Símbolos do Santanópolis

FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

quarta-feira, 31 de julho de 2019

O QUE RESTA DE "SANTANA DOS OLHOS D'ÁGUA"?

Jose Carlos Barreto
de Santana
Santanopolitano
JOSÉ CARLOS BARRETO DE SANTANA possui graduação em Geologia pela Universidade Federal da Bahia e doutorado em História Social História das Ciências) pela Universidade de São Paulo (1998). Professor titular da Universidade Estadual de  Feira de Santana, foi seu reitor.

Tabira é apenas um retrato na parede
Mas como dói!
(Carlos Drummond de Andrade)


A dor do poeta talvez seja um ponto de partida para um feirense que resolva, ainda que breve e superficialmente, relembrar aqueles recursos naturais que foram tão importantes para o surgimento e desenvolvimento do município: as nascentes e lagoas da nossa cidade.
Menos ainda que retratos na parede, as nascentes e lagoas vão se tornando meras citações históricas, enquanto desaparecem da nossa paisagem. Um dia, no entanto, foram tão significativas que se constituíram nos fatores preponderantes no assentamento do povoado que originou a cidade de Feira de Santana, muito em função da presença da água superficial e subterrânea próximo à superfície.
Não por outros motivos estiveram presentes na primeira nominação do que viria a ser a nossa idade. Em função das nascentes, surgências d'água comuns na nossa região, o povoado que nos originou) foi chamado de “Santana dos Olhos d'Água”.
Cerca de 96% da área do município de Feira de Santana encontra-se localizado no “Polígono as Secas” e sem sombra de dúvidas foi determinante para a sua existência a presença de nascentes e lagoas em números relativamente significativos nas suas zonas de superfície topográfica rebaixada pela erosão.
Na década de 1960 foram contadas sessenta lagoas, distribuídas sobre rochas muito antigas (pré-cambrianas) ou sedimentos mais recentes da formação Barreiras (terciário).  Algumas das lagoas contribuem com suas águas para o lençol de água subterrânea, tornando-se, portanto, secas nos períodos de estiagem; outras mantêm um “espelho d’água” visível durante o ano, em decorrência do substrato impermeável sobre o qual estão instaladas. Dentre as lagoas encontravam-se as lagoas Grande, Mendes, Mangabeira, do Prato Raso, Subaé, do Peixe, Camisa, Pirrixi, Berreca, Seca, Ovo da Ema, etc. Principalmente no núcleo urbano, a captação, a poluição, o assoreamento e o aterro intencionalmente provocado foram mais intensos, devido às concentrações de edificações, lixo e dejetos domésticos e industriais e ameaçam fortemente suas existências.
Lagoa Grande - no centro da cidade
O verdadeiro complexo de lagoas do bairro da Queimadinha, normalmente chamadas de Prato Raso, segue inexoravelmente o caminho da extinção através do aterro ininterrupto que sofre para construções de casas e edifícios comerciais, mesmo destino da Lagoa do Subaé, mesmo com todo o apelo que o nome do corpo de água da nascente do rio de mesmo nome pudesse ter. A Lagoa Grande de São José virou depósito de lixo e entulho.
Apenas a Lagoa Grande (a da sede da cidade), que foi uma das principais fontes de abastecimento público de Feira de Santana, parece escapar à sanha destruidora que ataca as nossas lagoas, uma vez que nelas se executam, lentamente, obras que podem ressignifícar a sua existência.
Os “olhos d’água” encontram-se em condições ainda piores que as lagoas. As nascentes drenam as suas águas para as lagoas e riachos, que se incorporam aos rios, compondo as bacias hidrográficas dos rios Pojuca, Jacuípe e Subaé. Inicialmente as nascentes serviam como fontes de água para o abastecimento doméstico e como bebedouros para as boiadas que transitavam na nossa região. Posteriormente, com o crescimento urbano, passaram a funcionar como referência para o assentamento e ampliação da cidade.
Algumas dessas fontes receberam a implantação de uma infraestrutura mínima, como a construção de tanques de retenção e lavanderias de cimento, permitindo um melhor aproveitamento da água, na irrigação de hortas, abastecimento doméstico e atividades de lavadeiras, o que beneficiava as comunidades aos arredores da nascente, a exemplo da “Fonte do Mato” e “Tanque da Nação”.
Com o rápido crescimento populacional, sem um planejamento urbano adequado, que atendesse às exigências dele decorrente, algumas nascentes foram aterradas ou canalizadas, pelos interesses imobiliários ou pela ignorância de pessoas que não quiseram ou não querem reconhecer a importância delas enquanto recurso natural. Dentre as que foram canalizadas está a “Fonte do Valado”, canalizada por baixo do condomínio Parque das Acácias, localizado no bairro Tanque da Nação. Os moradores deste condomínio ainda escutam o som das águas a correr sob um dos seus “playgrounds”. Outra fonte canalizada foi “do Muchila”, utilizada até a década de 80, quando, por pressão de moradores da Rua Macário Cerqueira, desapareceu sob a pavimentação através de uma tubulação de poucas polegadas.
Outras nascentes com as suas benfeitorias foram abandonadas sob a alegação de que o progresso trouxe “água encanada” para todos. Aquelas cujo “milagre do desenvolvimento” não destruiu completamente continuam sendo parcialmente utilizadas pelas populações carentes dos bairros onde se localizam a exemplo das fontes “de Lili” e “do Buraco Doce”, no bairro da Queimadinha, e “dos Milagres”, no bairro da Gabriela.
A “Fonte do Mato”, talvez a mais emblemática de todas, por ser a principal do bairro dos “Olhos d'Agua”, considerado o mais antigo de Feira de Santana, jaz esquecida no que sobrou de quintal da casa onde ainda moram os descendentes de “Noratinho da Pamonha”.
Estes são importantes elementos para que se perceba o tamanho do descaso para com esse bem natural tão importante que é a água. Provavelmente, a maioria da população de Feira de Santana desconhece que a relação dos seus moradores com esse bem natural foi muito mais direta que atualmente. Em 23 de novembro de 1834, divulgou-se a determinação de atribuir “multa de 15$000 a quem abrir poço e fizer tanque ou qualquer obra em prejuízo das águas públicas desta Vlla”. Em sessão realizada no dia 3 de fevereiro de 1872, “a Câmara dispende de 11 contos e 600 mil reis na limpeza da “Fonte do Valado” aqui já mencionada.
Aos poucos, e sem maiores consequências para os que dilapidam os nossos históricos recursos naturais, as lagoas e olhos d’água vão desaparecendo da cena feirense e em breve não restará sequer um quadro na parede para doer em nossa alma.

