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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

TÓPOS E KRONOS - V

RONALDO SENNA – Mestre, Doutor, Antropólogo, escritor, professor aposentado: Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Universidade Católica de Salvador (UCSAL).

 O CONTÍNUO ESPAÇO TEMPO CONTIDO NA DIMENSÃO HUMANA

 

O espaço-tempo da humanidade

Nas dimensões planetárias,

Embora de grande diversidade,

É irrelevância parasitária

 

Disso temos consciência

Por força de reflexão,

Conhecimento, fé, coerência

Sabedoria, equilíbrio e razão

 

Suposto dono do universo,

Constrói um destino perverso

Para si, os seus e o mundo.

 

Naõ podendo vencer o tempo,

Vira poeira ao vento

De todo acontecimento profundo


A LIMINARIDADE HUMANA E SUAS LIMITAÇÕES

 O contínuo tempo-espaço é envolvido por projetos, mitos e instalações que não podem negar, contudo, a situação sócio-cul­tural do homem como ser liminar. A existên­cia constatada acontece entre o nascimento e a morte, entre o surgir e o terminar. O alfa e ômega terminam por povoar, na consciên­cia, o fechamento de um círculo e o enlace basilar da eternidade.

Sendo finito e limitado, não pode - o homem - construir, para si, uma eternidade por inteiro. Pode, isto sim, perenizar-se, des­de quando o seu projeto vital lança-o para a frente, para o futuro, cuja finitude pode ser, no campo do imaginário, escoimada e adiada. A mortalidade inevitável do homem reflete-se, neste quadro, como o sujeito do existir. Os deuses são imortais porque o ho­mem é mortal. E, mais que isso, diferente dos outros seres vivos, sabe que vai trilhar essa fatalidade.

Só que esta mortalidade torna-se, du­rante a vida, existencialmente inaceitável.

Por esse motivo, procuramos, quase sempre, projetar a perpetuidade desejada em nossos filhos e obras. Não é por acaso que aquele que produz  livros, muitas vezes os chama de filhos e os escritores, criando as academias, intitulam-se imortais. Não basta sentir o passado, temos que alcançar o futuro.

Por força do que vimos como destino e por uma reflexão contida no processo, a re­alidade humana é um devir, um gigantesco e contínuo rito de espera. Isto leva a observar que a visão do homem se faz para a frente e, por isso, tempo e espaço a sua frente não acabam. No entanto, o mesmo não se dá com o passado.

Diferente do futuro, onde o ser final pode ser infinitamente projetado, o seu pas­sado necessita ter um marco, um início. A cosmogonia pode ser algo que não acabe, mas não pode ser uma manifestação que não comece.

A incessante e incansável busca das ori­gens é, em todas as culturas, o mito como narrativa desta génese que só existe para tentar explicar o mundo e compreender a vida, dando a eles um sentido coerente fren te ao absurdo da morte.E a morte só deixa de ser absurda quando prolongamos a vida além de um final físico, quando a vida nega a morte, ou seja, temos de matar a morte para viver a vida.

Este ato de desnaturalização da morte (a idealização da vida) é, tudo indica, ge-nialmente construído de forma sistemática e dialética. Sistemática porque esta atitu¬de, além de conceber e formatar diferentes planos de lucidez, também hierarquiza as convicções e envolvimentos. Dialéticas e reflexivas porque esses estados e hierarquias podem, ao sabor das circunstâncias, flutuar, entre as alternâncias, alteridades e ambivalências.

O aparelhamento do espírito, a partir das possibilidades emanadas do meio circundante, instala-se nas realidades descorbertas ou inventadas ao sabor dos acontencimentos, determinado, assim, o surgimento da certeza e a angústia das dúvidas.


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