Fábio Santana Nunes: Professor da UEFS, Doutorando em Estudos do Lazer – UFMG, Pesquisa o lazer em Feira de Santana na transição dos séculos XIX e XX
Veja o mesmo assunto: TOURADAS NO BRAZIL ANTIGAMENTE
Existiram diferentes modelos de organização das touradas no Brasil. Um primeiro modelo estatal desenvolvido durante o período colonial e parte do monárquico. Também, um segundo modelo empresarial, executado a partir de meados do século XIX ganhando diversas regiões do País, inclusive municípios interioranos. Nesse sentido, identificamos e analisamos os espetáculos tauromáquicos promovidos em Feira de Santana - BA, na transição das centúrias XIX para XX.
Alguns espaços símbolos dos
divertimentos comercializáveis já se faziam presente na cidade, notadamente, um
teatro e um hipódromo. O Teatro Sant'Anna realizava eventos pelo menos desde
janeiro de 1885. (O VIGILANTE,
n. 196, p.01, 16 ago. 1885). De igual
forma, o prado pertencente ao Jockey
Club Feirense já era destacado na imprensa em setembro de 1890, sendo palco de grandes corridas de
turfe organizadas pela Filarmónica 25 de Março, como ressaltado em livro
organizado por Carlos Mello e Carlos Brito (2018),
trazendo os textos publicados na coluna "Crónica Feirense"
do jornal Folha do Norte que
circulou nos anos de 1923 e 1924, tendo como editor, Arnold Ferreira
da Silva, intendente da cidade nos anos de 1920,
chegando a ser prefeito na década de 1950.
A coluna trazia efemérides sobre a história de Feira de Santana.
Não foram encontradas referências às touradas em Feira de Santana entre os anos de 1877 e 1892. Fato que se modifica em 1893 quando uma propaganda divulgada na imprensa com o títuio "Touradas" sinaliza a venda "um lindo guarda sol [...]" (O MUNICÍPIO, 1893, n. 132, p. 02), um pequeno indício.
A existência de apresentações
tauromáquicas pôde ser mais bem evidenciada a partir dos meses de novembro e
dezembro de 1896, quando o seguinte anúncio foi publicado na imprensa e
persistiu por três finais de semana: "TOURADAS!
COMPANHIA TAUROMACHICA". Entre outras informações estava uma convocação:
"AO HIPPODROMO".
As touradas foram acolhidas por vezes
nos hipódromos ligados originalmente, mas não exclusivamente, à realização de
corridas de cavalo - o Turfe. Estatuto do Jockey Club Feirense entidade
proprietária do prado construído, possivelmente, entre meados de 1889 e 1890,
na Avenida Sampaio, antiga Rua do ABC. O primeiro artigo do regulamento,
trazia, além do objetivo de organizar corridas de cavalos, a meta de
"explorar n'esta cidade [...] quaesquer outras diversões lícitas." (DIÁRIO DA BAHIA, 07 nov. 1889, n. 249,
p. 02).
A estreia foi em um domingo, 22 de novembro de 1896,
possivelmente, uma das primeiras vezes que a execução deste tipo de
divertimento fora anunciada na cidade. "O Espectaculo dará começo ás 4
horas da tarde." Uma filarmónica local bem conceituada possuidora de
muitos adeptos e simpatizantes, a "orchestra Victoria", estava na programação
que abrilhantaria o espetáculo "tocando maviosas peças de seu vasto
repertório". (O PROPULSOR,
n.06, p. 04, 20 novembro 1896). Os bois selecionados vinham de fazendas da
região, os touros de raça brava e de lide não participavam. O elenco da
quadrilha tauromáquica era provavelmente formado, exclusivamente, por toureiros
profissionais espanhóis. O diretor da empresa, Dionysio Galindo, alcunhado de
Lagartigilla, obteve sucesso nas principais praças de touros da Espanha, Uruguai Argentina e também no Brasil. (O COMMÉRCIO DE SÃO PAULO, 25 de jan.1902.
em 1893 quando uma propaganda divulgada na
imprensa com o títuio "Touradas" sinaliza a venda "um lindo
guarda sol [...]" (O MUNICÍPIO, 1893, n. 132, p. 02), um pequeno indício.
A existência de apresentações
tauromáquicas pôde ser mais bem evidenciada a partir dos meses de novembro e
dezembro de 1896, quando o seguinte anúncio foi publicado na imprensa e
persistiu por três finais de semana: "TOURADAS!
COMPANHIA TAUROMACHICA". Entre outras informações estava uma convocação:
"AO HIPPODROMO".
Continua na postagem da série: AS TOURADAS FEIRENSES DOS SÉCULOS XIX E XX - II
Replicando: Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana
Ano XVII nº 17
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