Transcrito da revista "História e Estórias dos Séculos XIX e XX (Escritas a cinquenta mãos).

Edição Especial do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana - 2015 pag. 116,117 e 118

terça-feira, 30 de julho de 2019

ANAS FAZEM ANIVERSÁRIO

Bastos
Duas Anas santanopolitanas, do signo de Leão, sob proteção de Ogum, são as aniversariantes de hoje, Ana Celeste Bastos e Ana Maria Sampaio de Mirranda. Parabéns, muita paz com saúde.

Miranda

REGISTRO DE IRACI FIUZA DA CONCEIÇÃO

Iraci foi professora do Santanópolis em 1981

segunda-feira, 29 de julho de 2019

ANIVERSÁRIOS DE BERTININHO, LUIZ E NEUZA

Bertininho
 Vida longa para os três aniversariantes de hoje, nosso desejo aos santanopolitanos, do signo de Leão, sob proteção de Ogum, Bertino Simões Portugal Neto, Luiz Augusto Oliveira e Maria Neuza Souza Menezes. Parabéns.


Luiz

domingo, 28 de julho de 2019

ANIVERSÁRIO DE MANOEL


Comemora mais um ano de vida o santanopolitana, do signo de Leão, sob proteção de Ogum, Manoel Pereira Filho. Nosso desejo é a repetição deste evento por muitos anos com saúde.

QUERELAS LITERÁRIAS DE ANTIGAMENTE II.



“A Flor”, estreia hoje em o seio captivantente de suas bem confeccioadas columnas, mais um iníeliigente collaborador, José Ri­beiro Falcão, moço cultor da arte íiteraria.
José Falcão, é sem sobejos de formulada lisonja, um sonhador ardente c futuroso das letras nacionaes.
Curioso como elle o é, seria um valente treinador da literatura, se lhe não prendessem os amores do seu berço-lugar pouco entra­do na arte que immortalísa os sublimes espcríptotes.
Nato de Âffonso Fenna, uma pequenina e agradavel cidade, que seria linda e primorosa como primorosa e linda é a Feira, se algu­mas das suas poucas mil almas não marchassem de flanco ao aperfeiçoamento das bellezas que a fidalga-Natura lhe proporcionou, alli, naquella pagina em vagarosa alaboração, naquelle pedaço desta opulenta Bahia, estão occultas entre a poeira inexgottavel do tempo, as illusões e desillusões das suas vinte e algu­mas primaveras.
Deísde criança, vinha demonstrando gosto e predileção pelas letras, e hoje já se tornou o admirador convicto do estylo de ouro de Al­meida Garrett, da arte admiravel de Latino Coelho e da maviosidade offuscante de Coelho Netto.
-Valiosos fructos do seu esforço proprio.
Felismente, a mocidade feirense ja está evo­lucionando, propugnando pela resurreição da Feira intellectual, porque ella não é hoje a gigante de então na instrução; e se florir sempre o enthusiasmo de agora não tardará o seu diadema de princeza, quando concluído o tra­balho da longa lapidação nos diamantes que ornám o seu rico seio.
Já gosamos, todas as noites, algumas horas do harmonioso concerto da instrucção. víbrado pela mocidade desta terra, lá no “Rio Branco”, cada dia mais forte, mais coheso, ma Is valoro­so:-São os ruídos das pedras de variados va­lores, nos exames prolongados dos lapidarios.
E é a este núcleo de futuros literatos, que eu apresento, humildemente, o “Idyllios do pôr do sol”t como a conclusão de um esforço indomá­vel de um rapaz que domina os impossíveis, para galgar a sua aspiração.
Abraçae, pois, os livros, e trilhae o seu ca­minho juncado de cardos, que adiante encon­trareis múltiplas recompensas de pétalas. Avante, mocidade feirense!
Soerguei o nome da vossa Feira.

