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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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segunda-feira, 2 de setembro de 2019

QUERELAS LITERÁRIAS DE ANTIGAMENTE V.


Aluizio Resende, foi para a réplica contra Werdeval Pitanga, pelo jornal "O Prelio", infelizmente não temos o artigo. Abaixo a resposta de Werdeval Pitanga.

MACHIAVELISMO DE UM NOVO ICARO

“O PRELIO”

Muitos foram os lares, cujas donzellas coraram-se, emmudeceram-se de pudor, pasmaram-se de odio, suffocaram-se no grito apavorante das suas almas pelo seu amor proprio, ante a indecência nidorosa, insultane e grotesca do ignominioso pamphleto ou réles pasquim aco­bertado no tílulo não original, de «0 Prélio», semeado com cynismo revoltante pelo sr. Aluizio Rezende, em a noite de Domingo p. passado no momento psycologico dos crimes, das injustiças e das violações, dos vituperios romanescos e das maldades de requintado caracter.
Ilusoriamente, eu nào julgava o sr. Rezende um gamenho pernicioso, um parlapatão, um íradinho tartufo ou um fraca-roupa prejudicial ao meio social táo inundado de moralidade como o da Feira de Sant’Anna, terra esta que tem sabido sobre­levar o seu já decantado nome aos píncaros da honra altiva e sublime.
      Mas, «0 Prélio» é a caricatura exacta, psichica do sr. Aluizio, que confuso, vacillante, com        temor ou re­morso do seu erro, não classificou-lhe o lemrna que toddos os Orgõs publicistas, sem minima excepção, grapharn no seu cabeçalho como o desígnio da sua rotina.
Infelizmente, autorisado pela borrasca de estupidez lançada inglóriosamente pelo sr. Rezende sobre mi­nha humilissima e despretenciosa pessoa, cabe-me esclarecer aos poucos que se illudem com a sua mentalida­de a divisa do seu repugnante pasquim:

0 PRÉLIO

Orgam purulento, malicioso e immoral.

