Aluizio Resende, foi para a réplica contra Werdeval Pitanga, pelo jornal "O Prelio", infelizmente não temos o artigo. Abaixo a resposta de Werdeval Pitanga.
MACHIAVELISMO
DE UM NOVO ICARO
“O PRELIO”
Muitos foram os lares, cujas donzellas coraram-se,
emmudeceram-se de pudor, pasmaram-se de odio, suffocaram-se no grito apavorante
das suas almas pelo seu amor proprio, ante a indecência nidorosa, insultane e grotesca
do ignominioso pamphleto ou réles pasquim acobertado no tílulo não original,
de «0 Prélio», semeado com cynismo revoltante pelo sr. Aluizio Rezende, em a
noite de Domingo p. passado no momento psycologico dos crimes, das injustiças e das violações, dos vituperios romanescos e das maldades de requintado caracter.
Ilusoriamente, eu nào julgava o sr. Rezende um gamenho
pernicioso, um parlapatão, um íradinho tartufo ou um fraca-roupa prejudicial
ao meio social táo inundado de moralidade como o da Feira de Sant’Anna, terra
esta que tem sabido sobrelevar o seu já decantado nome aos píncaros da honra
altiva e sublime.
Mas, «0 Prélio» é a caricatura exacta, psichica
do sr. Aluizio, que confuso, vacillante, com temor ou remorso do seu erro, não
classificou-lhe o lemrna que toddos os Orgõs publicistas, sem
minima excepção, grapharn no seu cabeçalho como o desígnio da sua rotina.
Infelizmente, autorisado pela
borrasca de estupidez lançada inglóriosamente pelo sr. Rezende sobre minha humilissima
e despretenciosa pessoa, cabe-me esclarecer aos poucos que se illudem com a sua
mentalidade a divisa do seu repugnante pasquim:
0 PRÉLIO
Orgam purulento, malicioso e
immoral.
Purulento - porque encerrou nas suas
narcotisadas entrelinhas a gangrena do odio pervertido, os miasmas contagiosos
do despeito e os microbios fétidos de um garnizé prétencioso corn linguagem de
arreeiro baixo. Purulento porque enoja até aos cego-surdo-mudos, aos
conscientes ou não. -
Malicioso - porque doutrina a mentira,
rasga a verdade, esborôa a honra incensando o vilipendio, néga o brilho ao sol
dando á treva oceanos de luz e
reverberos de belleza, julga-se uma séara quando não passa de um pantano e fita
a lama como crystaes de agua limpida,
Immoral - ah! ímmoral foi o meio
e os extremos do seu entoxicado assumpto, rabiscado em estylo africano.
Quantos paes se empallideceram de
raiva ao vêr no seio impolluto do seu lar a indescência de tão robusto
pasquim?
Sei de uma senhora, viuva honesta
e conscienciosa que queimára com indignação o repellente «O Prélio» para o brio
das suas filhas tão queridas não ser desdoirado ante suas nodoas perigosas.
Outra, não menos honesta, com
exclamações de mãe zelosa pela honra de suas filhas, atirou-o a um merecido
lugar.
E como estas, quantas outras não
sentiram o mesmo assombro, a mesma raiva, a mesma repugnância e o mesmo
pensamento?
Portanto, escoimado de offensas
moraes e pessoaes, «O Prélio», como caricato porta-voz do sr. Aluizio,
desviou-se por nimia ignorância do caminho que deveria seguir.
Despeitado por não poder apagar
os erros que lhe eu esclareci, foi o meio unico que o sr. Aluizio poude
inventar para responder a minha defesa destituida de offensas ao seu ataque
trahídor, embora... mallogrado.
Blasphemou, zumbiu, escouceou,
ganiu como um macaveuco audaz e não deixou o minimo reflexo do talento que lhe
eu julgo possuir.
Copiar pontos de Historia,
xingar, mentir e contradizer-se, exclusivamen-te, não é de sabio nem de
crítico; sim, de degenerado moral, mental e pessoal.
Ahi está, pois, o que penso,
julgo e affirmo sobre a circulação, graphia e conceito d’ ”0 Prélio”.
Quando já impressa a primeira pagina
desta edição, fui deferenciado, gentilmente, com a agradavel visita do sr.
Cândido Rezende, cidadão criterioso, responsável pela distintissima família
Rezende, desta cidade.
Propositadamente, veio elle
pedir-me que retirasse, na minha resposta ao «O Prélio», o sobrenome Rezende
do sr. Aluizio e collocasse o de Paulo de Azevedo apresentando-me os
seguintes motivos:
Primeiro - porque conhece nelle a
indignidade de possuir o nome da sua familia, apezar de tel-o recebido, no seu
lar, com poucos mezes de idade e continue a suportal-o.
Segundo - porque o sr. Aluizio negando
a sua própria patria, pois nascêra na antiga Rua do Gallo, hoje Travessa
Cel. Bernardino Bahia, é capaz de pagar-lhe com o mal o bem que até hoje ha
recebido.
