Amigos insistem que deveria colocar no blog, o significado da pecuária para crescimento da região de Feira de Santana. Resolvi colocar espaçadamente, o tema.
ORIGEM DA PECUÁRIA
Há seis milhões de anos o
ancestral do homem já convivia com animais. Arqueólogos encontraram enterrados junto
ancestral humano e de um ancestral de lobo[1].
Presume-se ser o inicio da domesticação de animais, o lobo sendo companheiro de
caça. A pecuária como fornecedoras de alimentos e força motriz e meio de
transporte já é registrada cerca de 100.000 atrás pelos caçadores-coletores que
aprenderam a aprisionar animais para estocá-los vivos para posterior abate
percebendo depois a possibilidade de administrar-lhe a reprodução.
A atividade passou a representar grande fundamento
econômico, atestado pela a etmologia do nome, Pecus quer dizer
"cabeça de gado". É a mesma raiz latina de "pecúnia" (moeda,
dinheiro) [2].
A criação de gado é uma das mais velhas profissões
conhecidas. Ela é mencionada na Bíblia como a primeira tarefa dada por Deus a Adão:
nomear e cuidar do Jardim do Éden
e dos animais
(Gêneses).
Nos primeiros estágios da pecuária, o homem continuava nômade,
e maioria das vezes conduzia seus rebanhos domesticados em suas perambulações,
já não procurando a caça, mas sim novas pastagens para alimentar o rebanho. A
pecuária é muito anterior à agricultura, só há evidência da prática da
agricultura desde 8.000 anos a.c, mas seus efeitos foram drásticos sobre a
pecuária, pois a agricultura fixou o homem no lugar do plantio, e portanto
novas soluções para a pecuária tiveram de ser implementadas[3].
A atividade pecuária passou a ter importância primordial no
desenvolvimento, principalmente dos povos que conheciam as tecnologias com usos
dos animais: no transporte, na
agricultura, como força motriz, na guerra – a cavalaria era a maior arma de
guerra, os mongóis com seus rápidos pôneis, fizeram as maiores conquistas
militares no início do século XII até o século XIII, dominou parte do mundo
conhecido na época, até hoje não há um povo tão vencedor no mundo.
A PECUÁRIA NO BRASIL IMPÉRIO
A
origem do Gado Crioulo na América Latina, possivelmente, é dos antigos bovinos
Hamíticos, caracterizados por chifres longos, domesticados no Egito há
aproximadamente 4000 anos a.C., e introduzidos no sul da Espanha procedentes da
África do Norte[4].
No Brasil, o primeiro rebanho de bovinos, trazido por
colonizadores, foi desembarcado em São Vicente no ano de 1534. Mas é considerado o
início da atividade da pecuária no Brasil em 1549. Em seis barcos, a grossa
expedição aportara à Bahia, em 29 de março de 1549, comandada por Tomé de
Souza, a quem el-rei D. João III, confiara a edificação da Capital do Novo
Estado, trazendo como almoxarife da fazenda real, um rapaz protegido do
primeiro governador, chamado - Garcia D'Avila[5].
Na Bahia as melhores terras eram
destinadas aos canaviais. No início o gado pastava nas terras das moendas,
necessidade cada vez maior de expansão dos canaviais, foi levando o gado para o
sertão, Pernambuco, Piauí, Maranhão.
Primeiro o gado veio da Europa com as finalidades
principais: de transporte, carga e pessoas; força motriz, mover moendas; e
agricultura. O couro como embalagem, na fabricação de móveis, na indumentária e
outras aplicações era mais importante do que como alimento
O século dezenove, década de 30 a constatação do gado europeu
não tinha fácil adaptação e o surgimento do gado indiano, levou alguns autores a dividirem a atividade pecuária brasileira em duas fases: antes e depois da
introdução do gado Indiano. Vale citar Miguel Calmon Du Pin de Almeida, Marquês
de Abrantes, em seu livro “Ensaio sobre o fabrico de açúcar” de 1827. “A
Malabar[6]
he sem duvida alguma a raça que deve ser propagada no Brasil de preferencia á
Europea, de que nos servimos ainda. Indigena da Zona-torrada, affeito á um
clima abrasador, e humido, o boi Malabar dà-se milhor em nosso Paiz , que o de
origem diversa. A experiencia assim o tem provado. Além de ser mais forte, e
activo para o serviço, conserva-se sempre nutrido, he mais vividor, e menos
sugeito á molestia.
É interessante repensar como era a importância da pecuária
no dia a dia, no século XIX. Tomemos como exemplo o dia a dia no Rio de
Janeiro no inicio do século dezenove.
Figura 1 - vendedor de capim e leite Gravura de Debret |
A partir de 1817 a cultura do capim-de-angola tornou-se,
nas proximidades do Rio de Janeiro, um excelente negócio, que se estendeu cada
vez mais, de ano para ano, em razão do acréscimo de luxo na capital e a tal ponto
que, dois anos depois, já se via esse capim plantado em toda a parte inferior
das colinas circunvizinhas, desde Botafogo até Engenho Velho.
