Símbolos do Santanópolis

FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

domingo, 2 de agosto de 2020

COLONIZAÇÃO DA FEIRA E REGIÃO - II

Oscar Damião de Almeida 2ª Vice-presidente do IHGFS Membro da ALAFS

Ver: COLONIZAÇÃO DA FEIRA E REGIÃO - I



A HISTÓRIA DA FEIRA


Apresentado este itinerário dos desbravadores de terras e exterminadores de indígenas, vamos situar agora a curiosa História da Feira de Santana que nasceu de uma parte das terras de Antônio Guedes que já foi de João Lobo Mesquita e também de João Peixoto de Viegas e de seus descendentes, comprada no início do século XVIII, possivelmente, em 1710, que levou o nome de "Santana dos Olhos D'Água", medindo a fazenda cerca de uma (1) légua de comprimento por meia (1/2) de largura. Para oferecer mais nítida compreensão de onde começa e onde termina, vamos delimitá-la: O Norte tem início na "Lagoa do Prato Raso" (foto.1) já moribunda, quase nos estertores da agonia, 
Foto - 1 Lagoa Prato Raso
Caetano Veloso, o nosso cantor baiano, nos ostentou na canção que diz: é preciso salvar o Subaé, nosso genuíno rio feirense, repleto de dejetos industriais e outras coisas mais. Vou parodiá-lo em pensamento e bradar para Feira toda ouvir: Senhores administradores, ainda é tempo de salvar o que resta desta lagoa, tão nossa, por partilha de nossa história já tão espoliada! Não seria possível e quanto antes, salubrizá-la, no restante de água que possui ainda, defendendo o espaço que lhe resta das invasões de ricos e pobres? Não seria possível limpar e tratar a sua água para proporcionar serventia salutar aos moradores que lhe circundam e de suas águas utilizam para gasto? Anos e anos desfilam ante o olhar impassível de tantos administradores desta terra. Sua presença como está, é uma afronta aos moradores circunvizinhos que convivem em promiscuidade com ratos, em suas casas, muriçocas e maruins sem que haja a mínima providência de quem de obrigação!!!
Foto. 2 Casarão descrito
na época escrito no texto

Ao Sul da referida terra ou fazenda Santana dos Olhos D'Água encontramos outra afronta à memória desta terra: O casarão (foto. 2), tão debatido e propalado, nestes últimos tempos, por historiadores, jornalistas e pessoas outras, sem solução à vista, tiritando de frio, neste inverno, providências não aparecem de logo, quiçá, no próximo inverno, só tenhamos a sepultura e os dizeres plangentes: Aqui jaz o casarão, memória negligenciada por proprietários e administradores e o povo a se lamentar, lá se foi mais um legado de nossos ancestrais! Na verdade, não se possui a certeza do que foi aquela casa e todos ficam a se inquirir, teria sido ali a tão propalada casa da fazenda do casal fundador da cidade? Não temos argumentos peremptórios, nem de sim, nem de não. Será que foi o tão propalado rancho ou abrigo de boiadeiros e tropeiros que, por perto dali, transitavam, levando suas mercadorias para os portos de Santo Amaro e Cachoeira a fim de abastecê-los, conduzindo-as até a capital e de lá retornando aos sertões da Bahia, e de outros estados, com outro tipo de gêneros para vender aos sertanejos? É bem provável.
Foto.3 Atualmente, reformado
depois de muita grita da mídia
inclusive do autor O. Damião

Há, até, quem assevere, dentre os historiadores mais gabaritados, qual Mons. Renato Galvão (Foto.4), que ali fora um depósito de munições, servindo ao General Labatut, quando esteve por aqui, na guerra da Independência, transformando esta terra em quartel general, em vinte e oito (28) de outubro de 1822, ocasião em que oficiou ao Conselho interino de Governo, assinando, no final, "Deus guarde a Vs. Exas. Quartel General de Feira de Santana, 28 de outubro de 1822. (a). Labatut, General" (Foto.5).

Foto.4 Monsenhor Renato
Galvão

Mesmo que estas opiniões não convençam a ninguém, é salutar recordar que algumas reflexões sisudas ou sensatas nos autorizam a preservar o Casarão. Senão vejamos: trata-se de uma construção duas (02) vezes centenária nos brindando com um referencial arquitetônico e histórico. Neste memorial, vamos buscar argumentos para sua urgentíssima preservação:
Foto.5 General Labatut



1)Em qualquer das hipóteses, anteriormente expostas, descobrimos o valor de sua serventia, durante todos estes anos, a tropeiros e boiadeiros - elementos humanos de grande significado para nossa história; 2) sua contribuição social, como ponto de união e interação entre a população do recôncavo e a sertaneja; 3) sob a ótica econômica, ajudando tropeiros e boiadeiros a transportar suas mercadorias, servindo de lugar de descanso para eles e seus animais.
Por tudo isto, o casarão está a exclamar: salvem-me povo feirense e senhores administradores! Este é o meu ultimo brado retumbante, nas vascas da agonia. Já não posso mais esperar.


Replicando: Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana Ano I nº 1 2004 




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Filme do Santanopolis dos anos 60