Depois, citou-me alguns factos
que a minha fraca educação não pede que os esclareça.
Agora, fica ao caracter do sr.
Aluizio Paulo de Azevedo, (ex-Aluizio Rezende) a defeza desta noticia .de honrosissímos
conceitos.
São estes os effeitos da sua contagiosa mania de
offender a todos e a todos criticar.
Não achando meios justificáveis
para evadir-se dos erros que lhe apontei veio o sr. Aluizio Paulo de Azevedo,
(ex-Aluízio Rezende) ufano-so de si mesmo, com uma venenosa serie de tentativas
contra a autoria dos meus artiguetes, dizendo ser o competentíssimo medico e
conhecido talento literário Dr. Gastão Clovis Guimarães o seu verdadeiro autor
Ora, sr, Azevedo!., invente uma
cilada melhor e menos duvidosa.
Creio que o seu maior amigo aqui é o intelligente e
futuroso joven sr. Manoel Macêdo, que poderá lhe esclarecer tudo sobre o
assumpto.
Além deste, que absolutamente não lhe puderá causar a
menor duvida, cito mais alguns que assistiram toda a compilação do «Tarouquice
de um critico», como sejam os meus e seus amigos srs. Dr. Juventino Pilombo, Adrualdo
Oliveira, Brazilino Figueireido, Carlos Facchinetti, Martiniano Carneiro, Pedro
dos Santos e mais alguns.
E para saciar o seu desejo de sabio, nào era
preciso atacar com a myopia da sua ignorância, como um cão ataca a lua, a
pessoa illustre e amiga do Dr. Gastão.
Felizmente, todo o povo feirense conhece a ambos os seus valores, quer
moraes, quer inteilectuaes.
Cataclysmo
Desvairado, o etheromaniaco bifron, (ex-Aluizio Rezende) revolucionando os trovões do
seu odio-ignorante, lançou raios de promessas aterrorisadoras sobre o «Gremio
Rio Branco» e o seu illustre Presidente.
Consta que o arrependimento já lhe pertou a garganta.
Mas, o Rio Branco faz questão em receber o seu ataque. sob pena de
considerar mais do que já considera o sr. Azevedo, um nullo um imbecil, o mu
humano de mais audacia e cynismo da Feira.
Ahi está, pois, uma questão de sentimentalismo e honra.
Razões e
erros
Despresando o estylo amavel e suave com que o
sr. Aluizio Azevedo (ex-Aluizio Rezende) se armou, para convencer-me de que
deveria eu submeter-me ás normas das suas lições ou criticas literárias, mais
uma vez, ao publico sensato desta memorável terra, eu apresento, de rnáo grado
meu, os porquês da minha insubmissão conscienciosa.
Disse já, que aceeitaria a critica, mas, suave e justa, impeccavel mesmo.
Que não serveria de admiração., ou de algazarras aos
chasqueadores, os meus grandes ou pequenos erros, porquanto nunca pretendi a
palmatoria de mestre.
Que o sr. Aluizio bifron tinha um cerebro
cultivavel a até florescente, portanto nào éra desconhecido pela intelligencia.
No entanto, o meu sabio contendor, superante de odio,
com façanhas de um novo Vesuvio, como que não leu, não analysou ou não comprehendeu
a minha simples resposta.
Se cornprehendesse e não estivesse envolvido em
estado sonambulico ou de alucinação mental, não me lançaria aquella serie de gentilezas,
as quaes offerto, mui convicto da minha óptima escolha, ao seu mesmo autor.
Pesemos emfim os quilates do seu inverosimil thesouro
literario «Embusteiro e Pernóstico», delicioso parnaso versado em estylo
reluzente.
Embusteiro, segundo a opinião do grande mestre e
diccionarista Jayme de Séguier, significa «Hypocrita, trapaceiro, mentiroso»,
etc.
Contam por ahi que um certo joven, intelligente até, (talvez
o sr. Azevedo o conheça) era classificado de embusteiro e pernóstico, por adapitar
á sua pessoa nomes alheios e de conceitos superiores aos seus, assim também
pela extraordinária mania de jactar-se literato único naquella terra que sendo o seu berço elle proprio negava
sel-a.
E acho que neste pequeno facto, vê-se por um prisma
todo real a silhueta bem colorida de alguém verdadeiramente antipodo ao meu proceder.
Creio portanto não merece a tão meiga offerta que o sr. ex-Rezende, por amabilidade sua, pretendeu m’a fazer.
Nas linhas 22a e 23a, do primeiro
período, diz o apreciável bifron eu ter arremessado innumeras offensas
pessoaes e moraes, sobre a sua humilde carcassa!
Mais ainda me eu convenço que o sr, Azevedo estava no
ether.
E aquella carcassa?
Diz Séguier que carcassa é esqueleto, casco velho de
navio, projéctil de três granadas inflamrnaveis, mulher velha e feia, etc.!...
O penúltimo, eu concordo que o sr. Paulo de Azevedo
(ex-Rezende) seja; mas, o primeiro?.,..
