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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

BEBIDA, VOLANTE E CASTIGO

Hugo Navarro Silva
Quando foram criados os meios de adaptar o motor a explosão aos veículos de transporte, há pouco mais de cem anos, a humanidade exultou com os reluzentes e poderosos automóveis postos à sua disposição que passaram a ser, como até hoje, um dos principais motivos de desejo da humanidade. Pouco tempo depois Henry Ford, com a sua linha de montagem, ensinou ao mundo a maneira de produzir automóveis em grande quantidade e preço reduzido, provocando verdadeira revolução nos transportes e no modo de vida dos norte-americanos, exportada, aos poucos, para todo o mundo.
O motor a explosão, quando colocado a serviço do transporte de pessoas e do trânsito de mercadorias, transformou, drasticamente, a vida,  paisagens e o mundo dos negócios, banindo carroças, carruagens e diligências e fazendo séria concorrência ao trem de ferro que vinha transportando o progresso nos paises mais desenvolvidos.
A pronta e algumas vezes apaixonada aceitação do automóvel, que passou a rodar em número sempre crescente, porque significa liberdade de locomoção e, em muitos casos, demonstração de bom gosto, poder e prosperidade, forçou os governos a construir estradas e viadutos, chegando à sofisticação do asfalto e das rodovias de alta velocidade, dando origem ao aperfeiçoamento da pavimentação de vias urbanas e rurais, pelo que poderíamos dizer, como estimado candidato a vereador, que o automóvel é “amigo do campo e da cidade”.
Seria difícil, hoje, calcular o número de pessoas que vivem dos transportes automotivos. A legião dos que tiram sustento da indústria, do comércio e da prestação de serviços, que gira em torno dos veículos, desde os altos dirigentes de indústrias ao simples borracheiro de ponta de rua é imensa, transformando-se, no decorrer do tempo, para usar de linguagem comum aos políticos de hoje, em gigantesco fato gerador de emprego e renda, presente em toda parte.
E de tal sorte os veículos motorizados se vêm multiplicando, sob formas variadas, que vão dos gigantescos caminhões às motocicletas, engarrafando ruas e estradas, quase sem deixar espaços para os míseros pedestres, criando graves problemas de segurança diante do crescente número de vítimas com as quais o trânsito vem enchendo hospitais e sobrecarregando a capacidade dos cemitérios, que o governo resolveu agir.
Atribui-se grande parte dos acidentes, desgraças, brigas e crimes do trânsito à cachaça, ao leite de moça, ao forra-peito nas suas diversas formas, que vão dos destilados aos fermentados, e são, como as mulatas, as verdadeiras preferências nacionais. Daí a heróica e recente providência legal que leva à cadeia e a outras punições até quem prova da caninha e se põe ao volante de veículo.
O caso tem provocado discussão e opiniões, algumas dando a entender que são frutos de alucinação alcoólica, a respeito do uso do agora famoso bafômetro, que na pressa, má fé ou ignorância do agente policial pode ser lido de forma errada, embora ninguém seja obrigado a soprar no referido instrumento, sujeito, como qualquer outro destinado a medir quantidade, volume e peso, a necessária e atualizada aferição feita por  gente especializada e ainda não corrompida.  
A bebida alcoólica faz parte da vida desde o famoso porre de Noé, em que a Bíblia, pela primeira vez, menciona o uso do vinho como parte de celebração. A bebida sempre esteve nos hábitos e comemorações, aniversários, casamentos, reuniões, no inverno e no verão, em nomes de ruas, no folclore e na literatura. Beber, entretanto, para dirigir veículo, que se transformou, ultimamente, em arma mais perigosa do que a de fogo, é costume que deve ser reprimido e punido, embora a quase unânime opinião popular, a respeito do momentoso assunto, esteja nos versos recolhidos por Luis da Câmara Cascudo:

“Bebe o chefe de polícia/ particular ou escondido,/ o padre por mais sabido/ toma seu trago na missa./ Eu também tive notiça/ ou por outra ouvi dizer,/ e tanto que posso crer/ no dizer de certa gente,/ que bebendo o presidente/ não é defeito beber.” 
Hugo Navarro da Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis. Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte". Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida

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