Nasceu João Augusto Pires, no dia 29 de agosto de 1902, filho de Juvêncio Augusto Pires e Maria Teixeira Pires.
Mudou-se para Feira de Santana com a família vindo da cidade de
Nazaré das Farinha, no ano de 1914.
Seu avô fora muito rico, porém ao nascer seu pai, era um homem
pobre. Ao chegar em nossa cidade seu genitor foi trabalhar numa padaria e sua
mãe costurava para ajudar no sustento da casa. Seu único irmão, Trajano Augusto
Pies era alfaiate e dez anos mais velho do que ele.
Depois do falecimento do seu genitor, foi trabalhar num
estabelecimento comercial situado na antiga Rua Direita. Hoje, Rua Conselheiro
Franco, cujo proprietário do estabelecimento era o Sr. Joel Barbosa.
Fazia serviços de limpeza e entregava mercadorias na casa dos
fregueses da loja. Muito trabalhador e esforçado, ganhou a simpatia e a
confiança do proprietário da loja e passou a ser balconista.
Anos depois o Sr. Joel Barbosa adoeceu e fez-lhe uma proposta
irrecusável: vender o estabelecimento comercial em suaves prestações. O negócio
foi firmado e a loja passou a denominar-se LOJA PIRES.
Contava, nesta época, com a ajuda de seu tio João
Teixeira de Amorim.
Em 1929, casou-se com Mariá Alves Silva, natural do distrito de
Humildes, filha de Sérgio Machado da Silva e Quitéria Alves da Silva. Tiveram
uma prole numerosa: 13 filhos, 42 netos e inúmeros bisnetos.
A loja prosperou e dum pequeno estabelecimento comercial, passou a
ser a maior e mais sortida de Feira de Santana.
João Pires, como era mais conhecido, foi um inovador. Vejamos:
além de próspero comerciante foi pioneiro de muitas coisas que aconteciam na
cidade de Feira de Santana daquela época.
As primeiras vitrines moderna e decoradas alusivas ao Natal, mês
de maio, festas juninas, foram ideias suas.
Promovia shows em cima da marquise da Loja Pires com o cantor Luis
Gonzaga, que atraia uma verdadeira multidão.
Foi o primeiro estabelecimento comercial a adotar farda para os
funcionários. Respeitava e cumpria com seus deveres trabalhistas (coisa rara na
época), era patrão e amigo. Quanto aos fregueses, seu lema era: "O freguês
sempre está com a razão".
Além
de negociante, foi Presidente da Euterpe Feirense durante alguns anos e
promovia grandes eventos, no referido clube.
A
Filarmónica Euterpe Feirense ocupava um prédio (antiga Prefeitura e biblioteca,
na esquina com a Av. Sr. dos Passos e a Praça João Pedreira). Na sua gestão
como Presidente do clube, construiu o prédio na rua Conselheiro Franco, atual
sede do referido clube.
Naquela
época era o prédio mais alto da cidade. Promovia grandes festas, com cantores
famosos como: Angela Maria, Ivon Curi, Nora Ney, Manezinho Araújo, Jorge
Goulart, Jorge Veira, Nelson Gonçalves, Orlando Silva e tantos outros.
Foi,
também, presidente da Micareta e trouxe para a nossa cidade carros alegóricos
de Salvador, para dar maior brilho à festa.
Todas
as personalidades importantes que chegavam em Feira de Santana, através da
Estação Ferroviária, eram recebidas pelas bandas de músicas locais, inclusive
pela Filarmónica Euterpe Feirense.
Fora
as retretas que eram realizadas no coreto da Praça da Matriz, na festa da
Padroeira, Senhora Santana. Levou a Filarmónica Euterpe Feirense para
participar de Festivais de Filarmónicas, em Salvador.
Durante
muitos anos foi membro do Rotary Clube. Assim como Presidente do Clube Diretor
Lojista (CDL), de nossa cidade.
Membro
da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia.
Quanto
a sua escolaridade, por falta de oportunidade, estudou até o 4Q ano primário.
Durante
a mocidade lia muito. Na maturidade, lia apenas jornais. O fato de ter estudado
durante pouco tempo, não impediu que incutisse o amor aos livros e estudos para
seus descendentes. Dizia: "Num futuro próximo quem não estudar, terá
grandes dificuldades na vida".
Jovem,
trabalhou no Teatro Amador de nossa cidade, foi ciclista. Certa vez foi com um
grupo de amigos de bicicleta até a cidade de Candeias. Vale ressaltar que as
estradas eram péssimas naquela época.
Quando
não se falava em ecologia, ele ensinava o amor e o respeito à natureza, aos
descendente.
Apaixonado
por futebol,foi à Copa do Mundo, realizada na Inglaterra, em 1966.
Conheceu
vários estados brasileiros e visitou também a Argentina.
Foi
um homem honesto, trabalhador, batalhador e nutria um amor intenso por nossa
cidade.
Faleceu
no dia 7 de março de 1969, deixando uma lacuna na sociedade feirense e infinita
saudade no coração dos que o amavam.
Replicando: Revista do
Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana Ano I nº 1 2004
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