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A quantas copas do mundo uma pessoa assiste? Levando-se em conta uma média de vida de 65 anos e tomando-se como base, hoje, uma criança de cinco anos que já está em frente à TV, acompanhando a enxurrada de informações e imagens, assiste-se, então, em média, a 15 copas. Haja diversão para o povo. E o que representa essa movimentação de quatro em quatro anos? Desde o surgimento do primeiro mundial, em 1930, que os países se esforçam para mostrar o melhor de seu futebol, nem sempre com uma perspectiva saudável do esporte paixão das multidões. Representando a nação, a seleção eleita, queiram ou não aficionados, traz a marca da política vigente. O grupo mandante, declarada ou sutilmente, seja do ocidente ou oriente, solta os foguetes de sua ideologia. O ditador, Benito Mussolini, em 1934 e 1938, serviu-se da força máxima do futebol italiano – a “Azzurra” – para fazer propaganda do fascismo pelo mundo. A Seleção Brasileira, em 1970, foi habilmente utilizada pelo regime militar para exaltar o milagre econômico (?), enquanto, nos porões, a censura e a tortura aplicavam terríveis golpes aos defensores da democracia. Aqueles tempos de “Noventa milhões em ação”, “Prá frente Brasil”, “Salve a Seleção”, eram para o povão, tão somente, a conquista do tricampeonato, desejo fustigante no imaginário coletivo. Outro caso, o da Argentina, envolvida por uma das mais violentas ditaduras, nos anos 70. Em 1978, os militares tentaram usar o futebol argentino para melhorar a imagem de um regime cruel. As mães da Praça de Maio, então, iniciaram um movimento para torcer contra a seleção portenha. Agora, o tempo é outro. Será? Em termos de calendário – 2002. Alguns fantasmas foram exorcizados, outros, escondidos, estão à A espreita – e, materializados, disfarçados, tantos tentam contra a vida. Nações poderosas ditam as normas no planeta (no cume, EUA), com uma indústria bélica altamente sofisticada e eficiente, além de um Capital avassalador (leia-se, sobretudo, dólar). E o esporte das chuteiras é objeto desse esquema. E este Brasil? E esta seleção? Como todos sabem, ela foi classificada a duras penas e chega ao seu primeiro jogo na Copa, ganhando de 2 x 1, diga-se, com muito desacerto, inclusive, da arbitragem, segundo comentários. O que nem todos sabem, o PIB não cresce satisfatoriamente e a renda per capita é baixíssima. Mas, neste período esportivo mundial, o interesse de cada povo é ver a sua seleção ganhar. E os governantes, então! Juntando-se ao folguedo junino o carnaval do futebol, ansiosos devem estar, S. Excia., FHC, e partidários pela vitória, ainda que não-brilhante, de Felipão e os jovens milionários da bola. O coro permanece – “Prá frente Brasil”, “Salve a Seleção”. No comando, também, a política do dinheiro. Quanto comércio: bandeiras, apitos, cornetas, flâmulas, roupas, revistas, sorteios/prêmios, comidas, bebidas, ao gosto do consumidor. E depois? Depois, uns mais capitalizados, e “mundões” mais pobrezinhos. E conflitos (re) começando. Mas, há um outro lado da história, senão estaria tudo liquidado e já escrito (Maktub). A mídia tem mostrado rostos de vários povos. Apesar das diferenças étnicas, gente é gente em qualquer parte do mundo, com suas tristezas, sofrimentos, alegrias, anseios, vontades, desejos. Apesar de certo medo patológico instalado em cada pessoa/grupo social, face a intolerâncias, as divergências estão sendo administradas positivamente, ainda que de uma maneira diretiva, visando o sucesso do megaevento. Vê-se, destarte, aquela pequena luz no fim do túnel pedindo passagem. Esperança retornando. Se, durante alguns dias, há beijos, abraços, festejos, choros, signos coloridos, expansividade de culturas, por que então não aplicar o exercício/aprendizado do entendimento, da compreensão, continuadamente, com ou sem fixações no calendário? Os caminhos já estão demonstrados. Desenvolver em nível pessoal, das comunidades, das nações, a auto-estima, a atitude de tolerância. A renovação interior, de um e de muitos, pouco a pouco, espraiando-se como raios de sol nascente, possibilitará a almejada/necessária integração dos povos. Que a Copa 2002 traga novos olhares nestes tempos de Bush e Bin Laden. Há, ainda, muito por se fazer. Meditar é preciso.
Junho de 2002
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