RAYMUNDO LUIZ DE OLIVEIRA LOPES
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Os seres humanos constituem o Movimento Espírita. Já a Doutrina pertence aos Espíritos tal qual fora apresentada ao seu mentor maior, Allan Kardec, que a codificou, apresentando as suas idéias. A definição é de ninguém menos que o festejado líder espírita Divaldo Pereira Franco. Em entrevista exclusiva concedida ao professor e igualmente espírita Raymundo Luiz Lopes, que promoveu recentemente a vinda deste ilustre feirense para ser homenageado pela Universidade Estadual de Feira de Santana, Divaldo Franco transmite uma mensagem muito própria para os tempos de turbulência que enfrentamos. Garante que o “Espiritismo possui todos os requisitos para reverter a atual crise que assola a Humanidade.” E mais adiante, recomenda: “ Ame em qualquer circunstância, disputando a honra de ser você aquele que doa, que desculpa, que constrói o bem”
Raymundo Luiz Lopes e Divaldo Franco na
Livraria da Mansão do Caminho (junho de 2002)
O Missionário da Paz
Próximo à Praça da Sé, descortinava-se o prédio do IPASE,
extinta repartição pública, onde trabalhava minha tia, Hildete Pompa, chamada
carinhosamente de Detinha, e que tinha como colega Divaldo Franco. Não sei
quantas tardes, semanalmente, estava lá, brincando com a máquina de escrever e
mostrando deveres da escola a ela. No meio da tarde, a gente ia merendar nas
lanchonetes e passeava na rua Chile, o coração palpitante da velha Salvador.
Nunca pensei que aquele rapaz elegante, tão amigo da minha tia, com o qual ela
se aconselhava, de vez em quando, fosse se tornar um renomado espírita. E muito
menos pensava que, anos mais tarde, seria um dos seus admiradores. Mas, afinal,
quem é Divaldo?
Em Feira de Santana, no dia 5 de maio de 1927, nasceu Divaldo Pereira Franco. “Di” era seu nome para os familiares e amigos íntimos. Desde menino, demonstrava rara sensibilidade. Vivia feliz no seio de sua família que, apesar das dificuldades, era unida. O menino Di adorava brincar e ficar no quintal. A beleza da natureza o encantava. O verde da mata, as flores exuberantes, um córrego de águas límpidas, um pôr-do-sol dourado e o som de sinos que vinha de longe motivavam a imaginação do menino. Tudo isso enlevava sua alma infantil, além da distração com o doce “espírito-criança”, Jaguaraçu. Uma programação das entidades superiores já se fazia visível no desenvolvimento espiritual de Divaldo. Sua mãe nunca o abandonou. Mesmo depois de desencarnada, acompanhava e visitava seu filho, o que contribuiu, afora outras ajudas, para a superação de crises interiores e obstáculos de toda ordem. Cursou a Escola Normal de Feira de Santana, recebendo o diploma de professor primário. Sua iniciação religiosa deu-se na Igreja Católica, porém, continuava a ter visões. Nos anos 40, inicia, com segurança, a prática mediúnica, desenvolvendo-se cada vez mais, tanto no sentido físico, quanto no espiritual, anunciando, assim, missões futuras.
Mudando-se para Salvador, conhece Nilson de Souza Pereira,
companheiro eterno e D. Nanã que contribuiu na sua formação espírita. Junto com
Nilson e outros amigos, aprofunda-se no estudo da Doutrina Espírita, aplicando
o conhecimento adquirido para autodesenvolver-se e atender aos necessitados,
conforme sua destinação. Em 1947, ao lado de afeiçoados, funda o Centro
Espírita Caminho da Redenção. Em 1951, com coragem e força de vontade, inaugura
a Mansão do Caminho. Daí em diante, como obreiro de Cristo, empenha-se
arduamente nas tarefas da mediunidade e nas assistenciais, envolto pelo véu da
mensagem de Allan Kardec: “fora da caridade não há salvação”.
Vários espíritos se apresentaram ao menino Di, que evoluindo
interiormente desde as primeiras aparições e comunicações, passou pela
adolescência com determinismo e chegou à fase adulta consciente de seus
compromissos éticos. Joanna de Ângelis é uma constante em sua vida. No último
livro, Triunfo Pessoal, da série psicológica, a mentora fundamentada,
principalmente, em Jung, discerne sobre questões do Bem e do Amor, da criatura
e do Criador.
Saltitando pelas antigas vielas e trilhas da ex-pacata cidade
de Feira de Santana, no devaneio por entre a natureza do quintal de sua casa e
estudante atento da antiga Escola Normal Rural de Feira de Santana, o menino
resolve pôr seu leme para Salvador, movimentando-se da metrópole baiana para o
Brasil e para o exterior, tornando-se Cidadão do Mundo.
Por certo, a analogia que encontramos entre Fernão Capelo
Gaivota, da obra de Richard Bach, e o médium é pertinente, visto que, ambos
voam, cada um a seu modo, superando as mazelas da vida, em vôos sempre mais
altos.
Com nítida visão sobre os horizontes e pés plantados na
terra, Divaldo é um SER AGLUTINADOR. Um SER de CUIDADO.
Faço minhas as palavras de Chico Xavier “Divaldo tem uma
estrela na boca”. Com a licença do querido Chico, completo: “Ele tem cinco
estrelas no céu da boca”. E acrescento: “Divaldo é o trator de Deus na mata da
vida”. (Chico Xavier)
Posso afirmar, convicto, que “a causa de Divaldo Franco
estende-se além do campo espiritista. Tendo como meta a conscientização do
homem, aplica, de várias maneiras, a mensagem do Evangelho: “Conhecereis a
Verdade e a Verdade vos Libertará”, “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao
próximo como a ti mesmo”, mostrando que cabe ao ser humano (re)descobrir o seu
papel neste planeta chamado Terra. O seu compromisso é altamente significativo,
como obreiro da fraternidade, da solidariedade, do respeito entre os povos, no
atendimento das necessidades básicas do homem, no alcance da almejada Paz. Uma
conduta voltada para o bem, rompendo as algemas materiais do “demasiadamente
humano” eleva-se em degraus espirituais, sustentado por ações ético/fraternais,
num processo autoconsciente e revelador de seu papel como um dos construtores
de uma nova ordem social, vivenciando, assim, os princípios da Doutrina
Espírita, codificada por Allan Kardec.
A noite de três de julho de 2002, no CCAAm, - inesquecível, imperdível. Quando Divaldo Franco disse “Professor Raymundo, meu amigo, meu benfeitor...”, controlei a emoção e as lágrimas, diante de tão notável humildade. Lá fora, o sopro do frio de inverno. Mas, dentro do Centro Cultural, em todo o recinto, a atmosfera era cálida, primaveril, com anjos tocando harpas e flautas. Intenção e concretização de mãos dadas, unidas, na presença aglutinadora de Divaldo Franco, sob as retinas da Universidade que lhe abriu as portas e de todos os que foram vê-lo e abraçá-lo. O bom e o meigo olhar superam os olhares de soslaio e dúbios. Lembrar é uma forma de amar.
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