RONALDO SENNA – Mestre, Doutor, Antropólogo, escritor, professor aposentado: Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Universidade Católica de Salvador (UCSAL).
O CONTÍNUO ESPAÇO TEMPO CONTIDO NA DIMENSÃO HUMANA
O espaço-tempo
da humanidade
Nas
dimensões planetárias,
Embora de
grande diversidade,
É irrelevância
parasitária
Disso temos consciência
Por força de
reflexão,
Conhecimento,
fé, coerência
Sabedoria,
equilíbrio e razão
Suposto dono
do universo,
Constrói um
destino perverso
Para si, os
seus e o mundo.
Naõ podendo
vencer o tempo,
Vira poeira
ao vento
De todo
acontecimento profundo
A LIMINARIDADE HUMANA E SUAS
LIMITAÇÕES
Sendo finito e limitado, não pode
- o homem - construir, para si, uma eternidade por inteiro. Pode, isto sim,
perenizar-se, desde quando o seu projeto vital lança-o para a frente, para o
futuro, cuja finitude pode ser, no campo do imaginário, escoimada e adiada. A
mortalidade inevitável do homem reflete-se, neste quadro, como o sujeito do
existir. Os deuses são imortais porque o homem é mortal. E, mais que isso,
diferente dos outros seres vivos, sabe que vai trilhar essa fatalidade.
Só que esta mortalidade torna-se,
durante a vida, existencialmente inaceitável.
Por esse motivo, procuramos, quase sempre, projetar a perpetuidade desejada
em nossos filhos e obras. Não é por acaso que aquele que produz livros, muitas vezes os chama de filhos e os
escritores, criando as academias, intitulam-se imortais. Não basta sentir o
passado, temos que alcançar o futuro.
Por força do que vimos como
destino e por uma reflexão contida no processo, a realidade humana é um devir,
um gigantesco e contínuo rito de espera. Isto leva a observar que a visão do
homem se faz para a frente e, por isso, tempo e espaço a sua frente não acabam.
No entanto, o mesmo não se dá com o passado.
Diferente do futuro, onde o ser
final pode ser infinitamente projetado, o seu passado necessita ter um marco,
um início. A cosmogonia pode ser algo que não acabe, mas não pode ser uma
manifestação que não comece.
A incessante e
incansável busca das origens é, em todas as culturas, o mito como narrativa
desta génese que só existe para tentar explicar o mundo e compreender a vida,
dando a eles um sentido coerente fren te
ao absurdo da morte.E a morte só deixa de ser absurda quando prolongamos a vida
além de um final físico, quando a vida nega a morte, ou seja, temos de matar a
morte para viver a vida.
Este ato de
desnaturalização da morte (a idealização da vida) é, tudo indica, ge-nialmente
construído de forma sistemática e dialética. Sistemática porque esta atitu¬de,
além de conceber e formatar diferentes planos de lucidez, também hierarquiza as
convicções e envolvimentos. Dialéticas e reflexivas porque esses estados e
hierarquias podem, ao sabor das circunstâncias, flutuar, entre as alternâncias,
alteridades e ambivalências.
O aparelhamento do
espírito, a partir das possibilidades emanadas do meio circundante, instala-se
nas realidades descorbertas ou inventadas ao sabor dos acontencimentos,
determinado, assim, o surgimento da certeza e a angústia das dúvidas.
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