       Purulento - porque encerrou nas suas narcotisadas entrelinhas a gangrena do odio pervertido, os miasmas contagiosos do despeito e os microbios fétidos de um garnizé prétencioso corn linguagem de arreeiro baixo. Purulento porque enoja até aos cego-surdo-mudos, aos conscientes ou não.         -
Malicioso - porque doutrina a men­tira, rasga a verdade, esborôa a honra incensando o vilipendio, néga o brilho ao sol dando á treva oceanos de luz e reverberos de belleza, julga-se uma séara quando não passa de um pantano e fita a lama como crystaes de agua limpida,
Immoral - ah! ímmoral foi o meio e os extremos do seu entoxicado assumpto, rabiscado em estylo africano.
Quantos paes se empallideceram de raiva ao vêr no seio impolluto do seu lar a indescência de tão robusto pasquim?
Sei de uma senhora, viuva hones­ta e conscienciosa que queimára com indignação o repellente «O Prélio» para o brio das suas filhas tão que­ridas não ser desdoirado ante suas nodoas perigosas.
Outra, não menos honesta, com exclamações de mãe zelosa pela hon­ra de suas filhas, atirou-o a um me­recido lugar.
E como estas, quantas outras não sentiram o mesmo assombro, a mes­ma raiva, a mesma repugnância e o mesmo pensamento?
Portanto, escoimado de offensas moraes e pessoaes, «O Prélio», como caricato porta-voz do sr. Aluizio, desviou-se por nimia ignorância do caminho que deveria seguir.
Despeitado por não poder apagar os erros que lhe eu esclareci, foi o meio unico que o sr. Aluizio poude inventar para responder a minha defesa destituida de offensas ao seu ataque trahídor, embora... mallogrado.
Blasphemou, zumbiu, escouceou, ganiu como um macaveuco audaz e não deixou o minimo reflexo do ta­lento que lhe eu julgo possuir.
Copiar pontos de Historia, xingar, mentir e contradizer-se, exclusivamen-te, não é de sabio nem de crítico; sim, de degenerado moral, mental e pessoal.
Ahi está, pois, o que penso, julgo e affirmo sobre a circulação, graphia e conceito d’ ”0 Prélio”.
Quando já impressa a primeira pa­gina desta edição, fui deferenciado, gentilmente, com a agradavel visita do sr. Cândido Rezende, cidadão cri­terioso, responsável pela distintissima família Rezende, desta cidade.
Propositadamente, veio elle pedir-me que retirasse, na minha resposta ao «O Prélio», o sobrenome Rezende do sr. Aluizio e collocasse o de Paulo de Azevedo apresentando-me os seguintes motivos:
Primeiro - porque conhece nelle a indignidade de possuir o nome da sua familia, apezar de tel-o recebido, no seu lar, com poucos mezes de idade e continue a suportal-o.
Segundo - porque o sr. Aluizio ne­gando a sua própria patria, pois nascêra na antiga Rua do Gallo, hoje Travessa Cel. Bernardino Bahia, é capaz de pagar-lhe com o mal o bem que até hoje ha recebido.
Depois, citou-me alguns factos que a minha fraca educação não pede que os esclareça.
Agora, fica ao caracter do sr. Alu­izio Paulo de Azevedo, (ex-Aluizio Rezende) a defeza desta noticia .de honrosissímos conceitos.
São estes os effeitos da sua conta­giosa mania de offender a todos e a todos criticar.
Não achando meios justificáveis para evadir-se dos erros que lhe apontei veio o sr. Aluizio Paulo de Azevedo, (ex-Aluízio Rezende) ufano-so de si mesmo, com uma venenosa serie de tentativas contra a autoria dos meus artiguetes, dizendo ser o competentíssimo medico e conhe­cido talento literário Dr. Gastão Clovis Guimarães o seu verdadeiro autor
Ora, sr, Azevedo!., invente uma cilada melhor e menos duvidosa.
Creio que o seu maior amigo aqui é o intelligente e futuroso joven sr. Manoel Macêdo, que poderá lhe esclarecer tudo sobre o assumpto.
Além deste, que absolutamente não lhe puderá causar a menor duvida, cito mais alguns que assistiram toda a compilação do «Tarouquice de um critico», como sejam os meus e seus amigos srs. Dr. Juventino Pilombo, Adrualdo Oliveira, Brazilino Figueireido, Carlos Facchinetti, Martiniano Carneiro, Pedro dos Santos e mais alguns.
E para saciar o seu desejo de sabio, nào era preciso atacar com a myopia da sua ignorância, como um cão ataca a lua, a pessoa illustre e amiga do Dr. Gastão.
Felizmente, todo o povo feirense conhece a ambos os seus valores, quer moraes, quer inteilectuaes.
Cataclysmo
Desvairado, o etheromaniaco bifron, (ex-Aluizio Rezende) revolucionando os trovões do seu odio-ignorante, lançou raios de promessas aterrorisadoras sobre o «Gremio Rio Branco» e o seu illustre Presidente.