Esta planta, que cresce com facilidade, atinge mais de seis pés de altura nos terrenos úmidos. Replanta-se de garfo por tufos distribuídos em sulcos, mas é indispensável proteger o broto, arrancando constantemente as ervas daninhas que podem asfixiá-lo, bem como adubar de quando em quando o terreno nos lugares áridos. Após vários cortes, o capim principia a crescer demasiado magro e é preciso arrancálo para preparar nova plantação.
Essa espécie de grama colossal, feno verde muito aquoso, pouco substancial, portanto é transportada para a cidade em enormes molhos piramidais armados em torno de uma vara comprida, pesado fardo que um negro sozinho consegue carregar à cabeça. Transportam-no também em grandes feixes separados e carregados a lombo de burro, e ainda em pequenos carros; neste último caso, os feixes de capim são tão pequenos que são precisos pelo menos cinco para a alimentação diária de um cavalo. Esses feixes vendem-se a dois vinténs. Nas casas ricas, o abastecimento regular de capim faz-se por assinatura (ver gravura 1 acima).
A venda de capim cessa às dez horas da manhã nas ruas, continuando no mercado da praça do capim e em alguns outros lugares reservados a esse tipo de abastecimento. Já se viu, em tempo de seca, triplicar o preço do capim; em compensação, três ou quatro dias de chuva bastam para que se obtenha um novo corte.
Para compreender o grande consumo desse feno artificial, bastará observar que a totalidade dos ricos negociantes reside nos arrabaldes da cidade (comparáveis à Chaussée d’Antin, de Paris); que todas as suas famílias têm carruagem; que os rapazes andam a cavalo, e que se encontram mesmo, na estrada, pequenos cavaleiros de cinco a oito anos montados em potros segurados pela rédea por criados a pé, que fazem de escolta. Acrescente-se o número de negociantes ingleses que usam o cabriolé ou andam a cavalo e ter-se-á idéia da enorme quantidade de cavalos diariamente em circulação na cidade[7].
Esta planta, que cresce com facilidade, atinge mais de seis pés de altura nos terrenos úmidos. Replanta-se de garfo por tufos distribuídos em sulcos, mas é indispensável proteger o broto, arrancando constantemente as ervas daninhas que podem asfixiá-lo, bem como adubar de quando em quando o terreno nos lugares áridos. Após vários cortes, o capim principia a crescer demasiado magro e é preciso arrancálo para preparar nova plantação.
Essa espécie de grama colossal, feno verde muito aquoso, pouco substancial, portanto é transportada para a cidade em enormes molhos piramidais armados em torno de uma vara comprida, pesado fardo que um negro sozinho consegue carregar à cabeça. Transportam-no também em grandes feixes separados e carregados a lombo de burro, e ainda em pequenos carros; neste último caso, os feixes de capim são tão pequenos que são precisos pelo menos cinco para a alimentação diária de um cavalo. Esses feixes vendem-se a dois vinténs. Nas casas ricas, o abastecimento regular de capim faz-se por assinatura (ver gravura 1 acima).
A venda de capim cessa às dez horas da manhã nas ruas, continuando no mercado da praça do capim e em alguns outros lugares reservados a esse tipo de abastecimento. Já se viu, em tempo de seca, triplicar o preço do capim; em compensação, três ou quatro dias de chuva bastam para que se obtenha um novo corte.
Para compreender o grande consumo desse feno artificial, bastará observar que a totalidade dos ricos negociantes reside nos arrabaldes da cidade (comparáveis à Chaussée d’Antin, de Paris); que todas as suas famílias têm carruagem; que os rapazes andam a cavalo, e que se encontram mesmo, na estrada, pequenos cavaleiros de cinco a oito anos montados em potros segurados pela rédea por criados a pé, que fazem de escolta. Acrescente-se o número de negociantes ingleses que usam o cabriolé ou andam a cavalo e ter-se-á idéia da enorme quantidade de cavalos diariamente em circulação na cidade[7].
[1]
De Mais, Domenico: “Criatividade” editora Sextante.
[2]
SPRITZE,
Álvaro, EGITO, Andréa Alves de, MARIANTE, Arthur da Silva et al. Caracterização
genética da raça bovina Crioulo Lageano por marcadores moleculares RAPD.
Pesq. agropec. bras., out. 2003, vol.38, no.10, p.1157-1164. ISSN
0100-204X. Introdução.
[3]
História Por Rainer Sousa
[4]
Idem. ibidem
[5]
SPRITZE, Álvaro, EGITO, Andréa Alves de, MARIANTE, Arthur da Silva et al.
Caracterização genética da raça bovina Crioulo Lageano por marcadores
moleculares RAPD. Pesq. agropec. bras., out. 2003, vol.38, no.10, p.1157-1164.
ISSN 0100-204X
[6]
Malabar não é uma raça de bovino e sim um porto da índia onde embarcaram os
primeiras reses. N.A.
[7]
Debret, Jean Baptiste – “Viagem pitoresca e histórica ao Brasil”. P.220. A
Academia de Belas-Artes do Instituto de França, enviou uma expedição de
cientistas e artistas com a finalidade historiar o Brasil. Debret foi encubido de
gravar o cotidiano, o povo, instrumento etc. Posteriormente editou este livro
com as gravuras e descrição delas.
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