AS TOURADAS FEIRENSES DOS SÉCULOS XIX E XX - I I

Fábio Santana Nunes: Professor da UEFS, Doutorando em Estudos do Lazer – UFMG, Pesquisa o lazer em Feira de Santana na transição dos séculos XIX e XX

AS TOURADAS FEIRENSES DOS SÉCULOS XIX E XX - I
 

CARTAZ DA TOURADA NA CIDADE DE
FEIRA DE SANTANA (Fonte o Propulsor)
nº 06, p. 04, 20 de novembro 1896).

   Não existiu distinção etária ou gênero nos valores das entradas espetáculo. Nessa direção, assim como ocorreu em outras cidades pelo País, é possível conceber o registro de mulheres e crianças como espectadores das atividades tauromáquicas na urbe feirense.
          No segundo semestre do ano de 1898, sinais de um possível retorno dos touros a desfilar por estas paragens. Um pequeno comunicado anunciava: "Consta- nos que brevemente teremos n'esta cidade         uma companhia de touradas." (O Propulsor, 14 ago. 1898, p. 02). Contudo, não encontramos evidências posteriores da presença desse circo de touros ou de qualquer outro na cidade naquele ano.

    Nos primeiros anos da nova centúria, em abril de 1905, mais uma vez um Circo de Touros surge na cidade. Teve seu "pavilhão armado ao Campo General Câmara" e, na "Estréia", "trabalhos de tauromachia" desenvolvidos pelo toureador de nacionalidade espanhola Manoel Ruiz Composto (MELLO; BRITO, 2018, p 31).

GRAVURA DE UMA TOURADA FEIRENSE
(Fonte: MACHADO, Franklin de C. Feira de
Santana. São Paulo: Cacimbinha, 1965, p.97)

    "Jockey Club, estava provavelmente desativado. Agora, realizavam-se as touradas em local não institucionalizado, uma área no Campo General Câmara, anteriormente chamado por Campo das Gameleiras, e, ainda, por Campo do Gado - na realidade, seu nome mais conhecido. O palco destinado ao retorno do espetáculo silenciado no século precedente. Exatamente no mesmo espaço seguiam semanalmente as tradicionais Feiras de Gados, uma das maiores de todo o Nordeste do Brasil. Um lugar de encontro de sertanejos, vaqueiros, fazendeiros, magarefes, pessoas vindas de povoados vizinhos e de rincões distantes. Outros detalhes desse espetáculo nõo são conhecidos."

                           Temos uma apresentação mimética publicada por Franklin Machado relatando este passado das touradas em paisagens feirenses, fruto possivelmente de uma memória coletiva

 

apresentação mimética publicada por Franklin Machado relatando este passado das touradas em paisagens feirenses, fruto possivelmente de uma memória coletiva.

          Compondo este quadro, em conversa informal, o memorialista Antônio Moreira Ferreira "Lajedinho" traz de suas lembranças algumas funções tauromáquicas executadas ao lado da Igreja Matriz na Praça Padre Ovídio nos anos 30 e 40 da centúria XX.

Concluímos que apenas existiram arenas armadas provisoriamente em Feira de Santana, às vezes, em espaço já projetado, o hipódromo do Jockey Club Feirense, outras épocas, construídas em áreas abertas contíguas ao traçado urbano orgânico, o Campo do Gado, ou mesmo em regiões centrais, como a Matriz. Inexistem evidências de que a festa de touros compôs uma tradição popular feirense. Provavelmente uma novidade na cidade na última década oitocentista, de outro modo, assim como se procedeu em diversas regiões do Brasil, se expressou como um divertimento mercantilizado, exibido de forma esporádica por companhias tauromáquicas itinerantes.

Replicando: Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana Ano XVII nº 17