ADILSON SIMAS - Santanopolitano, escritor, jornalista, historiador
e editor do Blog “Por Simas”.
Nesta segunda-feira, 13 de janeiro, vamos viajar no tempo e
reviver a Feira de Santana no distante janeiro de 1958, portanto há mais de
seis décadas. (Adilson Simas)
Feira já era esta cidade encontro das rodovias. Pelas ruas
planas, os carreteiros às vezes atravessando os poucos subúrbios, passavam
transportando mercadorias do sul para o norte do país e vice versa.
Tanto que existiam vários postos fiscais. Entre eles o do
Minadouro – estrada de Serrinha; da Pampalona – estrada de Anguera; da Rodagem
– estrada Feira-Salvador e o da Boa Viagem – estrada da Estação da Leste.
João Marinho (foto) era o prefeito. Não existiam secretarias, fundações e autarquias como hoje. Oscar Erudilho (secretário), Margarida Ramos (tesoureira) e João Almeida (fiscal geral) eram os seus principais assessores.
João Marinho (foto) era o prefeito. Não existiam secretarias, fundações e autarquias como hoje. Oscar Erudilho (secretário), Margarida Ramos (tesoureira) e João Almeida (fiscal geral) eram os seus principais assessores.
A câmara funcionava na própria prefeitura. No
primeiro período o presidente era o médico udenista Augusto Matias. No segundo
e último período da legislatura o presidente era o advogado trabalhista Jorge
Watt da Silva.
Artur Vieira, Antônio Araújo, Antonio Nery, Colbert
Martins, Dourival Oliveira, João Durval, Joselito Amorim, Mário Porto, Osvaldo
Pirajá, Walter Nink e Wilson Falcão completavam a câmara que tinha 13
vereadores. Vale lembrar que naquele ano Wilson Falcão foi eleito deputado
estadual.
Pouco mais de doze mil votos foram apurados na eleição
daqueles vereadores. Existia apenas uma zona eleitoral, a 19ª, presidida pelo
juiz José Manuel de Castro Viana, que era também titular da Vara Civil. O outro
juiz, da Vara Crime, era Jorge de Faria Góes.
Quem viveu a Feira de 62 anos atrás, tem saudade das ações
culturais existentes impulsionadas pela Associação Cultural Filinto Bastos.
Eram seus dirigentes Benedito Farias, Olney São Paulo, Humberto Mascarenhas,
Agnaldo Marques, Luiz Navarro, Carlos Pires, Edgar Erudilho e tantos outros.
Os poetas faziam da Confeitaria Aurora, na Rua Direita, do também poeta Apóstolo Filho, o ponto de encontro aos domingos. Antonio Lopes, por exemplo, não cansava de contar em versos a vida da preta Maria Tereza..
Os poetas faziam da Confeitaria Aurora, na Rua Direita, do também poeta Apóstolo Filho, o ponto de encontro aos domingos. Antonio Lopes, por exemplo, não cansava de contar em versos a vida da preta Maria Tereza..
ASSIM como nos anos 30 com o Grupo Taborda e outros, a vida
teatral continuava firme nos anos 50. Francisco Barreto dirigia o Grupo Scafs
que estimulou o surgimento de outros movimentos teatrais, dos quais
emergiriam mais tarde atores e atrizes como Luciano Ribeiro, José Carlos
Teixeira, Gildarte Ramos, Antonio Miranda, Deolindo Chechucci, Alvaceli Penha,
Antonia Veloso, Neide Sampaio e tantos.
Duas rádios – Cultura e Sociedade dividam a audiência,
jogando no ar as vozes de Raimundo Oliveira, Chico Baiano, Geraldo Borges,
Edival Souza, Lucílio Bastos, Itaracy Pedra Branca, Dourival Oliveira, Chico
Caipira, Nestor Peixoto. A estes logo se juntaria o garoto Itajaí que começava
fazer sucesso.
Duas emissoras, dois auditórios, palcos para nomes famosos
da MPB, mas também para grandes cantores locais como Ivanito Rocha, Maria
Luiza, Raimundo Lopes, Antonieta Correia, Antonio Batista, Ednalva Santana,
Antonio Moreira, Dilma Ferreira e estrelas mirins que surgiriam mais tarde como
Marcelo Mello, causando soluços nos programas de Alcina Dantas.
Antes do “Brasil do Amanhã”, da professora Alcina Dantas, a
missa dominical era uma das opções da gurizada. Na Matriz, Senhor dos Passos,
Asilo, Igreja dos Remédios, Santo Antonio, Alto Cruzeiro. Tempo de Aderbal
Miranda, Mário Pessoa, Frei Salomão e outros Sacerdotes.
Sem as salas do Iguatemi, novidade dos anos 90, Feira em 58
já tinha opções para os amantes da sétima arte. Além de Íris e Santanópolis,
com tabuletas nas ruas anunciando os filmes, a cidade se preparava para receber
em fevereiro mais um cinema, o Madrid, na Rua Castro Alves, com 375 lugares.
A vida social, passada a fase de ouro das filarmônicas “25
de Março” e Vitória, ganhava intensidade nos salões do Feira Tênis Clube e da
Euterpe. O “aristocrático” presidido por Milton Falcão de Carvalho, seu
Bubu e o “clube do povo” por João Augusto Pires, seu João da Loja
Pires.
No 10 de janeiro as atenções já estavam voltadas para mais
uma Festa da Padroeira. No dia 5 aconteceu o Pregão e para o dia 12 estava
marcado o Bando Anunciador, vindo dos Olhos D’Água e saindo da porta da igreja
para percorrer todas as ruas do centro.
Como o novenário começaria no dia 19, muitas modistas
estavam cheias de encomendas de senhoras e senhorinhas. Os homens, por sua vez,
completavam o terno de linho comprando gravatas, borboletas, chapéu palhinha e
sapatos duas cores.
Á frente da comissão responsável pela Festa da Padroeira,
escolhido desde que foi encerrada a festa do ano anterior, estava o comerciante
Valdemar da Purificação. Vale frisar que naquele tempo, além da parte profana,
a comissão também se encarregava da parte religiosa.
Também participavam da comissão, Alfredo Sarkis, João
Suzart, Joel Magno, José Sena Lima, Carlos Fadigas, Maurílio Silva, Clarindo
Borges, Israel Trindade, Alberto Oliveira, Osvaldo Cordeiro e tantos outros
devotos.
Naquele tempo, há 62 anos, quem não queria curtir as
opções que eram oferecidas se deslocava para Salvador ou cidades do recôncavo.
Pegava a estrada velha utilizando os ônibus da Empresa Santana, ou a linha de
ferro usando trem - motriz ou misto, que partiam da Estação da Leste.
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