Werdaval Pitanga
José R. Falcão
Intelligente autor
do phantasia
"Idyllios do por do sol"
collaboração que honra
hoje as columnas da
A FLOR

IDYLLIOS DO POR DO SOL
Para D. Glorinha Campos
Hora nostálgica, O sol vencido atufava-se nas bandas do poente, e da cabelleira purpu­ra das nuvens “desdobrava-se o vasto incên­dio do crepúsculo.”
Escoado pela baça claridade do esmorecer do dia, o ceu de um asul puríssimo amortalha­va-se dos mais vividos matizes e, aqui e alh, farrapos de nuvens alvadias enroscavam-se como um véo de gase, opalino, tecido no fun­do esbatido da cupuía siderea.
Ao longe, bois morosos pastavam mansa­mente, da superfície arenosa e adusta á esteira esmeraldina da relva que se espreguiçava pela? extensas planícies do diserto ...
Ainda mais longe, á esquerda das alterosas cordilheiras, em cujos flancos as ardentias do astro solar reverberavam os seus últimos c mor­tiços clarões, pulverisando-os do ouro fosco dos seus raios, a passarada, em bando, passava saudando o cahir da noite.
Mais além, nas proximidades dos penhascos “desigualmente alcantilados,” em cujas fraldas morria docemente o verde ondulado dos cam­pos, ouvia se, de quando em quando, o “gorgear da musica dos ninhos” cujas dúbias harmonias fundiam-se em as notas sonorisantes de uma flauta, que entoava nenias de saudades, como uma sentida prece! ...
Abaixo, sobre os barrancos de areia que emparedava as sinuosidades de um rio que, em murmuro ruido, serpeava pelas campinas em flor, destacava-se o typo juvenil de u’a moça, qual outra nympha ao pé da fonte de Castalia, meditando, a sòs, talvez, em recondito pensamento.
De repente as subtas transformações da Natu­reza se desfaziam em trevas, e nem mais o leve soprar da ventania, que se entrançava pelos jardins no remexer das flôres, fazia evolar aos ceus o perfume das sua assetinadas e veludineas petalas; havia, no enteanto, um silencio sepucral, e a monotonia dos campos era, apenas, quebrada pelo badallar da Ave-Maria, que repercutia no infinito dos valles, na imensidade das serras, ao longo das quebradas, langoroso, funerio e compassivo...
Em gradações sinistras, passava o cortejo sonambulico do crepusculo, e a transfiguração do dia afigurava-se a uma criança semi-durmindo, atravez de cujos olhos divisava-se a casta transparencia das noites enluaradas.
E, sobre o silencio dessa hora vesperal, a fraga de um rochêdo, à beira-mar, alguem cuja magoa parecia pungir-lhe o coração, com os olhos fixosna amplidão do espaço, conservava a attitude de quem interrogar pareci, ao pombo gemebundo, os segredos das suas magoas, "e eu que de tudo me esquivava, sentia dentro de mim rithimos da saudade".

JOSÉ RIBEIRO FALCÃO

Na QUERELA I, vimos o colunista Aluizio Rezende desancando seu confrade Guilardo Cohim. A seguir, veremos o mesmo Aluizio "metendo o pau" nestes dois colunistas acima.

Notas do Blog: 1) os erros por acaso encontrados, são do português da época ou da tipografia. Na sequencia da série, notaremos a briga de acusação de erros da língua.
2) este texto é um Facsimile do jornal "A FLÔR" edção nº19 de 30 de agosto de 1921. pag. 1, 2





sábado, 27 de julho de 2019

ANIVERSÁRIO DE ORLINS E SILVIA


Comemorando hoje data do nascimento os santanopolitanos, do signo de Leão, sob proteção de Ogum, Orlins  Santana de Oliveira e Silvia Mascarenhas. Nossos parabéns para dupla aniversariante.

ANTES E DEPOIS DE ANTÔNIO CARLOS CERQUEIRA

Antônio Carlos - 1968
 Antônio Carlos Cerqueira, foto à esquerda no Colégio Santópolis em 1968. Atualmente no Shopping Boulevard, foto à direita.
Antônio Carlos - 2019

sexta-feira, 26 de julho de 2019

ANIVERSÁRIO DE DAPHNIS, ESTER E IARA

Daphnis
Ester
 Três santanopolitanos, do signo de Leão, sob proteção de Ogum, Daphnis Oliveira, Ester Carvalho Miranda e Iara Margarida Ribeiro Santana. Ao trio nossos parabéns por mais uma etapa vencida nesta estrada que esperamos ser longa, estando com saúde e paz.
Iara

quinta-feira, 25 de julho de 2019

ANIVERSÁRIO DE CHICO


Comemoram mais um ano de vida os santanopolitano, do signo de Leão, sob proteção de Ogum, Francisco Antonio S. Catapano.ParabNosso desejo é a repetição deste evento por muitos anos com saúde.

