ARTUR, TRANSFERENCIA PARA SALVADOR I- 1967
Sempre na mesma rotina de ida e volta do colégio, duas semanas haviam se passado e nada de Artur encontrar Ângela. Ele já estava impaciente. Um dia, na terceira semana, perto das seis horas da tarde, ele chega ao ponto, vê que ônibus está lotado e decide esperar o próximo. Nisso, quem aparece? Ângela, Suely e outra colega, Claudia.
Cumprimentam-se,
com beijinhos, Ângela apresenta a amiga, e, toda alegre, puxa assunto. Ele não perde a oportunidade. Passa outro ônibus
superlotado, então eles decidem ir andando e conversando, os quatro pelo
Corredor da Vitoria até a Graça. O tempo passa rápido, assunto não falta,
férias, estudos, tudo o que fosse possível conversar durante o percurso.
Despedem-se e combinam de, na quarta-feira, um esperar pelo outro. Claudia
morava no Largo da Graça, e, como já era noite, ele se prontificou para levá-la
até em casa. Ela era encantadora.
Quarta-feira, mesmo itinerário, mais uma vez resolvem
voltar para casa caminhando, as duas andam na frente, Artur e Ângela seguem
conversando, mais atrás. Papo bom, os dois no segundo ano científico, com a
mesma idade, ele vai fazer dezesseis anos em maio, e ela, em novembro.
Ficam sabendo que eles têm os mesmos objetivos, cursar
medicina ou odontologia, estudar bastante e se preparar para o vestibular.
Ângela sabe que é muito difícil e o índice de aprovação do colégio em que ela
está estudando não é muito bom. Ele sugere que vá para o Vieira, e ela confirma
que estava pensando mesmo no Antônio Vieira. Um amigo dela, que acabara de
prestar vestibular para Direito, estudou lá e foi aprovado em ótima colocação
na Federal.
Ângela e Artur ficaram bons amigos, tiravam dúvidas de alguns assuntos das matérias. Ele era muito bom em química e biologia, e ensinava a todas e todos quando era solicitado. Sempre muito prestativo e educado, logo criou amizade com todas as amigas e colegas de Ângela, e, assim, começou a frequentar algumas festinhas em casas.
Certo dia, em uma festa na casa de Carol, ele foi apresentado a Felipe, o namorado de Ângela. Tomou um susto, ela nunca tinha falado nele. Ou era aquele amigo que linha passado de primeira no vestibular de Direito da UFBA? Sim, era o próprio. Ficou Pensativo: “por que ela nunca falou que tinha um namorado? Bom, eu nunca perguntei”. Também nunca tinha falado das suas namoradas. Será que deixou o tempo correr e perdeu a oportunidade, e o tal Felipe foi mais rápido?
Artur não perdeu o encanto, continuou sendo atencioso
e delicado com aquela menina linda.
Numa outra festa, na Cabana da Barra, Ângela estava de
bombeira, sem Felipe. Artur tinha tomado uns dois ponches, e, quando começou
a tocar uma música lenta, ele a chamou
para dançar. Ela aceita, ele tenta dançar mais junto, ela trava, ele insiste, a luz esta bem escura, ele com as mãos atrás das costas dela, ela com as mãos
em seu ombro, como se fosse uma trava. A música está quase acabando, ele tenta
mais uma vez, a
música acaba, ela pede para parar. Os dois se olham, mas não falam nada, ele
vai pegar mais um ponche.
Outra música lenta, Artur convida Claudia, que há muito tempo lhe paquerava. Dançam coladinhos, as pernas dela roçando na sua, logo ficou armado, começou a cochichar no ouvido dela, dançam mais outra música, e mais outra, até que toma coragem e pede para conversarem fora da pista de dança, onde alguns casais estavam namorando. Começaram os primeiros beijos e abraços. Ângela observava de longe, fazia de conta que estava achando ótimo ver os amigos namorando.
No domingo, Claudia ligou convidando para assistir,
com alguns amigos, ao filme "Dio como te amo”, no Cine Liceu, próximo a
Praça da Sé. Muitos beijos, pouco filme, depois foram todos à Cubana, em cima
do Elevador Lacerda, onde está a vista mais bonita da Baía de Todos os
Santos. Tomaram sorvete e voltaram para casa.
O namoro estava indo bem, ela sempre muito atenciosa, ele sempre a acompanhava cm todos assustados e festas. As carícias começaram a ficar mais quentes no playground do prédio em que ela morava. Poucas lâmpadas ficavam acesas e o zelador ia embora às seis horas da tarde. A mão corria solta, ela gostava, às vezes impedia alguma carícia, mas não resistia, inicialmente deixou que passasse a mão nos peitos sobre a blusa, depois foi liberando por baixo do sutiã, seios pequenos, duros e com o bico olhando para cima, deliciosa, pensava ele, excitadíssimo. Estavam namorando há mais de três meses, ela aparentemente apaixonada e ele gostando, menina bonita, bem entrosada, era tudo de bom, mas quem ele queria mesmo era Ângela. Enquanto não conseguia alcançar o seu objetivo, Claudia também não deixava por menos, e o namoro se tornou mais quente do que de costume. Na escada do prédio, namoravam até às dez e meia, a cada dia ficava melhor, a cada dia esquentava mais.
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