O destino das certezas
E a sua substituição
Com arrogância, sutilezas,
Silêncio ou ostentação.
Pensamos que são
As previsões não acontecidas;
Apenas estão impossibilitadas
Pelas
chegadas sem partidas.
E que sonhamos acordados,
Iludidos e enganados
Por nossa própria
vaidade.
Mas, logo chega a vitória
Clara e imposta pela história
E sua intensa realidade.
E fato que as semelhanças (vistas como
concretudes nas mentes que não conseguem separar o fenômeno da essência)
ressigni- ficam o homem no mundo, que passa a se imaginar como ponta de lança
das totalidades, retrabalhando, assim, dogmas e outros fanatismos.
Quando o homem cria Deus à sua imagem e
semelhança, cria o mundo dos deuses à imagem e semelhança do seu, que é real e
suposto, subjetivo e introjetado. O distante e o invisível interiorizam-se em
seu âmago. Assim, suas ânsias e tormentos mais íntimos se projetam nos
quadrantes mais longínquos.
Torna-se compreensível, portanto, que se procure
completar com o universo mítico; que supra a sua carência com o outro mundo ,
o sobrenatural, o transcendente, o metafísico: que vá buscar no passado, considerando
todas as reflexões que já fizemos sobre esta referência, os reflexos da sua angústia.
O
mundo de hoje nega o de ontem, para poder crer em si mesmo como algo real, assim
como nos mais diversos tipos de crise, vemos pessoas e grupos lançando-se ao
pas-sado para inventar o presente insatisfatório. Nossa inquietude procura, nas
raízes, os ele-mentos positivos e negativos, onde, muitas vezes se invertem.
Assim como os homens morrem e, ao passar pela
morte,transformam-se em algo ou alguém diferente do que eram - para os seus
contemporâneos ou para aqueles que ainda viriam - também os seus deuses ten¬dem
a seguir a mesma trilha, na redefinição dos sentidos que as culturas
subsequentes costumam imprimir aos fenômenos que sur-giram para satisfazer
necessidades passadas.
A História, ao tratar das coisas que suce-deram ,
envolve-se com um passado das realizações do homem construído no corpo de um
plano específico, que vai satisfazer certas necessidades físicas e sociais desse
homem e, também, vai fazer a sua humani-dade ao projetar no espaço real de sua
vida algumas de sua ambições, de suas esperanças, de suas utopias (Sousa,
1998:119).
Esboçando metas ambiciosas, delinean¬do formas de
esperar e intentando atos e eventos utópicos, vai criando, imaginaria- mente,
um fim a ser alcançado, cuja realiza¬ção se instala na consciência subjetiva
onde estão esses fenômenos que sempre se mani¬festam fora de alcance.
Com isso, projetamos nossas preferências e a muito bem
construída teia do ima¬ginário consideramos fato quando, na reali¬dade, não tem
como passar de um conjetura. É que assim nos realizamos ante os nossos próprios
referenciais. Claro, é bem mais agradável ver o oceano da história como um mar
de almirante no lugar do que ele realmente é: ondas se deslocando em vários e
desconcertantes disfarces e impulsionadas pelos processos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário