Hugo Navarro Silva |
O velho Paulino Chaves, Avaliador Judicial, brigado com
Carlos Valadares por que aquele advogado, presidente da Assembléia Legislativa
e Governador, não o procurava em seu escritório; que em certa época, Delegado,
tinha gabinete de teto cheio de gaiolas de passarinhos a despejar água,
alpistes e outros elementos orgânicos e ecológicos sobre autos, papeis,
arquivos, livros, indiciados, policiais, advogados e escrivães, e em seu arsenal
conservava pequeno Smith&Wesson somente para a missa domingueira, dizia
que homem precisa de três coisas
básicas: guarda-chuva, mulher e espingarda. O primeiro, por motivos óbvios, mulher
para quebrar o galho e espingarda porque sempre pode aparecer algum cachorro
doido por aí.
A juventude daquele tempo (anos 40/60), entretanto, queria
mais. Almejava emprego, negócio, casa, família, radio Phillips, bicicleta
Raleigh, paletó “caixão”, sapato “canoa” e, se Deus ajudasse, um Jeep velho
para facilitar as andanças amorosa. Ler, escrever e contar, somente o necessário
para a sobrevivência, que mais não era preciso, mesmo porque o trabalho
começava cedo.
Transformações inimagináveis atingiram, desde então, a
humanidade. Todos os ramos de atividade vêm sofrendo o impacto, quase diário,
de descobertas, invenções, loucuras, tecnologias e avanços científicos. A
eletrônica comanda a caminhada humana, suas conquistas e revelações. Tudo, no
planeta, a partir dos micróbios, abrangendo a totalidade dos bichos,
notadamente baleias, jacarés, papagaios,
macacos e humanos, passou para o controle de técnicos, inclusive a Economia e a
Educação, campo este em que se realiza, no Brasil, gigantesca reforma, com a
propagação de cursos universitários destinados, em pouco tempo, a superar, em
número, as escolas de primeiro grau, de modo que começar na universidade e terminar nas
primeiras letras em breve será o caminho
normal dos estudantes brasileiros.
A velocidade das mudanças afetou, profundamente, as
aspirações da juventude. Por força das novidades e manobras educacionais os
jovens, hoje, em número crescente, nada mais desejam do que carros para encher
de equipamento sonoro capaz de arrebentar tímpanos econduzi-los às esquinas,
porta de bares e qualquer lugar onde possam causar sofrimentos à população,
imitando certas casas noturnas e algumas santas igrejas que insistem em meter a Bíblia, à força, pelos ouvidos, na cabeça de pecadores renitentes.
É
novo fenômeno social que já virou moda, a síndrome de Dodô e Osmar. Não basta,
para a juventude, ir atrás. O ideal, a suprema aspiração é ter trio-elétrico
próprio e sofisticado, para atormentar o próximo e todos os que teimam em permanecer na ignorância e no
atraso.
Hugo Navarro da
Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis.
Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte".
Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida
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