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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

TÓPOS E KRONOS - VII

RONALDO SENNA – Mestre, Doutor, Antropólogo, escritor, professor aposentado: Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Universidade Católica de Salvador (UCSAL).

TÓPOS E KRONOS - VI


 


A ACOMODAÇÃO DAS CERTEZAS

O destino das certezas

E a sua substituição

Com arrogância, sutilezas,

Silêncio ou ostentação.


Pensamos que são equivocadas

 As previsões não acontecidas;

Apenas estão impossibilitadas

Pelas chegadas sem partidas.


E que sonhamos acordados,

Iludidos e enganados

Por nossa própria vaidade.


Mas, logo chega a vitória

Clara e imposta pela história

E sua intensa realidade.

FENÔMENOS E SEMELHANÇAS

E fato que as semelhanças (vistas como concretudes nas mentes que não conseguem separar o fenômeno da essência) ressigni- ficam o homem no mundo, que passa a se imaginar como ponta de lança das totalida­des, retrabalhando, assim, dogmas e outros fanatismos.

Quando o homem cria Deus à sua ima­gem e semelhança, cria o mundo dos deuses à imagem e semelhança do seu, que é real e suposto, subjetivo e introjetado. O distante e o invisível interiorizam-se em seu âmago. Assim, suas ânsias e tormentos mais íntimos se projetam nos quadrantes mais longínquos.

Torna-se compreensível, portanto, que se procure completar com o universo míti­co; que supra a sua carência com o outro mundo , o sobrenatural, o transcendente, o metafísico: que vá buscar no passado, con­siderando todas as reflexões que já fizemos sobre esta referência, os reflexos da sua an­gústia.

O mundo de hoje nega o de ontem, para poder crer em si mesmo como algo real, as­sim como nos mais diversos tipos de crise, vemos pessoas e grupos lançando-se ao pas-sado para inventar o presente insatisfatório. Nossa inquietude procura, nas raízes, os ele-mentos positivos e negativos, onde, muitas vezes se invertem.

Assim como os homens morrem e, ao passar pela morte,transformam-se em algo ou alguém diferente do que eram - para os seus contemporâneos ou para aqueles que ainda viriam - também os seus deuses ten¬dem a seguir a mesma trilha, na redefinição dos sentidos que as culturas subsequentes costumam imprimir aos fenômenos que sur-giram para satisfazer necessidades passadas.

A História, ao tratar das coisas que suce-deram , envolve-se com um passado das realizações do homem construído no corpo de um plano específico, que vai satisfazer certas necessidades físicas e sociais desse homem e, também, vai fazer a sua humani-dade ao projetar no espaço real de sua vida algumas de sua ambições, de suas esperanças, de suas utopias (Sousa, 1998:119).

Esboçando metas ambiciosas, delinean¬do formas de esperar e intentando atos e eventos utópicos, vai criando, imaginaria- mente, um fim a ser alcançado, cuja realiza¬ção se instala na consciência subjetiva onde estão esses fenômenos que sempre se mani¬festam fora de alcance.

Com isso, projetamos nossas preferências e a muito bem construída teia do ima¬ginário consideramos fato quando, na reali¬dade, não tem como passar de um conjetura. É que assim nos realizamos ante os nossos próprios referenciais. Claro, é bem mais agradável ver o oceano da história como um mar de almirante no lugar do que ele realmente é: ondas se deslocando em vários e desconcertantes disfarces e impulsionadas pelos processos.


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