968, o antigo interesse pela observação do universo, levou-me a comprar um telescópio de 180X, da Tasco, com 60 cm de comprimento, no qual fiz a adaptação de uma engrenagem dos ponteirinhos de um contador de luz a um motor, para fazer o telescópio acompanhar um astro em movimento e assim permitir a observação por bastante tempo. Assim, eu e os amigos, também curiosos com essas questões, passávamos um bom tempo observando os astros. César Orrico era vizinho e tínhamos uma boa amizade. Como ele também gostava de astronomia, ficou entusiasmado com a “invenção” e me chamou para montarmos um observatório. Tive que recusar a proposta, pois sabia que o investimento era muito alto e eu não dispunha de recursos.
Empenhado em concretizar este sonho, César começou a fazer visitas a pessoas potencialmente capazes de apoiar a iniciativa. Numa dessas visitas, em que se fez acompanhar por José Olímpio, Cesar levou o telescópio e conseguiram sensibilizar Beto Oliveira, que doou um terreno. Depois apareceu mais outro e, por fim, a imobiliária de Milton Falcão (Bubu), que cedeu um grande terreno no Jardim Cruzeiro. Foi escolhido este último, porque se situava mais próximo do centro da cidade, como Cesar queria, e era o maior dentre os colocados à nossa disposição. É neste local que hoje se encontra o Observatório Antares. 
Foi então que Beto Oliveira, José Olímpio e Cezar foram até a casa do Deputado Áureo Filho, apresentar-lhe o projeto elaborado pelo arquiteto Everaldo Cerqueira. Ouviram, então, do deputado: “Feira de Santana não merece isso.” Eles ficaram espantados com a frase, e Áureo completou, dizendo: “Feira merece algo maior e temos que trazer o melhor para nossa cidade.” Convidou-os, então, para ir até o governador Antônio Carlos Magalhães, que entusiasmado com o projeto, mandou providenciar o que fosse necessário para erguer o observatório.
Em 25 de setembro de 1971, o Observatório Antares foi fundado por Augusto César Pereira Orrico.
O empenho de ver erguido o prédio em que funcionaria o observatório levou José Olímpio, em meados de 1972, a começar a construção dos alicerces. A construtora Teto deu continuidade, fixando, primeiramente, isolada de toda a estrutura do prédio, com uma profundidade de aproximadamente 10 metros, a coluna onde foi colocado o telescópio e depois o resto da estrutura até a conclusão.
E vimos levantar-se o prédio. Após a construção da coluna, para a colocação do telescópio, edificou-se a estrutura central para montar a cúpula e depois foi construída a frente, onde foram instalados o auditório, a biblioteca e a recepção. Em março de 1974, foi adquirido o primeiro telescópio refrator de 152/2.286 mm (2,28 m) de comprimento, de fabricação americana, depois de pouco tempo foi colocado a cúpula de 5 m de diâmetro. Em pouco tempo foram feitas as primeiras fotos no Observatório, o eclipse da Lua, com duas incidências: uma da sequência do eclipse, em 5 exposições numa só foto, que foi feita na minha máquina fotográfica, que ainda usava filme 120 — para conseguir esta foto, posicionei-me na parte externa da cúpula, com a máquina presa a um tripé; as outras fotos foram feitas no telescópio, pelo fotógrafo Magalhães, e com a presença de Cesar e do jornalista Eguiberto Costa, que acompanharam a passagem do eclipse. Após a montagem da máquina fotográfica no telescópio refrator de 2.28 m para obter as fotos, um problema surgiu: não conseguiam foco. Diante dessa situação fui averiguar a razão da ocorrência e descobri que havia um alongamento na ocular do telescópio que fazia a diferença de foco entre os olhos e a máquina fotográfica; estava recuado e precisei apenas puxar para que o foco normalizasse. Resolvi o problema e o telescópio produziu as fotos que foram divulgadas no jornal. Esse primeiro evento fotográfico do Observatório foi divulgado em entrevista concedida por Cesar a um jornal, entretanto foi decepcionante, pois a matéria não deu o merecido crédito à equipe que estava presente, cujo esforço resultou no sucesso do acontecimento. Resolvi, então, afastar-me do observatório e só aparecia como visitante.
Cesar e Magalhães
Eis o telescópio que deu
origem ao Observatório Antares:
Em outra ocasião, desejando tirar uma foto de Saturno, não obtive de Cesar a devida autorização. Dias depois, graças ao apoio de um dos funcionários, que também tinha interesse de ver esta imagem, adaptei minha máquina, para encaixá-la no telescópio, coloquei-a na ocular, fiz o balanceamento, para não forçar o sistema de engrenagem do telescópio, direcionei o telescópio ao planeta Saturno e fiz a foto, que pode ser visualizada a seguir.


Zé Olímpio, Cesar e seus
 amigos no terreno do
Observatório antes de ser construído.
Na década de 1970, o Observatório lançou algumas publicações, dentre as quais se destacam: em dezembro de 1973, o livreto sobre a passagem do cometa Kohoutek; em janeiro de 1975 o mapa do céu da Bahia, trazido do Observatório Nacional do Rio de Janeiro, pelo astrônomo Rogério Mourão; e em 1979 o anuário do Observatório, com orientação do astrônomo Rogério Mourão.

Este foi o momento quando César,
 Zé Olímpio e Dep. Áureo Filho
 entregaram uma foto da lua
 ao Gov. Antônio Carlos Magalhães,
 e apresentaram o projeto de Raimundo
 Torres, para a construção do Observatório,
 que foi o momento que o Gov. disse:
 “Vamos construir o Observatório”.
 Estavam presentes:
 Dep. Vieira Lima, Gov. ACM,
 Dep. Áureo Filho, Dep. Augusto Matias,
 Zé Olímpio e Cezar Orrico
Bacelar e Olival
O Observatório foi doado inicialmente à prefeitura de Feira, mas como não havia recursos para manter e dar continuidade aos trabalhos científicos, a partir de novembro de 1994 foi incorporado à Universidade Estadual de Feira de Santana. Sua localização dentro da cidade de Feira de Santana, entretanto, não é adequada para a pesquisa observacional. Os observatórios astronômicos devem ser sediados longe da poluição atmosférica das grandes cidades, num sítio de grande transparência atmosférica, sem luminosidade e de clima seco, em grandes altitudes, sem vibração terrestre, longe da passagem de veículos. Assim são os grandes observatórios existentes no mundo.




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