NORMALISTAS NA DÉCADA DE QUARENTA

Célia Lima Ferreira
Professora. Poeta
A vida, depois que ultrapassamos os 80 anos, é repleta de recordações; destas, revivemos sempre as partes boas, que estão guardadas no velho baú da saudade.
Hoje, como diz Boldrin, “vou voltar ao passado”. Vou trazer de lá os velhos tempos da minha juventude, vendo-me aos quinze anos de idade, envergando a briosa farda de Normalista, subindo aquela escadaria que nos levava à entrada da Escola Normal, onde hoje funciona o Centro Universitário de Cultura e Arte (CUCA). Parecia-me que estava subindo ao trono do mundo encantado das Normalistas.
A nossa farda era a mais bonita, a mais perfeita c mais conhecida em todo o Brasil: saia azul, blusa branca com mangas abaixo do cotovelo, meias brancas que iam acima do joelho (depois soquete e as mangas curtas). E sapato preto padronizado.
Reconheci a da ponta direita: Helena Assis
Para as aulas de Educação Física tínhamos uma farda com um calção especial, os galopins e um bastão de madeira. O destaque em galopins é que as gerações posteriores à década de 40 não conheceram esse tipo de calçado. Ele foi um sapato pobre que tem seus descendentes ricos. Foi o pai do atual tênis. Era de lona branca, com uma sola fininha de borracha e que se limpava com alvaiade.
A despeito de uma disciplina rígida, ainda fundamentada na filosofia do positivismo, o convívio era excelente com as colegas e dentro de uma disciplina amistosa com os Mestres. Tínhamos quinze Mestres para lecionar 18 matérias, além das duas censoras, Hermínia e Guiomar, e o porteiro Irineu.
É importante lembrar que não era só nas escolas primárias que cumpríamos o ritual do respeito aos Mestres. Na Escola Normal, logo que o sino soava anunciando o regresso às salas de aulas, todos os alunos entravam, sentavam-se e aguardavam a chegada do Mestre. Assim que ele aparecesse na entrada, todos ficavam em pé e em silêncio até que ele chegasse à sua mesa, cumprimentasse (bom dia, ou boa tarde) e mandasse sentar. Mesmo nas horas de folgas que estivéssemos sentadas em qualquer lugar e viesse um Mestre passando, todos se levantavam até que ele passasse. Nós não nos sentíamos inferiorizadas; ao contrário: sentíamo-nos orgulhosas das “boas maneiras” que aprendíamos e praticávamos dentro e fora da Escola.
Ah! Quanta saudade... e as aulas de Literatura com o Dr. Gastão Guimarães? Ninguém queria faltar. Era um show poético onde todos assistiam, assimilavam e jamais esqueciam.
Da também competente Professora Sidrônia Junqueira, lecionando História Universal, a cada parágrafo usava um “está”, talvez um “Transtorno Compulsivo ou Obsessivo” como dizem os Psiquiatras, mas não ficava satisfeita quando alguma aluna sorria... embora continuasse repetindo o “está”.
E a Prof.a Ursula, que ao fim da sua aula de álgebra, recomendava ironicamente: “se não entenderam... estudem no livro. ”
Dr. Lourival dava suas aulas teóricas de Agricultura na sala de aula e depois levava .idos para o Horto Agrícola, nos fundos da Rua ía Aurora (hoje Filinto Bastos), onde ministrava . sua aula prática.
Trago vívidas em minha memória todas elas, mas o espaço é muito pequeno para descrever as maravilhosas aulas dos Professores: Esmeralda Brito - Geografia; Regina Vital - Português; Padre Mário -Francês; Judite Pedra - Trabalhos Manuais; Terezinha Gusmão- Desenho e Pintura; Leonice - Música; Dr.
Hibelmon - Higiene e Puericultura; Dr. Péricles - Pedagogia e Didática; Violeta - Psicologia, Estatística e Administração Escolar; e Alda Marques - Ciências.

Tão lembrada a parte educacional, imaginem a parte social, o convívio entre todas, as brincadeiras nos “recreios”, os “mexericos” e os segredinhos com as colegas mais íntimas! Meu Deus! Quanta lembrança e bendita saudade daquela época, há mais de 64 anos passados e que me parece ter sido ontem... era jovem, feliz c tinha o coração transbordante de amor por um jovem que hoje é o bisavô dos meus bisnetos e que neste ano (2015) completaremos 65 anos de um feliz casamento, acontecido exatamente no dia da minha formatura. Saí da felicidade que sentia e que hoje é uma imensa saudade, para outra felicidade que se fez eterna.
Transcrito da revista "História e Estórias dos Séculos XIX e XX (Escritas a cinquenta mãos).


quarta-feira, 24 de julho de 2019

ANIVERSÁRIO DE EDMILSA


A santanopolitana, do signo de Leão, sob proteção de Ogum, Edmilsa Maria Aragão Guerra, completa mais uma etapa de vida, que esperamos seja longa com saúde.

terça-feira, 23 de julho de 2019

ANIVERSÁRIO DE ROSANGELA E VAL


Duas santanopolitanas, do signo de Leão, sob proteção de Ogum, Rosangela Queiroz da Silva e Valtenice Marques Silva (Val). Completam mais um ano de vida. Parabéns, muitas felicidades.

segunda-feira, 22 de julho de 2019

RODA VIVA- ARIANO SUASSUNA - 06/05/2002

PERFIL DE MARIDÉLIA JALLES COHIM MOREIRA

Maridélia Jalles
Cohim Moreira
Psiquiatra
Nasceu em Patu, Rio Grande do Norte, no dia 16 de junho de 1935. Filha de Janúcio Fernandes Jalles e Marçal Pereira Jalles.

