DECARNEIRO, a primeira loja de departamento de Feira de
Santana, ápice da trajetória da família Carneiro capitaneada por Martiniano,
mas vamos para o início que eu testemunhei.
Eu era muito criança, quando vi uma coisa muito interessante, uma impressora antiga de tipografia enorme transportada rolando em cima de toros, um bom grupo estava assistindo a invenção de como transportar uma coisa muito pesada. Esta imagem me marcou pela engenhosidade, até recentemente, assistindo na televisão um engenheiro demonstrando como os antigos transportavam pedras de três a quatro toneladas para a construção de pirâmides, no Egito. Era a mesma técnica. Mas da onde vinha esta máquina e qual era o destino.
Só entendi muitos anos depois, era Martiniano mudando a tipografia que
não sei bem onde era, para a nova sede. Tinha comprado uma casa e construído ao
lado uma loja e no fundo era a nova tipografia. Não conheci a antiga, sei que
tinha jornal, Tonton me mostrou uma página deste hebdomadário (epa), ficou de
me dar um número, mas nunca recebi. Martiniano era jornalista, político, tipógrafo
e empresário, a nova loja era papelaria, material elétrico, uma variedade de
produtos e principalmente uma excelente tipografia com impressoras modernas, na
porta tinha bomba de gasolina, e foi até concessionário dos automóveis Kaiser,
com três modelos, o próprio Kaiser, apelidado de “cintura fina”, antigamente
todo carro tinha um apelido posto pelo povo, o Frazer e Henry J. “frango assado”.
Vista interna de um dos departamentos |
Mas agora quero
escrever o apogeu da trajetória de Martiniano, DECARNEIRO.
Contrataram um arquiteto, indicado por nós, o mesmo que projetou o Cinema e Teatro Santanópolis e o prédio em que nós moramos junto a prefeitura, Aurelino, professor da Faculdade de Arquitetura da UFBA, quatro pavimentos, tinha até elevador de carga, feito em Feira.
Martiniano comprou uma nova residência, derrubando a casa onde morava e a loja para a construção do novo prédio, surgindo uma bela loja. Loja requintada diferente, não era um amontoado de mercadorias era tudo bem arrumado, como mostra a foto ao lado.
A inauguração
foi uma festa, o orgulho de Martiniano estava estampado no semblante, aquela
imagem de um vencedor quando rompe a fita na corrida do sucesso.,
O ambiente era de luxo, todo mundo
vestido para a ocasião, era um grande dia para a família Carneiro, eu estava
muito alegre, de certa forma me achava colado à família, pela amizade com
todos.
Aí veio a melhor parte, o almoço familiar de comemoração, foi reunida toda a família até Etinho veio do Rio de Janeiro com a esposa.
Da esquerda para direita: Martiniano, D. Semi, Ivone esposa de Waltinho; Wilma; Etinho e esposa, ao lado; Neuza e Issinho. |
Mas era um
dia diferente, era outra pessoa, liberal brincando aceitando brincadeiras, todos
bebendo vinhos, começaram a contar casos, cada um lembrando as besteiras dos
outros, era muita risada, era dia de festa. Até Etinho resolveu extrapolar e
disse, Tino e Nazaré? – era uma mulher dona de um castelo (local de encontros
amorosos).
Todo mundo olhou estupefato para Martiniano esperando a reação. Mas era um dia que nada tirava a alegria dele, e aí como antigo ator amador, engraçadíssimo e de repentes, respondeu: “Nazaré, grande cidade do recôncavo junto a Maragogipe...” ai risadaria campeou no recinto.
No final do
almoço, Martiniano demonstrou a vontade de reunir toda família em torno do novo
empreendimento em Feira, com Tonton administrando o Posto de Gasolina em
sociedade com Renato, apelando para Etinho vir do Rio de Janeiro para fixar
morada em Feira, ajudando a tocar a nova loja. Mas a esposa de Etinho declinou
do convite, acostumada a grande ex-capital do Brasil, não viria para o interior
da Bahia.
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