Ver: COLONIZAÇÃO DA FEIRA E REGIÃO - I
A HISTÓRIA DA FEIRA
Apresentado este itinerário dos desbravadores de
terras e exterminadores de indígenas, vamos situar agora a curiosa História da
Feira de Santana que nasceu de uma parte das terras de Antônio Guedes que já
foi de João Lobo Mesquita e também de João Peixoto de Viegas e de seus descendentes,
comprada no início do século XVIII, possivelmente, em 1710, que levou o nome de
"Santana dos Olhos D'Água", medindo a fazenda cerca de uma (1) légua
de comprimento por meia (1/2) de largura. Para oferecer mais nítida compreensão
de onde começa e onde termina, vamos delimitá-la: O Norte tem início na
"Lagoa do Prato Raso" (foto.1) já moribunda, quase nos estertores da agonia,
Foto - 1 Lagoa Prato Raso |
Foto. 2 Casarão descrito na época escrito no texto |
Ao Sul da referida terra ou fazenda Santana dos Olhos
D'Água encontramos outra afronta à memória desta terra: O casarão (foto. 2), tão debatido
e propalado, nestes últimos tempos, por historiadores, jornalistas e pessoas
outras, sem solução à vista, tiritando de frio, neste inverno, providências não
aparecem de logo, quiçá, no próximo inverno, só tenhamos a sepultura e os
dizeres plangentes: Aqui jaz o casarão, memória negligenciada por proprietários
e administradores e o povo a se lamentar, lá se foi mais um legado de nossos
ancestrais! Na verdade, não se possui a certeza do que foi aquela casa e todos
ficam a se inquirir, teria sido ali a tão propalada casa da fazenda do casal
fundador da cidade? Não temos argumentos peremptórios, nem de sim, nem de não.
Será que foi o tão propalado rancho ou abrigo de boiadeiros e tropeiros que,
por perto dali, transitavam, levando suas mercadorias para os portos de Santo
Amaro e Cachoeira a fim de abastecê-los, conduzindo-as até a capital e de lá
retornando aos sertões da Bahia, e de outros estados, com outro tipo de gêneros
para vender aos sertanejos? É bem provável.
Foto.3 Atualmente, reformado depois de muita grita da mídia inclusive do autor O. Damião |
Há, até, quem assevere, dentre os historiadores mais
gabaritados, qual Mons. Renato Galvão (Foto.4), que ali fora um depósito de munições,
servindo ao General Labatut, quando esteve por aqui, na guerra da
Independência, transformando esta terra em quartel general, em vinte e oito
(28) de outubro de 1822, ocasião em que oficiou ao Conselho interino de
Governo, assinando, no final, "Deus guarde a Vs. Exas. Quartel General de
Feira de Santana, 28 de outubro de 1822. (a). Labatut, General" (Foto.5).
Foto.4 Monsenhor Renato Galvão |
Mesmo que estas opiniões não convençam a ninguém, é
salutar recordar que algumas reflexões sisudas ou sensatas nos autorizam a
preservar o Casarão. Senão vejamos: trata-se de uma construção duas (02) vezes
centenária nos brindando com um referencial arquitetônico e histórico. Neste
memorial, vamos buscar argumentos para sua urgentíssima preservação:
Foto.5 General Labatut |
1)Em qualquer das hipóteses, anteriormente expostas,
descobrimos o valor de sua serventia, durante todos estes anos, a
tropeiros e boiadeiros - elementos humanos de grande significado para nossa
história; 2) sua contribuição social, como ponto de união e interação
entre a população do recôncavo e a sertaneja; 3) sob a ótica econômica,
ajudando tropeiros e boiadeiros a transportar suas mercadorias, servindo de
lugar de descanso para eles e seus animais.
Por tudo isto, o casarão está a exclamar: salvem-me
povo feirense e senhores administradores! Este é o meu ultimo brado retumbante,
nas vascas da agonia. Já não posso mais esperar.
Replicando: Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana Ano I nº 1 2004
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