Oscar Damião Arquivo de Adilson Simas |
Oscar Damião de Almeida 2ª Vice-presidente do IHGFS
Membro da ALAFS
Nota do Blog Santanópolis: Como este artigo é longo dividimos em etapas
Duas casas disputaram a posse de terras no interior da Bahia, indo
em busca do sertão. Uma delas, destacou-se no conhecimento ou memória popular,
a Casa da Torre. Tinha como representante Garcia DÁvila, vindo para a Bahia com
o 1º Governador do Estado, Tomé de Souza a quem serviu como
almoxarife e controlador de tudo que vinha da Europa para edificar a cidade de
Salvador.
Tomé de Souza 1º Governador |
Deixou o cargo um ano depois e recebeu do Governador e amigo,
algumas cabeças de gado e terras. Construiu o imponente castelo, conhecido como
Casa da Torre, bem próximo à " Praia do Forte". Foi de lá que chegou
o aviso às Fortificações do Rio Vermelho e Amaralina para se prevenirem contra
invasores holandeses. Esteve em ruínas. Atualmente está sendo recuperado este
prédio medieval. O senhorio de Dias DÁvila começou pela sesmaria de Itapoan,
prolongando-se, avidamente, através dos seus descendentes e herdeiros,
Francisco Dias DÁvila, e Garcia Dias DÁvila
Casa da Torre |
Ferreira, juntamente com outras
pessoas pelo sertão a dentro até as terras do Ceará e Piauí, colocando
vaqueiros nas suas fazendas, distantes uma da outra, de 08 a 12 léguas.
A Casa da Ponte à qual aludi, inicialmente, pertenceu, conforme
nos relata Pedro Tomás Pedreira, membro do Instituto Geográfico e Histórico da
Bahia, a Antônio Guedes de Brito, filho de Antônio de Brito Correia e Maria
Guedes, descendentes do lusitano, assaz conhecido de todos, Diogo Álvares
Correia, o caramuru, também foi um dos conhecidos detentores de terra, rival de
Dias DÁvila e de seus descendentes. Ambos conseguiram açambarcar muitas terras,
à guisa de Sesmarias. Estiveram próximos de um desentendimento. Para evitar uma
luta pela posse das terras, acordaram entre si que Antônio Guedes de Brito,
amigo do 2º Governador e de seu filho, ficasse com as terras
sertanejas até a nascente do Rio das Velhas e as terras da Jacobina, a começar
no Morro do Chapéu. Inclusa neste desmesurado domínio figurava a "sesmaria
dos Tocós", doada a D. Maria Guedes, sua mãe, às suas tias e tio: Ana
Guedes, Sebastiana de Brito e Pe. Manuel Guedes Lobo, por D. Diogo de Menezes,
Governador geral, em 14/12/1612
Antônio
Guedes de Brito, mais tarde incorporou às suas, as terras de sua mãe e tio, por
morte deles em 1652. Pasmem vocês e se admirem todos, porque o lusitano Guedes
ainda recebeu por doação, em carta de 1655, 12 léguas de terra em quadra"
e mais outra área de terra entre o Rio Jacuípe e ltapicuru e por eles acima,
como compensação por ser a "Sesmaria dos Tocós", segundo os donatários
"muito falta de águas e haver muitas matas e caatingas infrutíferas",
consoante documento histórico de Pedro Tomás Pedreira.
Que maravilhoso foi para as "duas casas"
receber tantas terras de mãos beijadas! Estes são os verdadeiros e exemplares
latifundiários do Estado da Bahia, no início da colonização. Imagine você o que
aconteceu neste Brasil Continental!
Para chegarmos à Feira de Santana, veja o que
aconteceu. Parte dos Tocós foi vendida a João Lobo Mesquita, entre 1653 e 55,
que, sem muita delonga de anos, vendeu "os campos de Itapororocas, Jacuípe
e Água Fria" a João Peixoto Viegas.
Consta, pela história, que este senhor edificou
"Casa Forte de Sobrado, em cal e pedra e uma Igreja nos Tocós". Esta
teria sido destruída, em parte, pelos índios e reedificada, logo após, pelo
proprietário João Peixoto Viegas, rico detentor de inúmeras terras e gado,
fazendo questão de ser tido e reconhecido como legítimo bandeirante e corajoso
desbravador de muitas terras, explorando-as, dos rios Jacuípe e Pojuca, para,
mata a dentro, aquistar mais terras, embora tivesse que dizimar silvícolas
semi-indefesos para incorporar, ao seu já imensurável patrimônio, as regiões
usurpadas.
Sabemos com segurança, consoante nos descreve o autor
do livro, " No Sertão do Conselheiro", José Aras e também nas
histórias do Brasil, que unia multidão de aborígenes foi sacrificada, nesta
caminhada longínqua, pelo Sertão adentro.
Replicando: Revista do
Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana Ano I nº 1 2004
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