Estudou as primeiras letras na Escola Particu­lar Madrinha Elisa Caipora, em Patu, no tempo que se aprendia o alfabeto soletrado e cantado. Estudou também em Campina Grande, na Escola Solano Lucena e no Ginásio Alfre­do Dantas.

Chegou a Feira de Santana no dia 23 de março de 1947, onde con­cluiu o 5º ano primário, na Escola Anexa, com a Prof.ª Helena Assis. Submeteu-se ao Exame de Admissão ao Ginásio no Colégio Santanópolis - 1947/1954, onde estudou o Científico, Contabilidade, concomitantemente e na Escola Nor­mal Rural fez o Pedagógico ao mesmo tempo (1954).

Fez vestibular para Medicina na Escola Bahiana de Medicina e Saú­de Pública em 1956, a contragosto do pai, que não admitia uma mulher fazer um curso que só competia a homem.

No 2º ano de Medicina começou a frequentar o Hospital Juliano Moreira, sendo lotada no pavilhão Krepelin, que era o pavilhão judiciário feminino, na época.

Em dezembro de 1961, formou-se em Medicina. Em 1962, casou-se com o Sr. Diógenes Pedreira Cohim Moreira, Major da Polícia Militar, com quem teve três filhos: Alexandre, Moema e Cinthia.

Em 1963, foi transferida para trabalhar na Colónia Lopes Rodrigues, em Feira de Santana. Na época, a unidade ainda não era hospital, denomi­nava-se Pavilhão Raimundo Rocha Filho, e recebia pacientes crônicos do Hospital Juliano Moreira. Mais tarde o Pavilhão Raimundo Rocha Filho deu origem ao Hospital Colônia Lopes Rodrigues, hoje denominado por Hospi­tal Especializado Lopes Rodrigues.

Em 1965, quando teve sua segunda filha, montou um consultório no Ed. Fróes da Mota, na Av. Sr. dos Passos. Desse primeiro consultório transferiu-se para o COMEDE, depois para a Av. Maria Quitéria, Rua Prof. Leonídio Rocha, Rua Comandante Almiro e finalmente hoje está instalado no Centro Médico Empresarial Augusto Freitas.

A Psiquiatria sempre foi o grande sonho da sua vida, pois tinha muita curiosidade em conhecer os segredos da alma e era instigada em saber, porque as pessoas perdiam o controle emocional.

Das suas experiências como psiquiatra, lembra-se que por muitas vezes, correu risco de vida, como por exemplo, quando um paciente es­quizofrênico, conhecido pelo apelido de "Americano", um homem alto e forte, lhe atirou um aparelho de eletrochoque. A época, mesmo no nono mês de gravidez, conseguiu dominar o agressor, jogando-o no chão para em seguida aplicar a medicação sedativa. Mesmo assim sente-se realizada por exercer esta profissão.

Exerceu o cargo de Diretora do Hospital Colônia Lopes Rodrigues e ao longo da gestão instalou o Núcleo Agrícola de Reabilitação, onde rece­bia os egressos do Hospital Juliano Moreira.

Aposentada em 1990, foi convidada pelo diretor do Hospital Colô­nia, Dr. João Carlos Lopes Cavalcante, para assumir o pavilhão feminino, CAK, no qual eram atendidos pacientes psiquiátricos portadores de doen­ças na fase aguda.

Recebeu o Título de Cidadã Feirense, outorgada pela Câmara Muni­cipal de Feira de Santana no dia 08 de novembro de 2007.

Fonte: Oliveira, Lélia Vitor Fernandes de “Anjos de cabeceiras”.
  










ANIVERSÁRIO DE MARIVONE


Comemoram mais um ano de vida a santanopolitana, do signo de Leão, sob proteção de Ogum. Marivone Cerqueira. Nosso desejo é a repetição deste evento por muitos anos com saúde.

domingo, 21 de julho de 2019

PASSAMENTO DE ORLANDO


 Depois de uma longa enfermidade
De idas e voltas à UTI do Emec
Orlando Cajazeira Silva
Partiu no entardecer deste sábado.
Balconista na antiga Cerqueira & Irmão
Formado em Contabilidade pelo Santanópolis
Foi durante muitos anos
Contador do antigo Banco Bahiano da Produção.
Eternamente calmo, voz macia,
Orlando deixa viúva Marly
Minha comadre e cunhada
Pois é irmã de Anita Leocádia.
Deixa desfalcada nossa família
Tamanho o carinho que dedicava a todos.
Deixa porém um legado
De honradez e dignidade.
Texto do santanopolitanos Adilson Simas, em seu Blog "Por Simas".


QUERELAS LITERÁRIAS DE ANTIGAMENTE I.


