Arnold é feirense, nascido em 1894 e falecido em 1965. É filho do Tenente da GUARDA NACIONAL Amâncio Ferreira da Silva e Vicência de Lima e Silva. No início de sua vida trabalhou como ourives e escrevente de cartório, por algum tempo. Fundador do jornal "FOLHA DO NORTE" juntamente com seus irmãos e sócios Dálvaro e Raul Silva. Em sua vida familiar, registra-se um fato fora do comum: foi casado duas vezes. A primeira, com Amanda de Barros Bahia, não deixando prole. Enviuvando-se, matrimoniou-se depois, em segundas núpcias, com Bereniza Barros Bahia, com quem gerou uma filha de nome Maria Luiza.
Outro fato curioso, em sua vida, foi ter casado,
sucessivamente com duas irmãs. Ambas eram filhas de Bernardino Bahia -
importante homem público, residente na Feira de Santana, que tem seu nome
vinculado a diversas obras públicas desta cidade. Com Arnold aconteceu o que
soía ocorrer com homens daquele tempo, na Princesa do Sertão. Tinha apenas
instrução primária incompleta. Isto ocorreu outrossim, com seus contemporâneos:
João Marinho Falcão, Agostinho Fróes da Mota e outros - homens que dignificaram
a história de nossa cidade. Mesmo assim atingiram a cimeira da política local,
sendo os três INTENDENTES, com obras de grande relevância nessa cidade, pois isso não se pode falar desta terra formosa e bendita sem que nos lembremos
deles e de suas primeiras benfeitorias.Arnold Silva
De Arnold se afirma, de maneira peremptória, que, apesar de sua reduzida instrução, nutria um ambicioso desejo de ler e de se instruir. Por conta da prática da leitura, tornou-se um homem assaz erudito e de grande visão, a ponto do sustentar polêmicas, pelo jornal, com alguns de seus contemporâneos o adversários políticos.
Pelo fato de gostar de ler, possuía uma biblioteca capaz
de provocar inveja a amigos o coevos. Era tão importante que chamava a atenção
dos que visitavam a sua residência. A ele, quiçá, tenha lhe faltado tempo para
assimilar tanto conteúdo. Dos três irmãos fundadores do jornal supra citado,
Arnold era o mais versátil e culto, tanto foi assim que assumiu, nesse jornal,
até morrer, uma coluna de monumental monta, intitulada VIDA FEIRENSE, guardada
a sete chaves, na Lusa do Sertão e, avidamente, pesquisada por historiadores e
universitários. Era registrado, passo a passo, hebdomadariamente, nos fastos,
adamantinos de nossa história, tudo que ocorria de mais importante histórica e
socialmente.
É salutar recordar aos leitores e intelectuais daqui e de
alhures que existe uma biblioteca, na Casa do Sertão, especializada em assuntos
feirenses onde despontam com opulento vigor cultural, os escritos de Arnold, na
VIDA FEIRENSE e os estudos legados por Mons. Galvão e outros autores sobre a
história e o eventos sociais de Feira de Santana.
A única filha de Arnold Silva, nascida da segunda esposa
supra mencionada foi casada com o Dr. Waldy Pitombo, já falecido, faz pouco
tempo. Arnold deixou para sua filha, Maria Luiza, algumas fazendas, casas na
cidade e outros bens, com a cláusula de usos e frutos, isto é, poder usá-los,
porém, não poder vendê-los. Na Feira de Santana, residem a viúva, filhos e
netos. Arnold pode ser contado em o número dos historiadores e colunistas
sociais. Além destas coisas vinculadas à pessoa do homem e sua família, existe
outra faceta, em sua vida, que merece destaque: a Política.
ARNOLD FERREIRA DA SILVA E A POLÍTICA
Administração feirense passou por três modalidades, desde
quando a Feira era Vila - 1833 - até os nossos dias. A primeira administração
pode ser assinalada, a partir de 1833 até a Proclamação da República - 1889.
Este período teve uma câmara composta de sete vereadores e a partir de 1873,
quando Feira já era cidade, existiam nove vereadores. Nesta época, inexistia a
figura do INTENDENTE e do PREFEITO. Quem administrava o município era o
presidente da Câmara. Esta função recaia sobre o mais votado dentre eles. Um
dos presidentes da Câmara, nesta época foi, o Dr. Joaquim Remédios Monteiro
ainda lembrado por nós, através da praça Remédios Monteiro, em frente à Igreja
dos Remédios.
Com o advento da República começou a era dos INTENDENTES.
Arnold Ferreira da Silva foi o sétimo. Isto aconteceu, de 1924 a 1927,
sequenciando o seu sogro, Bernardino da Silva Bahia. Qual gestor do município,
teve a oportunidade de realizar algumas obras: Instalação da energia elétrica;
calçamento de ruas, sendo sua obra de grande porte "O Paço
Municipal", admirado por feirenses e visitantes desta terra. A importância
da obra condiz com o gabarito do seu executor. É bom esclarecer que, quem deu
início à construção foi Bernardino da Silva Bahia, seu sogro. A inauguração
desta grandiosa obra aconteceu, no ano de 1926, com a presença do então
governador do estado.
Seu governo presenciou a
inauguração da primeira rodovia, interligando Feira a Salvador. Outra
ocorrência de destaque, no seu governo, foi a instalação da Escola Normal, em
Feira, para formar professores primários, obra educacional requerida pelo povo
por ser de grande significado para o porvir desta terra.
Não se pode olvidar que sua presença na Câmara, como
Deputado Federal Constituinte, em 1934, representando a nossa Feira de Santana,
foi muito importante. Nesta época de Intendente, ele era o mais jovem!
Registre-se outrossim, que ele foi prefeito, de 1959 a
1962, participando da terceira fase da administração, a partir de 1930, quando
os gerentes municipais receberam o nome de "Prefeitos''. Ele participou de
dois períodos, o de Intendente e o de Prefeito. Como chefe do executivo
realizou estas obras: Asfalto nas ruas Barão do Rio Branco e Castro Alves, foi
nestas obras que se inaugurou a colocação de asfalto, na Feira de Santana;
colocação do busto do Cel. Bernardino Bahia, na praça que leva o seu nome;
construção da Biblioteca Municipal, Arnold Silva.
As ocorrências, no seu governo, foram numerosas e bem
significativas. Inauguração do Instituto de Educação de Menores; inauguração do
Hospital Colónia Rodrigues (1962); criação da Diocese da Feira; Doação do
terreno do local denominado Papagaio à Diocese onde funcionam, atualmente,
Seminário e Universidade de Teologia e Filosofia da Arquidiocese; conclusão da
primeira pista asfáltica da rodovia Feira-Salvador, em 1960.
Cumpre lembrar que o epigrafado não concluiu o seu
mandato por motivo de doença, e que, em seu lugar, assumiu o presidente da
Câmara, Dr. José Sisnando Lima, de outubro de 1962 a maio de 1963.
Pelo visto e aqui descrito
conclui-se que a passagem de Arnold Silva pelo governo, em duas oportunidades
distintas, produziu resultados opimos conquistando no julgamento popular, uma
administração bem ubertosa e de grande credibilidade.
Transcrito da Revista Inst.
Hist. Geogr. de Feira de Santana, a I, n. 1, p. 123-126, 2004
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