Muniz Sodré de Araújo Cabral nasceu na cidade de São Gonçalo dos Campos
- BA, em 12 de janeiro de 1942. Passou sua infância em Feira de Santana,
estudou no Colégio Santanópolis desta cidade. Mais tarde, na cidade de
Salvador, iniciou sua vida profissional como colaborador do Jornal da
Bahia, exercendo também a função de tradutor, no Departamento de Turismo da
Prefeitura. Transferiu-se anos depois para o Rio de Janeiro, onde ganhou
notoriedade como professor e ensaísta.
Cursou mestrado em Sociologia da Informação na Universidade de Paris III
– Sorbonne, Doutorado em Letras na Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ) e Pós-doutorado na École des Hautes Études em Sciences Sociales, na
França. É membro, entre outros, da Sociedade de Estudos da Cultura Negra
no Brasil (SECNEB) e da Associação Brasileira de Semiótica.
Pesquisador das línguas iorubá (nagô) e do crioulo de Cabo Verde, é
também Obá de Xangô do terreiro baiano de Axé Opô Afonjá. Colaborou para
o Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo, revistas Visão e Traverses.
Intelectual afrodescendente e um dos mais destacados pensadores brasileiros
contemporâneos, Sodré é vinculado ao Programa de Pós-graduação em Comunicação e
Cultura da UFRJ.
Pioneiro no campo dos estudos comunicacionais no país e autor de
importantes contribuições sobre comunicação e cultura, tem livros publicados no
Brasil e no exterior, sendo sua obra importante referencial para os estudos
sobre comunicação, cultura brasileira e em especial sobre a condição da
população afrodescendente e suas formas de resistência cultural.
Crítico da mestiçagem enquanto ideologia redutora do negro, Sodré
denuncia o projeto de “atenuação biológica” entre peles claras e escuras que
busca fazer da miscigenação uma “solução de compromisso” entre o branco e o
negro. Denuncia ainda a confusão entre o biológico e o cultural presente nessa
ideologia como sendo a mesma que sustenta o pensamento racista.
No campo da ficção, é autor de três livros de contos – Santugri:
histórias de mandinga e capoeiragem (1988), Rio, Rio (1995)
e A lei do santo (2000) – e de dois romances: O bicho
que chegou a feira (1991) e Bola da vez (1994). Em
todos eles, o sujeito negro brasileiro ganha destaque, seja enquanto
individualidade e consciência de si, seja enquanto coletivo social irmanado por
experiências comuns e integrado à forte presença cultural e religiosa oriunda
da diáspora africana no Brasil.
PUBLICAÇÕES
Obra individual
Santugri: histórias de mandinga e
capoeiragem. Rio de Janeiro: José Olympio, 1988. (contos).
O bicho que chegou à feira. Rio de Janeiro:
Francisco Alves, 1991. (romance).
Bola da vez. Rio de Janeiro: Notrya, 1994.
(romance).
Rio, Rio. Rio de Janeiro: Relume-Dumará,
1995. (contos).
A lei do santo. Rio de Janeiro: Bluhm, 2000.
(contos).
Não Ficção
A comunicação do grotesco. [S.l.]:
[s.n.],1971.
A ficção do tempo: análise das narrativas de Science
fiction. Petrópolis: Vozes, 1973.
Teoria da literatura de massa. Rio de Janeiro:
Tempo Brasileiro, 1978.
O dono do corpo. Rio de Janeiro: Codecri, 1979.
Best seller: a literatura de mercado. São Paulo:
Ática, 1985.
Televisão e psicanálise. São Paulo: Ática,
1987.
A verdade seduzida: por um conceito de cultura no
Brasil. Rio de Janeiro: CODECRI, 1983; 2. ed. Francisco Alves, 1988.
O terreiro e a cidade: a forma social
negro-brasileira. Petrópolis: Vozes, 1988.
Cultura negra e ecologia. Rio de Janeiro:
UFRJ-CIEC, 1989.
A máquina de Narciso. São Paulo: Cortez, 1990.
O Brasil simulado e o real. Rio de Janeiro:
Rio Fundo, 1991.
Rede imaginária: televisão e democracia. São Paulo:
Companhia das Letras, 1991.
O social irradiado: violência urbana, neogrotesco e
mídia. São Paulo: Cortez, 1992.
Jogos extremos. Rio de Janeiro: Rocco, 1994.
Um vento sagrado. Rio de Janeiro: Mauad, 1996.
Anatomia da crise. Rio de Janeiro: Revan, 1998.
Direitos humanos no cotidiano. São Paulo:
SNDH-USP, 1998.
Reinventando la cultura. Barcelona: Gedisa,
1998.
Samba, o dono do corpo. Rio de Janeiro:
Mauad, 1998.
Multiculturalismo. Rio de Janeiro: DPeA, 1999.
Claros e escuros. Petrópolis: Vozes, 1999; 2. ed.,
2000.
Antropológica do espelho. Petrópolis:
Vozes, 2001.
O monopólio da fala. Petrópolis: Vozes, 2001.
Reinventando a cultura. Petrópolis:
Vozes, 2001.
Mestre Bimba: corpo e mandinga. Rio de Janeiro:
Manati, 2002.
Sociedade, mídia e violência. Porto Alegre:
Sulina/Edipucrs, 2002.
As estratégias sensíveis: afeto, mídia e
política. Petrópolis: Vozes, 2006.
A narração do fato: notas para uma teoria do
acontecimento. Petrópolis: Vozes, 2009.
A ciência do comum: notas para o método
comunicacional. Petrópolis: Vozes, 2014.
Pensar nagô. Petrópolis: Vozes, 2017.
Antologia
Literatura e afrodescendência no Brasil: antologia crítica. Organização de Eduardo de Assis Duarte. Belo
Horizonte: Editora UFMG, 2011, vol. 2, Consolidação.
TEXTOS
- Muniz Sodré - Textos selecionados
- Muniz Sodré - Viagem a Ititioca
- Muniz Sodré - PURIFICAÇÃO
- Muniz Sodré - METAFÍSICA DO GALO
- Muniz Sodré - SANTUGRI
CRÍTICA
FONTES DE CONSULTA
Enciclopédia de literatura brasileira. Direção de A. Coutinho e J.
Galante de Sousa. 2. ed. rev., ampl., il., sob coordenação de Graça Coutinho e
Rita Moutinho. São Paulo: Global Editora; Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca
Nacional/DNL: Academia Brasileira de Letras, 2001. vol II. p. 1520.
PAULA, Rodrigo Pires. A construção das afro-identificações na ficção de
Muniz Sodré. (Mestrado em Letras). Faculdade de Letras. UFMG, 2009.
PAULA, Rodrigo Pires. Muniz Sodré. In DUARTE, Eduardo de Assis. (Org.).
Literatura e afrodescendência no Brasil: antologia crítica. Vol. 2,
Consolidação. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.
LINKS
- Muniz Sodré na wikipedia
- A construção das afro-identificações na ficção de
Muniz Sodré - Rodrigo Pires
Paula
- Discurso proferido por Muniz Sodré no recebimento do
Prêmio Luiz Beltrão
- Roda Viva com Muniz Sodré
- Ciência & Letras: Comunicação e Jornalismo -
Canal Saúde Oficial
- Reinventando a Educação: Diversidade, descolonização
e redes - Entrevista com Muniz Sodré - Univesp
- Muniz Sodré: A imprensa
reflete o racismo no Brasil por inteiro
- Diversidade e diferença -
Muniz Sodré - Revista Científica de Información y Comunicación
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