Tema de palestra no IGHB dia 30/08
Em 6 de setembro de 1822 foi instalado no Salão Nobre do Hospital São João de Deus (atual Santa Casa de Misericórdia) da então Vila de Cachoeira o “Conselho Interino de Governo da Província da Bahia”. Este governo rebelde foi criado para dirigir a luta dos baianos na Guerra pela Independência, iniciada três meses antes, em 25 de junho daquele ano, quando Cachoeira foi bombardeada após pelos portugueses após aclamar Dom Pedro “Defensor Perpétuo do Brasil”. Salvador, ocupada militarmente por forças militares lusitanas, estava sitiada e no Recôncavo, área em torno da capital, travavam-se combates em terra e mar entre brasileiros e portugueses. Para marcar o bicentenário da data, o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB) e a Santa Casa de Misericórdia de Cachoeira realizarão no próximo dia 30 (terça-feira), às 16 horas, uma palestra (seguida de debate) do médico, professor e escritor João Batista Cerqueira, autor de um livro sobre a história do Hospital de São João de Deus.
Três meses após ter sido criado, o “Conselho Interino de Governo da Província da Bahia” foi reconhecido por Dom Pedro I - após proclamar a Independência e ser coroado Imperador - como o legítimo governo da Bahia, com quem passou a se corresponder. O monarca enviou para o Recôncavo instruções, armamentos, munições e forneceu apoio, sob diversas formas, para os baianos na guerra que se iniciou três meses antes do Grito do Ypiranga. Dom Pedro inclusive comunicou ao “Conselho” a vinda para a Bahia do General Pedro Labatut, comandante das forças terrestres, e do Almirante Lord Cochrane, à frente de uma flotilha naval, e um grande contingente de militares como reforço para a expulsão dos portugueses da Bahia. Ele determinou ainda que fossem prestados aos dois comandantes todo o apoio necessário.
COMPOSIÇÃO
O governo instalado em Cachoeira tinha um deputado eleito por cada vila e na sua composição inicial teve a participação de representantes de Cachoeira, Santo Amaro, São Francisco do Conde, Maragojipe e Jaguaripe. Mais tarde se integraram a ele outros deputados, representando cada vila que fosse aclamando o Imperador Dom Pedro I. Durante a sua existência chegou a ter representantes de 27 vilas da Bahia e só foi extinto com a vitória final dos brasileiros, em 2 de Julho de 1823, quando Salvador foi libertada e o governo transferido para capital da província. Durante a guerra ele coordenou e dirigiu todas as ações de um governo civil, com atuação nas esferas administrativa, legislativa e judicial.
Além disso, o Conselho Interino de Governo da Província da Bahia municiou os pontos de combate, distribuídos em diferentes locais do Recôncavo, com armamentos, munição, mantimentos e remédios. Esse apoio logístico foi possível porque além da ajuda vinda do Rio de Janeiro o órgão realizou campanhas para arrecadar pólvora, mantimentos e víveres, efetuou empréstimos para angariar recursos e confiscou bens de inimigos da causa brasileira. Criou também uma Casa da Moeda em Cachoeira e uma Alfândega em Morro de São Paulo. Proibiu ainda que embarcações atravessassem a Baía de Todos os Santos conduzindo alimentos para abastecer Salvador. A sua atuação foi reconhecida como essencial para a vitória final dos brasileiros na guerra que consolidou a independência do Brasil.
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