Lendo o jornal  “A FLÔR”, coletânea histórica deste hebdomadário  do ano de 1921, organizado pelos santanopolitanos Carlos A.A. Mello e Carlos A.O. Brito, patrocinado pela Fundação Senhor dos Passos – Núcleo de Preservação da Memória Feirense Rollie E. Poppino, me deparei com uma contenda de cinco colunistas no mesmo jornal.
Quando nós lemos história, a primeira questão é tentar se enquadrar à época em que o relato se deu. É interessante verificar o mais ou menos semanário, dado que o espaço destinado a esta briga tomou dezenas de páginas, para um transbordamento de egos com violência verbal de todos os participantes. Como a briga é longa, dividi em capítulos.
A PEDIDO
DE COMO GUIOLARDO FAZ ARTIGOS

Há já pouco ano que o jovem e talentoso académico de medicina-Guilardo Cohim, se vem apresentando como meteoro raro neste nosso restrito âmbito intelectual, aonde muitíssimo recopilada é a pleiade dos que cuidam da cultura literaria, logrando por esta circunstancia sairem ilesos de critica os seus artigos, julga o rapaz que está produzindo custosas joias de literatura.
Mais eu que tenho o defeito de obrar segundo as minhas ideas naturalmente opostas as dos meus religionarios, eu que costumo dizer mal de tudo quanto a mim não me parece bom, eu que penso ser a critica indispensável ao desenvolvimento da arte e da ciência, não posso de modo nenhum esquivar-me de proceder ligeira referencia acerca das suas excelentes produções, apezar de que me eu julgo também suscetível a critica.
Foi no salão nobre do grémio litero-dramatico Rio Branco, ora derrocado, que o jovem Guilardo Cohim proferiu estraordinaria conferencia literaria, versando em tése sobre a legendária Grecia de Solon, de Xenofonte, de Platão e de Temistocles, sugestionando o seleto auditorio com o vigor do seu verbo eloquente de orador predestinado.
Falou-se, falou-se então de Guilardo como se fala de um sabio portento. A gente do Rio Branco, mui pouco apercebida na matéria, vibrou de entusiasmo, aplaudiu calorosamente o novel e já tão esclarecido letrado, que discorreu com tão grande sabedoria e veracidade.
Mas eu parece-me que lia então o colosso historico de Cesar Cantu e o Helenismo de Oliveira Martins, não podia jamais concordar com as opiniões estravagantes de Guilardo. E se eu assim o não hovera feito, teria antes que renegar os historiadores mais ilustres. Hoje té me rependo depois que as não segui. Vejamos agora de como Guilardo falou das ciências, artes e tetras dos antigos helénicos, de sob as teorias insensatas de historiadores mediocres.
Disse o jovem academico na sua eletrisante conferencia, maculada de erros gramaticaes, foi Demostenes o mais celebre tribuno da era antiga. Diante desta sua justa e sabia clasificação de moço versado em altos conhecimentos de historia universal, fiquei desde logo percebendo a sua debilidade intelectual e minguada cultura cientifica e literaria, para dizer algo sobre a patria de Homero e de Aristoteles.
Sem duvida Guilardo é o primeiro historiador que não crê na existência do eminente autor das «Catilinarias,» e o critico profundo para quem o vulto ciclopico de Pericles, não passou de uma vaperosa sonbra de creança.
Honcken o grande historiador alemão, procedendo em erudição e criterio a Cesar Cantu e Victor Coussin, resalta a superioridade de Pericles sobre Demostenes. O adepto aplicado depois de um estudo minuncioso, procura então equipara-los e tirar a ilação de qual dos dois é o verdadeiro principe da arte oratoria. Diz o illustre latinista dr. Cesar Zama na sua obra intitulada “Os Trez Grandes Oradores da Antiguidade,” que, logo após o autor das primorosas «Cartas a Coerelia,» surge a figura respeitável de Pericles.
Demostenes foi íncontestavelmente um génio, e Pericles, sobre ser tarmbem um genio, era um artista original e insuperavel.
Nem mesmo sobre Demostenes que é o seu Deus e o seu homem, Guilardo Cohim não discerniu com exatidão e clareza.
Esqueceu-se Lisias o fecundo orador que preduziu mais de trezentos discursos, como fez a Isocrates o famoso retor ateniense que defendeu Friné, acusada no tribunal por pretender introduzir no paiz uma nova religião. Esqueceu-se também de mencionar os debates poeticos entre Pindaro e Cerina, esqueceu-se de Teocrito o bucolico, de Aspasia que fundou uma escola aonde ela mesma insinava eloquência e retórica: e, mais tarde condenada pelo tribunal por arrastar donzelas à sua casa para satisfazer a lubricidade de seu esposo Pericles, foi brilhantemente defendida por este, que, para liberta-la, alçou-se aos pinaculos da eloquencia e da retórica. Deixou aparte o velho Diogenes e o seu disciplo Antistenes, procedendo igualmente para com Zeno que foi o predecessor do Darwinismo, e Aristotelis que juntou a filosofia e a metafisica num só corpo, e foi sucedido na Inglaterra por Spencer, o objetivista.
Foi assim que Guilardo Cohim falou sugestivamente da arrojada e esclarecida Grécia.
Agora surge-me ele de novo, fazendo-se jornalista de pulso forte, com façanhas de Rochefort, citando Palas a deusa da guerra e da sabedoria, e Vargas Vila o trágico liberalista.
Devido porém ao limitado espaço deste jornalsinho, deixo de lhe esclarecer minunciosamente aos senhores as duas faltas gramaticaes em que Guilardo incorreu.
Diz ele no seu primeiro artigo: « ... Nós que cedo aprendemos a admirar o passadode nossa terra...não podiamos deixar de chorar...
O segundo é no seu derradeiro artigo.
“O glorioso exercito nacional não desmentiria jamais as suas tradições excelsas de grandeza aquelles cujo sangue regou os campos do Paraguay...”
A sua conferencia é o que são os seus artigos; verdadeira xaropada de farmacologo reles.
Aluizio de REZENDE
Notas do Blog: 1) os erros por acaso encontrados, são do português da época ou da tipografia. Na sequencia da série, notaremos a briga de acusação de erros da língua.
2) este texto é um Facsimile do jornal "A FLÔR" edção nº12 de 10 de julho de 1921. pag. 2, 3

