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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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domingo, 19 de dezembro de 2021

HISTÓRIA DO INSTITUTO BAHIANO DO FUMO DE SÃO GONÇALO

Cironaldo Santos (Ciró)
Santanopolitano
    Esta semana recebemos um documento da parte de um grande amigo, ex-secretário municipal e ex-prefeito da cidade de São Gonçalo, um velho conhecido da infância, com o qual mantemos uma amizade de um verdadeiro irmão, um estudioso das coisas da cidade que, pela qualidade do conteúdo e a profundidade com que é tratada a matéria, resolvemos reproduzi-lo na integra, quando ele fala da importância do I.B.F. – INSTITUTO BAHIANO DO FUMO para o desenvolvimento do município de São Gonçalo, o qual retrata uma parte da história recente de nossa querida “CAPELA”.

    Estamos nos referindo ao advogado José Mendes, mais conhecido na sua roda de amigos mais próximos como “ZEQUINHA DE MENININHO”.

OS PASSOS DO IBF – INSTITUTO BAHIANO DO FUMO

EM SÃO GONÇALO DOS CAMPOS

José Mendes

    O município de São Gonçalo dos Campos está localizado, a 108 km de Salvador, às margens da BR-101 e integra o privilegiado clima do grupo de municípios que compõe o lago de “Pedra do Cavalo”, o mais importante manancial de abastecimento de água da região metropolitana de Salvador e outras comunidades do entorno da grande Feira de Santana.

 

    O município foi criado com os territórios limítrofes das freguesias destes com Cachoeira e Nossa Senhora do Regate das Umburanas, hoje Antônio Cardoso, que foram desmembrados de Cachoeira através da Lei Providencial de 28 de julho de 1884 há, portanto, mais de 134 anos de emancipação política, com a denominação de São Gonçalo dos Campos, seu substantivo próprio locativo.

     Desde os tempos remotos, lá para os idos de 1943, sua economia principal era o fumo, sustentáculo maior da cultura fomentadora do abastecimento e fonte de sustentação para as famílias que buscavam a sobrevivência de forma laborativa historicamente.

   Sempre foi um município de grandes tradições culturais e que necessitam serem preservados, constituídas a cidade de praças bem arborizadas, centenários oitizeiros, belos coretos, igreja erigida no estilo arquitetônico, além das áreas verdejantes que denomina como “CIDADE JARDIM”.

 São Gonçalo dos Campos foi escolhido como o primeiro município do Estado, através da Secretaria da Agricultura que instituiu a autarquia denominada I.B.F – INSTITUTO BAHIANO DO FUMO, com a finalidade exclusiva de fomentar a economia estadual mais precisamente através da lavoura fumageira que durou mais de 40 anos, isto, desde 1943 até 1983. 

O I.B.F. foi e continua sendo um exemplo para outras autarquias similares!

 Durante o curso da sua existência a autarquia desenvolveu invejável capacitação técnica agrícola, sem ingerência política na tomada de decisões, tanto assim, que não afetava diretamente no objetivo de incentivar a economia fumageira, principalmente na plantação e distribuição da semente (matéria-prima) dos pés de planta (muda), entrega da terra a título de contrato de comodato e o fumo devidamente consignado, negócios jurídico avançado entre o I.B.F (autarquia) e o agricultor  (arrendador), no mais elevado critério mútuo de justiça. 

    Convém salientar que o contato de “COMODATO” era celebrado entre o I.B.F. e o agricultor, mediante o fornecimento de terra arada e adubada (fertilizante de mamona), com fito exclusivo de estimular o agricultor o micro agricultor a laborar a terra, desenvolver-se, criar a família, na contrapartida o Estado se tornava produtor da matéria-prima (folha do fumo), essencial à industrialização de charutos, cigarros e cigarrilhas. 

    Para a produção deste produto final a folha de fumo, o I.B.F., contou ao longo de mais de 40 anos com pessoas abnegadas que conjuntamente com o grande e inesquecível são-gonçalense, MENININO DO CAMPO, sob o comando do inteligente e competente Diretor, o engenheiro Agrônomo, ANIBAL BENATHÁ LOPES, rasgaram trincheiras de trabalhos dedicados à produção da qualidade da matéria-prima, e ao lado do mencionado timoneiro, outras pessoas se revelaram portadoras como integrantes o passado do I.B.F., que hoje, escreveu a história desta passagem indelével como às senhoras: Joana Cazumbá, Maninha Mendes, Laura de Marcotina, Amância de Domingos Beijú, Cantídia Dias entre outas pessoas que também lavraram a terra e originaram o melhor fumo plantado na Bahia. 