Consta que o arrependimento já lhe pertou a garganta. Mas, o Rio Bran­co faz questão em receber o seu ata­que. sob pena de considerar mais do que já considera o sr. Azevedo, um nullo um imbecil, o mu humano de mais audacia e cynismo da Feira.
Ahi está, pois, uma questão de sentimentalismo e honra.
Razões e erros
Despresando o estylo amavel e suave com que o sr. Aluizio Azevedo (ex-Aluizio Rezende) se armou, para convencer-me de que deveria eu submeter-me ás normas das suas li­ções ou criticas literárias, mais uma vez, ao publico sensato desta memo­rável terra, eu apresento, de rnáo grado meu, os porquês da minha insubmissão conscienciosa.
Disse já, que aceeitaria a critica, mas, suave e justa, impeccavel mes­mo.
Que não serveria de admiração., ou de algazarras aos chasqueadores, os meus grandes ou pequenos erros, porquanto nunca pretendi a palmatoria de mestre.
Que o sr. Aluizio bifron tinha um cerebro cultivavel a até florescente, portanto nào éra desconhecido pela intelligencia.
No entanto, o meu sabio conten­dor, superante de odio, com façanhas de um novo Vesuvio, como que não leu, não analysou ou não comprehendeu a minha simples resposta.
Se cornprehendesse e não estives­se envolvido em estado sonambulico ou de alucinação mental, não me lan­çaria aquella serie de gentilezas, as quaes offerto, mui convicto da mi­nha óptima escolha, ao seu mesmo autor.
Pesemos emfim os quilates do seu inverosimil thesouro literario «Embusteiro e Pernóstico», delicioso parnaso versado em estylo reluzente.
Embusteiro, segundo a opinião do grande mestre e diccionarista Jayme de Séguier, significa «Hypocrita, trapaceiro, mentiroso», etc.
Contam por ahi que um certo joven, intelligente até, (talvez o sr. Azevedo o conheça) era classificado de embusteiro e pernóstico, por adapitar á sua pessoa nomes alheios e de conceitos superiores aos seus, assim também pela extraordinária mania de jactar-se literato único naquella terra que sendo o seu berço elle proprio negava sel-a.
E acho que neste pequeno facto, vê-se por um prisma todo real a silhueta bem colorida de alguém verdadeiramente antipodo ao meu pro­ceder. Creio portanto não merece a tão meiga offerta que o sr. ex-Rezende, por amabilidade sua, preten­deu m’a fazer.
Nas linhas 22a e 23a, do primeiro período, diz o apreciável bifron eu ter arremessado innumeras offensas pessoaes e moraes, sobre a sua humilde carcassa!
Mais ainda me eu convenço que o sr, Azevedo estava no ether.
E aquella carcassa?
Diz Séguier que carcassa é esque­leto, casco velho de navio, projéctil de três granadas inflamrnaveis, mulher velha e feia, etc.!...
O penúltimo, eu concordo que o sr. Paulo de Azevedo (ex-Rezende) seja; mas, o primeiro?.,..
São expansões de mestres ou...... etc e tal.
Emfim, como agora elle se acha encarnado n’outro nome, é razoavel que antes dessa admiravel metamorphose elle se compenetrasse de ser mesmo um esqueleto.
São duvidas que se não deve duvidar.
Na ultima linha do segundo perío­do, (apezar da errata na quarta pagina) o ex-Rezende como é na gramatica esqueceu-se de collocar junto a si uma virgula imperdoável; e na linha seguinte, o trecho «a mimosa «Flor»» deve ser entre virgulas.
Se é que o intelligente Aluizio «vè com olhos de ver»!...
Na penúltima linha do terceiro periodo, está «cuja a moral». Qual o eseriptor que adopta tal regra? Se­guindo o valor daquelles que já te­nho lido, diria - cuja moral.
«Sempre me desvelei pelo desenvolvimento literário» desta terra, é o que lê-se no inicio do quinto periodo do seu ebrio «Embusteiro».
Qual a escola ou academia, confe­rencia; discurso ou jornal, cuja benemerencia comprove a pretenção exótica e absurda, toda pharisaismo, do sr.bifron?
Rabiscou apenas algumas chroniquetas, e na gana de elevar-se com azas de cêra, soffreu o mesmo cas­tigo de ícaro, que o calor solar forçou-lhe a queda dos seus planos.
Como s. exa. é modesto !
No sétimo periodo, disse o innocente critico que não possuo eu um só compendio do idioma francez.!
Irrisorio, ridículo mesmo, foi o imminente sr. Azevedo autorisar-se profundo conhecedor do francez, e haver traduzido aquella phrase celebre e tão commum, mesmo nos diccionario sda lingua portugueza, completamente errada !
«La critique est aisée et l’arte est difficile» (a critica é facil e a arte é difficil).
