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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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domingo, 15 de agosto de 2021

HISTÓRIA DA SANTA CASA DE MISERICORDIA DE FEIRA DE SANTANA - III

JOÃO BATISTA CERQUEIRA Santanopolitano, Médico, Professor Adjunto de Urologia, Mestre em Ciências Morfológicas. Vice-Provedor da Santa Casa de Misericórdia.


    1.    Introdução

 A História da Irmandade Santa Casa de Misericórdia da Villa de Feira de Sant’Anna que, no dia 25 de março desse ano, comemorou 149 anos[1] de fundação não pode ser dissociada da evolução histórica e social da sua população, bem com, das questões sanitárias e de saúde pública daqueles tempos. À época, início do segundo quartel do século XIX, vivia-se a infância da nação brasileira. A independência não fora ainda consolidada, uma vez que conflitos irrompiam em algumas províncias das regiões Norte e Nordeste. Na província da Bahia, ainda se comemorava a vitória dos bravos caboclos baianos e aliados, sobre as forças portuguesas, somente consolidada em 2 de Julho de 1823. No povoado de São José das Itapororocas, área territorial da Villa de Feira de Sant’Anna, ainda ecoavam os feitos da filha ilustre e destemida, Maria Quitéria de Jesus(1792-1853), heroína da independência do Brasil, condecorada no Rio de Janeiro por D. Pedro I, como exemplo de bravura e heroísmo. A Província da Bahia era presidida por João Maurício Wanderley (1815-1889), Barão de Cotegipe[2], e a Câmara de Vereadores da Villa de Feira de Sant’Anna era presidida pelo Capitão Leonardo Pereira Borges, quando em 1885, aqui chegou, aos 29 anos, investido na função de Juiz de Direito da Comarca, o Dr. Luíz Antonio Pereira Franco, formado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito de Olinda, estado de Pernambuco[3]. Dr. Luiz Antonio P. Franco Pres. João Maurício Wanderley O jovem juiz chegava transferido do Termo de Nazaré das Farinhas onde, desde 1850, exercia a função de magistrado. Religioso e associativista, logo tornou-se irmão da Santa Casa sendo, em 1851, eleito pela Irmandade para a nobre função de Provedor da Santa Casa de Misericórdia daquela vila[4]. A preocupação com os pacientes acometidos de enfermidades que assolavam Feira de Sant’Anna, no início da década de 50 do século XIX, representava um grande desafio e uma grande oportunidade para servir ao próximo. Na vila já existia um movimento iniciado, 1852, pelo ex-juiz do Termo Dr. Antonio Luiz Affonso de Carvalho, com o objetivo de fundar um hospital para atender as carências da comunidade[5], que não dispunha de nenhuma assistência pública para suas necessidades na área da saúde.

No Brasil colonial e no período do Império, a organização da comunidade em confrarias e irmandades era bastante comum, refletindo o ambiente social e religioso da época, conforme destacado por Mattoso:

Como em todo mundo católico, as confrarias religiosas eram associações

leigas. Destacavam-se, entre elas, as irmandades[6]...

Na colônia e no Império, as irmandades mais difundidas no Brasil foram as da Misericórdia, do Santíssimo Sacramento e de Nossa Senhora do Rosário. A primeiro foi a única voltada para a caridade, que visava atingir toda comunidade cristã da vila ou da cidade em que estivesse instalada, especialmente os pobres, deficientes físicos e prisioneiros[7].

A chegada do Dr. Luiz Antonio Pereira Franco à vila de Feira deu um grande impulso ao movimento em prol da fundação de uma organização assistencial. Com a experiência de irmão e ex-provedor de uma Santa Casa passou a liderar o movimento agregando outros segmentos, a exemplo da Câmara Municipal e Igreja Católica e ampliando o objetivo inicial ao qual foi incorporado o compromisso de conceder assistência espiritual e funeral aos necessitados.

Assim, cidadãos comprometidos com a caridade e conscientes de suas

responsabilidades sociais, autoridades públicas, religiosos e moradores da vila, preocupados com a situação das gentes pobres e sem assistência, semelhantemente aos seus confrades da cidade de Salvador, Nazaré das Farinhas, Cachoeira e Santo Amaro da Purificação, organizaram-se em torno da fundação de uma irmandade, com fins caritativos e assistenciais.

A data escolhida para fundação e aprovação do Compromisso da organização foi 25 de março de 1959[8]. A escolha do dia refletia a formação religiosa, ideológica e política daqueles pioneiros que, dessa forma, objetivaram prestar homenagem à Igreja Católica e ao Estado

Brasileiro.

 A monarquia brasileira era homenageada porque, naquela data, comemorava-se a outorga, pelo Imperador D. Pedro I, da primeira Carta Constitucional Brasileira, redigida após o brilhante trabalho de uma comissão: Em 25 de março de 1824, foi outorgada uma Carta Constitucional avançada para a época e considerada obra dos irmãos Carneiro de Campos, juristas da Bahia[9].

A Igreja Católica também era homenageada, pois 25 de março é o dia do advento ou data da Anunciação da Virgem Maria, consagrado a Nossa Senhora Imaculada Conceição, após a independência de Portugal, proclamada padroeira do Brasil por ato do Imperador D. Pedro I[10].



[1] Publicada em 2009

[2] Wildberger, A. Os Presidentes da Província da Bahia 1824-89. Salvador: Tipografia Beneditina, 1949. p. 351

[3] Disponível em http/www.stf.gov.br / ministros

[4] Santa Casa de Nazaré das Farinhas: Um Século de Evolução. 2ª ed. Nazaré: Editora Quickgraph. 2006, p. 193

[5] Jornal Folha do Norte. Feira de Santana: 15 de outubro de 1938. N.1527, p. 1

[6] Mattoso, K.M.Q. Bahia, Século XIX: Uma Província no Império. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1992. p 397

[7] Mattoso, K.M.Q. Ob. cit. p 398

[8] Franco L.A.P. Compromisso da Irmandade da Santa Misericórdia da Villa de Feira de Sant’Anna. Bahia: Tip. de Antonio Olavo da França Guerra, 1860. p. 1-40

[9] Mattoso, K.M.Q. Ob. cit. p. 238

[10] Jornal Comunicado Vida. Nossa Senhora do Brasil. Arquidiocese de Feira de Santana: Feira de Santana, agosto de 2006. p. 4

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