Documentário
bem dirigido e admirável fotografia em preto e branco de uma tradição pesqueira
já extinta, mas imortalizada nas fotos turísticas relacionadas com Salvador e
nas gravuras minimalistas de Caribé, um dos ícones da arte baiana.
Obra seminal do documentarista Alexandre Robatto
Filho, "Entre o mar e o tendal" é resultado de cinco meses de
filmagem, quando, após vivência com a comunidade de pescadores na praia de
Itapuã, o diretor consegue reunir material suficiente para montar o
curta-metragem. Afeiçoado aos temas marítimos e instigado pela vida singular
daquela comunidade pesqueira que ainda preservava os hábitos praticados pelos
seus antepassados que eram escravos, o documentarista coloca em cena, fazendo
uso de uma linguagem cinematográfica apurada e estética marcante, o desenrolar
das atividades que iam desde os a armação de redes, a coleta dos xaréu (espécie
de peixe que passavam pela região) e o transporte para o tendal (local de ação
dos encarregados de conservar as redes). A força poética é percebida não
somente no modo como as imagens são apresentadas em tela, mas também pelo texto
que, embora detalhista, traz lirismo, tornando-o não apenas informativo.
Segundo um consenso entre os estudiosos do cinema brasileiro e em especial
baiano, este filme exerceu forte influência na concepção e gênese de Barravento
(1962) de Glauber Rocha, filme expoente da cinematografia brasileira.
Realização
e Direção: Alexandre Robatto Filho: Colaboração Técnica: Manoel Ribeiro;
Arranjos Musicais executados por Bandeirantes; Narração: Alfredo de Almeida;
Cânticos de Aruanda com os tiradores Nezinho, Marcos e Coro de Carimbamba.
Produção: Diretoria do Arquivo, Divulgação e Estatística a Prefeitura de
Salvador.
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