Baiano de Ubaíra, cidade do centro-sul do Estado, Edelvito Campelo
d’Araújo, diplomado pela Faculdade de Direito da Bahia, mudou-se para Santa
Catarina na década de 30. Exerceu as funções de Promotor Público em Chapecó e
Curitibanos e ocupou outros cargos públicos. No governo de Nereu de Oliveira Ramos
(Nereu foi governador do Estado, presidente do Senado e da Câmara dos
Deputados, presidente da República, ministro da justiça e ministro da
educação), Edelvito, além de servir como Delegado Especial, assumiu a diretoria
da Penitenciária Pedra Grande, onde desenvolveu
trabalho pioneiro que mereceu estudo das doutoras Fernanda Rabelo e Sandra
Caponi (Hist. cienc. saúde-Manguinhos, vol. 14, nº. 4 – Rio de Janeiro – 2.007
– “O gabinete do doutor Edelvito Campelo d’Araújo: Pedra Grande como espaço de
construção de um saber”).
Na época assumiam grande importância os estudos das ciências criminais,
apontados como esperança de conter a criminalidade e recuperar os delinquentes
para a vida social. As prisões brasileiras pouco se diferençavam das existentes
nos tempos do Império. “Araújo – afirmam as doutoras Fernanda e Sandra -
estudou minuciosamente a figura do detento, desde as principais doenças
que atingem a população carcerária até os hábitos e as motivações dos
penitenciários, chegando á particularidade de estudar o crime por semana, por
dia, por hora, além de averiguar as possíveis relações e criar categorias
inesperadas, comparando a frequência do delito em relação a estado civil,
idade, sexo e raça do indivíduo.
“Edelvito Campelo d’Araújo provém dessa ‘nova classe’ de homens
letrados, jurista baiano, nascido em 24 de janeiro de 1904, com um pensamento
muito influenciado pela Escola Positivista de Direito, seu objetivo na
Penitenciária Pedra Grande é disciplinar para fazer ciência, ou vice-versa”.
Adiante esclarecem:“Os resultados de suas pesquisas foram publicados
numa espécie de edição comemorativa dos dez anos de funcionamento da
Penitenciária, em 1940, que foi oferecida às maiores autoridades do país.
Edelvito era homem de excelentes ralações políticas e sociais no âmbito
regional e federal, a ponto de o presidente Getúlio Vargas ter comparecido,
também em 1940, à inauguração de um dos pavilhões da Pedra Grande”.
Em 1944 Edelvito instalou escritório de advocacia nesta cidade,
especializando-se em Direito Imobiliário, principalmente em questões de posse e
domínio. Feira ainda se debatia na reforma agrária e urbana, espontânea, que se
consolidou algum tempo depois, gerando muitos conflitos. Secretário da Prefeitura, foi professor do Colégio Santanópolis, prefeito substituindo João Barbosa
de Carvalho, vereador pelo PSD e presidente da Câmara. Procurador do Município,
em 1964 presidiu comissão de funcionários municipais encarregada de abrir o
cofre da Prefeitura após o afastamento do prefeito Francisco Pinto, do que se
lavrou ata, que Edelvito firmou, com os demais, em que foram arrolados todos os
interessantes papeis encontrados no referido cofre. A ata nunca foi levada a público, mas ainda existe. É documento
histórico de subido relevo.
Edelvito Campelo, em 1965, foi eleito presidente da Associação dos
Advogados de Feira. Em 1972, com a criação da sub-seção local da OAB, assumiu
as funções de presidente do órgão.
Após sua morte, em 1977, a viúva, D. Lourdes Araújo, doou à OAB local,
então presidida por Antonio Navarro Silva, o acervo jurídico do renomado
jurista, composto de livros e revistas especializadas, que
no decorrer do tempo desapareceram, como outras, também doadas. Mudam os
tempos. Alguns papeis, entretanto, ficam.
Fonte: Publicado
no Blog por Hugo – 30/3/2012
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