sábado, 20 de julho de 2019

SOBRE HORÁRIOS DE PICO

Carlos P. Novaes
Tem umas coisas hoje em dia que precisam ser modificadas em cidades e uma delas são os horários de pico. Quase todo mundo começa a trabalhar oito horas da manhã e termina às seis horas da tarde e isto faz que antes das oito e depois das dezoito haja uma concentração de movimentação enorme de pessoas, principalmente nas grandes cidades, fazendo com que haja as famosas horas de picos. Assim, nestes horários nem os metrôs resolvem mais nas grandes cidades. Por que as nossas prefeituras, nossos poderes públicos, não modificam estes horários, por exemplo, ao invés da entrada as oito, eles sejam das sete às nove horas da manhã ou alternativa que melhor convier e à tarde seria das cinco às sete da noite? Se ao invés de um único horário de pico, as oito, tivéssemos três, 7, 8 e 9, as concentrações seriam três vezes menores e assim, todos os sistemas que já existem hoje, metrôs, ônibus, já seriam suficientes, e isto faria com que os custos de manutenção de nossas cidades e o conforto de nossos cidadãos seriam melhores. Por que todo mundo tem que entrar no trabalho às oito horas, comércio, indústria, serviços? Isto é apenas uma opinião de um leigo, que nem conhece as leis que regem esta movimentação do trabalho, mas achamos que deveriam ao menos ser testadas. Como não temos acesso às prefeituras, fazemos esta sugestão. Assim todo o sistema viário de nossa cidade teria uma modificação de seus picos, que seriam menos intensos que os de hoje. Não precisa de BRT nem sistemas modernos e nem de novos viadutos. Tudo o que já existe já seria suficiente para nossa movimentação. 

GISA FAZ ANIVERSÁRIO


A aniversariante de hoje é a santanopolitana, do signo de câncer, sob proteção de Ogum, Adalgisa Passos Rodrigues (Gisa). De cá desejamos muita festa, alegria e saúde. Parabéns.

sexta-feira, 19 de julho de 2019

CURIOSIDADES SOBRE O NOME “SANTANÓPOLIS”.



Evandro J.S. Oliveira
            Algumas curiosidades sobre o nome SANTANÓPOLIS. Sempre surgiu debates, perguntas sobre o significado. Não é que o Santanopolitano Carlos Brito me enviou a nota abaixo, indagando se eu sabia como meu pai, Áureo de Oliveira Filho, colocou o nome de Santanópolis no ginásio por ele criado? Pois bem, esta eu não sabia, acho pela mesma razão da criação da cidade de Santanópolis.
            A nota abaixo convida seus jogadores para um treino da equipe SANTANÓPOLIS preparando para a partida que seria realizada contra o time da cidade de Santo Amaro chamado Elite. Este AVISO é do jornal “A FLÔR” de 1921.
            O Gymnásio Santanópolis (escrito assim na época) foi criado em 1933, portanto não era um time do colégio.
            A cidade Santanópolis antigo povoado Quaresma, elevado a vila em 1922, e em 1962 foi criada a cidade mudando o nome para Santanópolis. De acordo com o site da Prefeitura da cidade, o nome foi uma sugestão de uma professora, devota de Senhora Santana.
            Como curiosidade Demóstenes Brito, famoso advogado de Feira de Santana, professor do Colégio Santanópolis, argumentou que o nome SANTANÓPOLIS era errado, deveria ser Santanapolis, por significar cidade (POLIS) de SANTANA (Mãe de Jesus, nossa padroeira). A contra argumentação era que os nomes próprios não obedecem a rigorosidade do português castiço, daí ser TERESÓPOLIS, (cidade de Teresa) cidade do Estado do Rio de Janeiro, e não Teresapolis, pelo mesmo motivo.


Convocação para o treino

ANIVERSÁRIO DE LUIZ


Quem faz aniversário hoje é o santanopolitano, do signo de câncer, sob proteção de Ibeji, Luiz Welf Ferreira Vital Filho. Queremos replei deste evento por muitos anos com saúde.

quinta-feira, 18 de julho de 2019

PARA NÓS QUE GOSTAMOS DE ESTÓRIAS HISTÓRICAS...


Crônica de Paloma Amado 
Domingo, 7 de julho de 2019: 
Joãozinho
Morreu João Gilberto, meu querido amigo de infância (a minha infância). Era como um filho de papai, uma pessoa gentil, querida, bastante atrapalhada e engraçada. Seu talento, imenso, todo mundo sabe.
Para homenageá-lo, no dia seguinte à sua partida, peço a papai um texto seu, publicado em Navegação de Cabotagem, assim ele também homenageia seu amigo e afilhado.