Vejam agora como o celebre pro­fessor bifron a traduziu: «A critica é facil e a literatura é difícil» !!
Que talento anti-diluviano! Capa­cidade rasa!!
E o sr. Azevedo conhece o latim, por haver aberto e fechado o seu «lixo literário» com phrases deste idioma?
Literatura é arte, mas, arte nunca foi literatura. Um pintor é artista, mas, não é literato; salvo se elle fôr pintor e literato.
E dahi, segue-se a sua malsinação em dizer que, para mim, a cri­tica não é literatura.
De facto, a critica nem sempre é literatura.
Tomemos por exemplo: quando a critica é feita por um néscio (como o bifron) é literatura ou literatice?
Desta vez o sábio mestre cahio,
Para tentar novarnente erguer-se, poderá dizer que a literatice é a lite­ratura ridicula; mas os calafrios da sua própria embustice que a critica é a «literatura no apogeu do seu des­lumbramento de luzes,» esgotarão in totum as suas forças.
Que o sr. ex-Rezende aproveite a sua intelligencia, esmague a sua pretenção absurda, dedique-se mais aos mestres e deixe-me rabiscar as minhas garatujas, é o que anhelo de coração inteiro.
Armado com oculo de couro, forjando mil desculpas banaes, sem fundos comprobatorios, veio novamente á carga a simples questão do admirar como synonymo de imitar.
Depois, a censura que lhe eu fiz sobre a phrase Ha já pouco ano co­mo imitação ou roubo de ideia ao su­blime Garrett e o emprego muitissimo errado do seu segundo plagio - eu lhe explico aos senhores.
Ao caro leitor, acho tornar-me aborrecido em repetir o que já expliquei ern a minha primeira resposta, emquato que ao sr. ex-Rezende, eu perdoo a sua ignorância, dizendos lhe apenas que - ETHER NÃO E’ LEITE.
Confuso sobre a palavra JOVEN, o inventivo bífron, como charlatão rèles de logarejos promiscuidos, tentou ainda desfazer o seu grande erro, sem citar, pelo menos, um só escriptor.
Ruy Barboza, Carneiro Ribeiro, Cândido de Figueiredo, Eça, Assis,: João do Rio e lodosos literatos que já tendo lido, só escrevem JOVEN; e não JOVEM.
No segundo período da terceira pagina, está joventude, (com O} quando os melhores diccionaristas dão Juventude; e no centro da tercei­ra columna a já incetada polemica, sobre a palavra HONTEM com H) na fonética.
Diz o notável Cândido de Figueire­do, á pagina 23 do primeiro volume da sua monumental obra phonetica «O que se não deve dizer», que, absolutamente, não se deve escrever hontem, mas, ontem, que é á íorma correcta;
Apresente-me, pois, o sr. Azevedo, o nome do escriptor que lhe authorisou pôr o H, na palavra ontem, escripta pela phonologia.
Em seguida, na mesma columna. o sr. bifron se diz um Rousseau, um Socrates, um Eschylo, um quasi deus !!...
Se é que os seientista mediram a grande distancia do zenith ao nadir, posso arfimar que a sua metragem é inferior a que ha entre o sr. Aluizio e tão celebres vernaculistas.
- Guiado pelo conceituado diccionarista Séguier, escrevi amiudadamen­te, vitornllo epiderme vigorosa, etc.
É de se crêr que o sr. Ex-Rezende não possua diccionano. Se possuisse, ou mesmo tivesse algum. às mãos, não dizia por um jornal tão grande asneira.
Eis ahi, POR, HOJE, o que pude dizer em torno da formidável estafa que teve o Ícaro hodierno sr. Aluizio Azevedo, em pequena, simples e modesta resenha, não por maldade minha, mas, em defeza ao seu insultaníe ataque, embora immerecidamente pela nulidade do seu autor, que me fez lembrar esta linda phrase do grande Machado de Assis: - «Ante a opinião simula-se facilmente energia e caractcr; o homem não se esconde de si mesmo, e o maior infortunio dos corações pusilânimes á sentirem que o são.»
Feira, 20—9—921.
Werdeval Pitanga
NOTA
No proximo numero, apresentarei ao publico feirense as dezenas de er­ros contidas nas producções anteriores do sr. Aluizio Paulo de Azevedo, assim como algumas emendas no «O Prélio».
W. P.
Contenda e Contendores
Por M. CARNEIRO - no p: numero
:
 Notas do Blog: 1) os erros por acaso encontrados, são do português da época ou da tipografia. 
2) este texto é um Facsimile do jornal "A FLÔR" edção nº23 de 25 de setembro de 1921. pag. 1,2,3,4,5


Querendo só ver a série das Querelas, acompanhe o passa a passo:
1. ao lado direito do Blog na 1ª página, veja em MARCADORES e clique com o mouse em Querelas;
2. aparecera todos os textos, está por ordem cronológica, interessante começar por Querelas I.

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