Evandro J.S. Oliveira |
Quando a vitória
antecipada, provoca a derrocada...
Temos muitos exemplos na
história, em qualquer competição, desde as mais naturais sem muitas
consequências, até as que mudam o mundo.
Comecemos pelas menos
danosas; na linguagem futebolística, “entrou de salto alto” – o time entrou em
campo certo da vitória – no caso temos dois exemplos marcantes: primeiro a
equipe brasileira na final da Copa do Mundo de 1950. O adversário o Uruguai
vinha de uma classificação sofrida. O Uruguai só jogou 3. Tinha ganho 2 empatado 1, Brasil tinha
jogado 5 vencido 4 empatado 1. Poderia empatar e era campeão e ainda fez o
primeiro gol, tomou a virada e o Uruguai foi campeão.
A segunda, ainda futebolística, foi em 1954. A Hungria tinha goleado em
todos os jogos, inclusive contra a Alemanha por 8x3, na fase classificatória, a
Alemanha já estava classificada. Na final a Hungria certa da vitória, dizem que
Puskas o melhor jogador do time e capitão estava febril, mas queria levantar a
taça de campeão. Alemanha ganhou de 3x2.
Agora a gravíssima que mudou o mundo. Alemanha começou a 2ª Guerra
Mundial, ganhou facilmente, tomando dois terços da Europa e 1942 certo da
vitória, não fez esforços totais. Enquanto Inglaterra, Rússia e até os Estados
Unidos desde eclosão da guerra estavam em estado total de guerra, mulheres e
senhores nas fabricas, liberando os homens, convocação de todos, readaptando
industrias...A Rússia por exemplo já em 1943 tinha duas vezes mais tanques do
que Alemanha, não vou mais me alongar, o resultado todos conhecem, felizmente.
Este introito um pouco longo foi para mostrar minha visão da disputa
eleitoral de Feira de Santana de 1972.
José Falcão |
Newton Falcão |
Wilson Falcão |
Alberto Oliveira, Beto, sempre articulista eleitoral teve uma ideia, foi a Antônio Carlos
Magalhães, mostrou perigo acima descrito e a grande possibilidade de o MDB ser
vitorioso, ACM grande conhecedor da política do seu Estado, ouviu o plano de
Beto.
Beto, seria candidato da ARENA, junto com João Durval. Naquele tempo um
partido podia ter dois candidatos, garantia a adesão dos Falcões, evitando que
eles votassem em Zé Falcão. Mas para ser selado o acordo, tinha outras
questões: liberava recurso para a Prefeitura de Feira, como sabia que ACM nunca
daria dinheiro com o prefeito sendo Newton, este renunciaria e assumiria o
Presidente da Câmara, Paulo Cordeiro, aliado de Beto e antecipadamente acordado
ao plano. Já tinha garantido o apoio do Governo Municipal.
Todos tinham seus objetivos, Wilson, águia político visualizou que não
perderia nada, resolvia os problemas da Prefeitura, não dava vitória fácil a
ACM, e poderia ter a chance de Beto ganhar, resolveu, jogar seu jogo. ACM
topou, achou o plano excelente.
Jutahy Magalhães |
A campanha de Beto já tinha bolado a Zebra como símbolo, jargão da vitória
do improvável, nas apostas esportivas.
Ai a pré-campanha ficou vitaminada, Hugo Silva, da “Folha da Norte” era
o chefe da jornada, promessas de apoio pintavam aos montes, aí veio a convenção para indicação dos candidatos da ARENA. Resultado Beto ganhou a indicação para
candidato a prefeito pela ARENA 1, e João Durval ficando em 2º lugar seria o
candidato da ARENA 2, aí foi um Deus nos
acuda, um bafafá dos diabos. Na mesma noite saíram dois carros com o
grupo durvalista rumo a Salvador capitaneado por Cícero Carvalho, conversar com
Antônio Carlos Magalhães.
Argumentaram, que havia grande possibilidade de Beto ganhar a eleição,
extrapolaram o apoio dos Falcões, de Jutahy, de Lomanto e outros inventados. A
mídia jornalista estava com Beto, com muito dinheiro, na visão seria uma
derrota maior do que a eleição do MDB. Enfim convenceram a ACM, cortar o
acordo, apoio a Prefeitura, já na mão de Paulo Cordeiro. ACM botou as garras
poderosas de fora, com todo tipo de pressão.
Aí apareceu lá em casa Wilson, Lomanto, Jutahy e mais outros políticos
de fora, com um Plano B.
Falaram, se Beto os topasse manteriam
todo o acertado, dinheiro, cobertura jornalística etc. Mas seria uma
campanha mais contra ACM/João Durval do que contra José Falcão. para desancar
ACM.
Entra meu pai, partidário e amigo de ACM, vendo que queriam um palanque para
atingir unicamente o Governador, ainda mais que Beto não teria chance, pois seria uma traição ao plano por ele
proposto inicialmente.
Beto além de perder o apoio cumpriu o acordo primário com poucos apoios
residuais. RESULTADO JOSÉ DA COSTA FALCÃO, eleito com os votos da família
Falcão sem se envolver em campanha nem pedir votos...
Na reunião da indicação, Beto obteve uma vitória de PIRRO.
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