O Casamenteiro

Fomos padrinhos, Zélia e eu, do casamento de João Gilberto com Astrud, o casal se separou nos Estados Unidos para onde Joãozinho viajara a fim de participar de um show, obteve tamanho sucesso que ficou por lá anos a fio.
No dia de seu embarque, indo para o aeroporto, passou por nosso apartamento para o abraço de despedida, vestia roupa leve, própria para o verão carioca, em Nova York a crueza do inverno era manchete nos jornais. Ao vê-lo tão desagasalhado, retirei do guarda-roupa um sobretudo usado: vista-o ao desembarcar do avião senão vai morrer de frio, pegar pneumonia. Essa a minha contribuição para o êxito do cantor nos States, o sobretudo que o salvou da pneumonia dupla.
Contribuí também para seu casamento com Miúcha: do primeiro matrimônio fui testemunha, no segundo funcionei de casamenteiro. Um dia recebi na Bahia telefonema de Joãozinho, ligava de Nova York, aflito como sempre, não mudara, continuava o mesmo:
— Jorginho, você é muito amigo do Sérgio Buarque do Holanda, não é?
— Sou sim, Joãozinho, por quê?
Figura das mais fascinantes da comparsaria intelectual, Sérgio concedeu-me o privilégio de sua intimidade, coloquei-o de personagem em O capitão de longo curso, assim homenageio aqueles que mais estimo e prezo, pondo-os nas páginas de meus romances. Juntos, durante um congresso de literatura em Recife, fundamos na Igreja de São Pedro dos Clérigos a “Benemérita e Venerável Ordem do Hipopótamo Azul”, dedicada ao trato das donzelas, e criamos a teoria das baquianas, “as balzaquianas quando baqueiam”, baseada na agitação das literatas locais que cortejavam Eduardo Portella, o sedutor. Na época do telefonema o mestre historiador se vangloriava de ser o pai de Chico Buarque, compositor que estourara nas paradas de sucesso.
— Jorginho, estou apaixonado pela filha dele, a Miúcha, irmã do Chico. Miúcha anda por aqui, ela também gosta de mim, queremos nos casar mas temos medo que Sérgio se oponha, você sabe como é, deve ter ouvido horrores a meu respeito. Queria que você falasse com ele, pedisse a mão de Miúcha em casamento, para mim. Diga a ele que não sou tão ruim assim como dizem por aí.
Habituado a me envolver com a vida de Joãozinho, prometo interferir — “depressa, daqui a uma hora telefono de novo para saber o resultado”. Desligara agoniado, eu ainda procuro o número de Sérgio no caderno de telefones, Joãozinho volta a ligar: “Eu tava tão vexado que não mandei um beijo para Zélinha”. Vexado, Joãozinho.
Disco o número paulista, Amélia atende, trocamos gentilezas, desejo falar com vosso ilustre consorte. Sérgio vem ao telefone, sabendo que sou eu começa a imitar sotaque holandês, é de morrer de rir mas eu me ponho sério para lhe informar:
— Te telefono para pedir a mão de tua filha Miúcha em casamento.
— Hem? Que história é essa? — abandona o acento batavo, coloca-se em posição de defesa, que peça estou querendo lhe pregar?
— Não é para mim, é para João Gilberto, estão apaixonados, querem se casar, ele pediu que te dissesse que não é tão ruim assim, tão má pessoa como consta por aí, não deves acreditar nas más línguas...
Falo a sério, relato a conversa de Joãozinho, telefonema em dólares de Nova York, repetida, esquecera o beijo para Zélia. Empolga-me a paixão dos dois cantores, coisa linda, faço o elogio do candidato a genro e o faço com amor. De Joãozinho sei o direito e o avesso, do menino de Juazeiro nas barrancas dos São Francisco ao músico ainda desconhecido, lutando no Rio em dias de aperto, sou seu parceiro, fiz a letra do “Lamento de Marta”, composto para o filme de Alberto D’Aversa. Quando solteiro, Joãozinho aparecia à noite no apartamento da Rodolfo Dantas, trazia o violão, ficava até a madrugada, cantando. Acontecia que Zélia e eu, cansados, íamos dormir. Joãozinho prosseguia em companhia de João Jorge, menino ainda, privilegiado. João Gilberto tocava, cantava, tendo como ouvintes apenas o moleque e o pássaro sofrê: vivia solto na sala e assobiava as músicas que Joãozinho dedilhava no violão.
Sérgio escuta em silêncio minha lenga-lenga, a proclamação das virtudes de Joãozinho, gênio musical, amigo terno, pessoa amorável. No dia seguinte toma o avião para Nova York, vai estudar o assunto in locum, apaixona-se pelo candidato, só podia acontecer.
Para terminar um post-scriptum: já levava João Gilberto vários anos residindo nos Estados Unidos quando um dia apareceu-me em casa um portador trazendo encomenda enviada pelo músico: um sobretudo novo em folha, soberbo, eu o usei longo tempo, ainda o tenho. Ou será que dei a João Jorge, o ouvinte solitário, o privilegiado?

Um bom domingo a todos. Domingo mais triste, menos bonito, domingo de silêncio sem a presença de Joãozinho.
Capturado no ZAP.

Filme do Santanopolis dos anos 60