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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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sexta-feira, 7 de agosto de 2020

A ZEBRA, VITÓRIA DE PIRRO

Evandro J.S. Oliveira
Quando a vitória antecipada, provoca a derrocada...

Temos muitos exemplos na história, em qualquer competição, desde as mais naturais sem muitas consequências, até as que mudam o mundo.
Comecemos pelas menos danosas; na linguagem futebolística, “entrou de salto alto” – o time entrou em campo certo da vitória – no caso temos dois exemplos marcantes: primeiro a equipe brasileira na final da Copa do Mundo de 1950. O adversário o Uruguai vinha de uma classificação sofrida. O Uruguai só jogou 3. Tinha ganho 2 empatado 1, Brasil tinha jogado 5 vencido 4 empatado 1. Poderia empatar e era campeão e ainda fez o primeiro gol, tomou a virada e o Uruguai foi campeão.

A segunda, ainda futebolística, foi em 1954. A Hungria tinha goleado em todos os jogos, inclusive contra a Alemanha por 8x3, na fase classificatória, a Alemanha já estava classificada. Na final a Hungria certa da vitória, dizem que Puskas o melhor jogador do time e capitão estava febril, mas queria levantar a taça de campeão. Alemanha ganhou de 3x2.

Agora a gravíssima que mudou o mundo. Alemanha começou a 2ª Guerra Mundial, ganhou facilmente, tomando dois terços da Europa e 1942 certo da vitória, não fez esforços totais. Enquanto Inglaterra, Rússia e até os Estados Unidos desde eclosão da guerra estavam em estado total de guerra, mulheres e senhores nas fabricas, liberando os homens, convocação de todos, readaptando industrias...A Rússia por exemplo já em 1943 tinha duas vezes mais tanques do que Alemanha, não vou mais me alongar, o resultado todos conhecem, felizmente.

Este introito um pouco longo foi para mostrar minha visão da disputa eleitoral de Feira de Santana de 1972.
José Falcão
Newton Falcão
Wilson Falcão
O quadro político na época era entre dois partidos, MDB e ARENA. No MDB o candidato era José Falcão, que já tinha mostrado sua força dois anos antes na eleição contra Newton da Costa Falcão, ganhando na sede do município. Do lado da ARENA o partido estava dividido, por causa da briga entre ACM e a família Falcão de grande prestígio político, inclusive no comando da Prefeitura, Newton Falcão e o deputado Federal Wilson Falcão, tendo ainda um dos dois maiores jornais baianos “Jornal da Bahia”, proprietário João da Costa Falcão. As eleições da Feira se decidiam por menos de 10%, e havia muitas possibilidades da família Falcão, votar no adversário da ARENA.
Alberto Oliveira, Beto, sempre articulista eleitoral teve uma ideia, foi a Antônio Carlos Magalhães, mostrou perigo acima descrito e a grande possibilidade de o MDB ser vitorioso, ACM grande conhecedor da política do seu Estado, ouviu o plano de Beto.

Beto, seria candidato da ARENA, junto com João Durval. Naquele tempo um partido podia ter dois candidatos, garantia a adesão dos Falcões, evitando que eles votassem em Zé Falcão. Mas para ser selado o acordo, tinha outras questões: liberava recurso para a Prefeitura de Feira, como sabia que ACM nunca daria dinheiro com o prefeito sendo Newton, este renunciaria e assumiria o Presidente da Câmara, Paulo Cordeiro, aliado de Beto e antecipadamente acordado ao plano. Já tinha garantido o apoio do Governo Municipal.

Todos tinham seus objetivos, Wilson, águia político visualizou que não perderia nada, resolvia os problemas da Prefeitura, não dava vitória fácil a ACM, e poderia ter a chance de Beto ganhar, resolveu, jogar seu jogo. ACM topou, achou o plano excelente.

Jutahy Magalhães
Beto não tinha dinheiro, seria uma campanha pobre, logicamente perdida. Aí entra Wilson. Chama Beto dizendo que poderia vitaminar a campanha, conseguindo promessa de apoio financeiro, jornalístico e estrutura, com Jutahy Magalhães, Lomanto Junior e acho que Joacy Góes, todos interessados de dar um tombo em ACM.

A campanha de Beto já tinha bolado a Zebra como símbolo, jargão da vitória do improvável, nas apostas esportivas.

Ai a pré-campanha ficou vitaminada, Hugo Silva, da “Folha da Norte” era o chefe da jornada, promessas de apoio pintavam aos montes, aí veio a convenção para indicação dos candidatos da ARENA. Resultado Beto ganhou a indicação para candidato a prefeito pela ARENA 1, e João Durval ficando em 2º lugar seria o candidato da ARENA 2, aí foi um Deus nos acuda, um bafafá dos diabos. Na mesma noite saíram dois carros com o grupo durvalista rumo a Salvador capitaneado por Cícero Carvalho, conversar com Antônio Carlos Magalhães.
Argumentaram, que havia grande possibilidade de Beto ganhar a eleição, extrapolaram o apoio dos Falcões, de Jutahy, de Lomanto e outros inventados. A mídia jornalista estava com Beto, com muito dinheiro, na visão seria uma derrota maior do que a eleição do MDB. Enfim convenceram a ACM, cortar o acordo, apoio a Prefeitura, já na mão de Paulo Cordeiro. ACM botou as garras poderosas de fora, com todo tipo de pressão.
Aí apareceu lá em casa Wilson, Lomanto, Jutahy e mais outros políticos de fora, com um Plano B.
Falaram, se Beto os topasse manteriam  todo o acertado, dinheiro, cobertura jornalística etc. Mas seria uma campanha mais contra ACM/João Durval do que contra José Falcão. para desancar ACM.
Entra meu pai, partidário e amigo de ACM, vendo que queriam um palanque para atingir unicamente o Governador, ainda mais que Beto não teria chance, pois seria uma traição ao plano por ele proposto inicialmente.

Beto além de perder o apoio cumpriu o acordo primário com poucos apoios residuais. RESULTADO JOSÉ DA COSTA FALCÃO, eleito com os votos da família Falcão sem se envolver em campanha nem pedir votos...

Na reunião da indicação, Beto obteve uma vitória de PIRRO.

 Campanha da zebra: Da esquerda para direita, Mário Sérgio Pinto Ferreira (China), santanopolitano, candidato a vereador; José Olímpio Mascarenhas, santanopolitano, partidário; Pai de Santo do "Terreiro..., Hugo Navarro da Silva, santanopolitano, chefe da campanha; ?; Carlos Erudilho, santanopolitano, candidato a vereador. De cócoras Alberto Oliveira (Beto), santanopolitanos candidato a prefeito.

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