    Constata-se, pois, que a autarquia foi formada administrativamente em regiões autônomas, que, como em São Gonçalo foi constituída de pessoas quais as acima mencionadas demonstraram além da educação, esmero e autoestima ilimitada competência para cuidar e tratar da sementinha de fumo até a colheita das folhas como estivessem cuidando de uma criança recém-nascida. 

    Apesar a economia começar com o fumo, hoje, a avicultura avança, constatando-se enormes armazéns de fumo completamente abandonados, às vezes, tomando quarteirões ou glebas terrestres. Aparentemente, não há relação econômica entre o passado e o momento atual, mas, certamente, não existe melhor retrato de transformação para o município de São Gonçalo, eis que, suas terras são férteis e agregadoras para o fumo e o frango.   

     Os depósitos que armazenavam o fumo estão em ruínas, caracterizam o tempo em que o fumo exercia a supremacia econômica do município, mesmo a pecuária paralelamente se desenvolvendo.

     Nestes 50 anos, a agricultura fumageira caiu substancialmente, observando-se que a transformação não foi benéfica para a economia do município, vez que, não é absorvida a grande movimentação da mão-de-obra, com o plantio da semente, a plantação, a manutenção e cuidados para colher o fumo através da sua folha. 

Armazém de fumo pertencente a familiares do
 saudoso são-gonçalense, Adriano Pedreira, que
 cedeu seu espaço para a construção de
 um centro comercial.
    O município teve grandes armazéns de compra, beneficiamento e venda para o mercado interno até exportação. Atualmente registra-se a existência apenas do estabelecimento “TABARANA” pertencente ao grupo empresarial cubano, que se dedica a compra e beneficiamento para abastecer fábricas de charutos, tais como a “MENENDEZ & AMERINO.

 Assim os empresários da agricultura fumageira, assediaram os pequenos plantadores de fumo de modo que incorporaram o valor das terras de forma altamente significativo.

     Os charutos brasileiros, autenticamente cubanos fabricados em São Gonçalo dos Campos, têm em muitos burgueses norte-americanos a satisfação de fumarem os fabricados nesta terrinha São Gonçalo dos Campos.

     Atualmente com o advento da nova cultura em nosso município, a avicultura mudou a vida de centenas de famílias desde 1997 há precisamente 22 anos, a AVIPAL aqui se instalou e lidera as expectativas emergentes de emprego e sobrevivência oferecendo oportunidade de empregos melhores e mais remunerados, sufocando as aspirações mais altruísticas dos originários da vocação, agrícola, pecuária e fumageira.

     Não há como relegar ao canto do esquecimento, tampouco arquivar um passado histórico, sendo impossível contar a história de São Gonçalo dos Campos, sem remontarmos os 40 (quarenta) anos, do I.B.F., afinal foi nele o embrião da produção fumageira (tabaco) e, durante anos o I.B.F. teve a sua estrutura delineada com a plantação hierárquica através de regiões para o funcionamento do seu desiderato que era o plantio, o cultivo e a colheita do fumo, e assim traçou a sua estrutura organogâmica em regiões municipais, que assim funcionaram: 

1º ) São Gonçalo dos Campos;

2º) Feira de Santana;

3º) Conceição da Feira;

4º) Cruz das Almas; e

5º) Irará. 

    Com a extinção da autarquia pioneira I.B.F., a autarquia CEPLAC, ficou em decadência que a cultura cacauicultora sofreu forte repercussão no âmbito de investimentos congêneres por parte do Estado.

     A extinção prematura do I.B.F. esmagou-se médios e pequenos agricultores ao desestimulo em face da falta de crédito junto aos compradores (armazéns de fumo), principalmente o crédito financeiro (empréstimo), vinculado à safra-fator essencial para a receita anual. 

     Temos a certeza de que este documento que nos foi enviado pelo velho amigo, Zequinha de Menininho, que conta com riqueza de detalhes parte da historia recente do nosso município, particularizando etapas pela qual se desenvolveu a economia local, que ele será guardado por todos aqueles que se sentiram comovidos por este resumo que nos foi presenteado por este são-gonçalense descendente de uma família das mais exemplares da cidade. 

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