São expansões de mestres ou...... etc e tal.
Emfim, como agora elle se acha encarnado n’outro nome,
é razoavel que antes dessa admiravel metamorphose elle se compenetrasse de ser
mesmo um esqueleto.
São duvidas que se não deve duvidar.
Na ultima linha do segundo período, (apezar da errata
na quarta pagina) o ex-Rezende como é pó na gramatica esqueceu-se de collocar
junto a si uma virgula imperdoável; e na linha seguinte, o trecho «a mimosa
«Flor»» deve ser entre virgulas.
Se é que o intelligente Aluizio «vè com olhos de
ver»!...
Na penúltima linha do terceiro periodo, está «cuja a
moral». Qual o eseriptor que adopta tal regra? Seguindo o valor daquelles que
já tenho lido, diria - cuja moral.
«Sempre me desvelei pelo desenvolvimento literário»
desta terra, é o que lê-se no inicio do quinto periodo do seu ebrio
«Embusteiro».
Qual a escola ou academia, conferencia; discurso ou
jornal, cuja benemerencia comprove a pretenção exótica e absurda, toda
pharisaismo, do sr.bifron?
Rabiscou apenas algumas chroniquetas, e na gana de elevar-se com azas de cêra, soffreu o mesmo castigo
de ícaro, que o calor solar forçou-lhe a queda dos seus planos.
Como s. exa. é modesto !
No sétimo periodo, disse o innocente critico
que não possuo eu um só compendio do idioma francez.!
Irrisorio, ridículo mesmo, foi o imminente sr.
Azevedo autorisar-se profundo conhecedor do francez, e haver traduzido
aquella phrase celebre e tão commum, mesmo nos diccionario sda lingua
portugueza, completamente errada !
«La critique est aisée et l’arte est difficile» (a
critica é facil e a arte é difficil).
Vejam agora como o celebre professor bifron a
traduziu: «A critica é facil e a literatura é difícil» !!
Que talento anti-diluviano! Capacidade rasa!!
E o sr. Azevedo conhece o latim, por haver aberto e
fechado o seu «lixo literário» com phrases deste idioma?
Literatura é arte, mas, arte nunca foi literatura. Um
pintor é artista, mas, não é literato; salvo se elle fôr pintor e
literato.
E dahi, segue-se a sua malsinação em dizer que, para
mim, a critica não é literatura.
De facto, a critica nem sempre é literatura.
Tomemos por exemplo: quando a critica é feita por um
néscio (como o bifron) é literatura ou literatice?
Desta vez o sábio mestre cahio,
Para tentar novarnente erguer-se, poderá dizer que a
literatice é a literatura ridicula; mas os calafrios da sua própria embustice
que a critica é a «literatura no apogeu do seu deslumbramento de luzes,»
esgotarão in totum as suas forças.
Que o sr. ex-Rezende aproveite a sua intelligencia,
esmague a sua pretenção absurda, dedique-se mais aos mestres e deixe-me rabiscar as minhas garatujas, é o
que anhelo de coração inteiro.
Armado com oculo de couro, forjando
mil desculpas banaes, sem fundos comprobatorios, veio novamente á carga a
simples questão do admirar como synonymo de imitar.
Depois, a censura que lhe eu fiz
sobre a phrase Ha já pouco ano como imitação ou roubo de ideia ao sublime
Garrett e o emprego muitissimo errado do seu segundo plagio - eu lhe explico
aos senhores.
Ao caro leitor, acho tornar-me aborrecido
em repetir o que já expliquei ern a minha primeira resposta, emquato que ao sr.
ex-Rezende, eu perdoo a sua ignorância, dizendos lhe apenas que - ETHER NÃO E’
LEITE.
Confuso sobre a palavra JOVEN, o
inventivo bífron, como charlatão rèles de logarejos promiscuidos, tentou
ainda desfazer o seu grande erro, sem citar, pelo menos, um só escriptor.
Ruy Barboza, Carneiro Ribeiro,
Cândido de Figueiredo, Eça, Assis,: João do Rio e lodosos literatos
que já tendo lido, só escrevem JOVEN; e não JOVEM.
No segundo período da terceira
pagina, está joventude, (com O} quando os melhores diccionaristas
dão Juventude; e no centro da
terceira columna a já incetada polemica, sobre a palavra HONTEM com H) na
fonética.
Diz o notável Cândido de Figueiredo,
á pagina 23 do primeiro volume da sua monumental obra phonetica «O que
se não deve dizer», que, absolutamente, não se deve escrever hontem,
mas, ontem, que é á íorma correcta;
Apresente-me, pois, o sr.
Azevedo, o nome do escriptor que lhe authorisou pôr o H, na palavra ontem,
escripta pela phonologia.
Em seguida, na mesma columna. o
sr. bifron se diz um Rousseau, um Socrates, um Eschylo, um quasi deus !!...
Se é que os seientista mediram a grande distancia do
zenith ao nadir, posso arfimar que
a sua metragem é inferior a que ha entre o sr. Aluizio e tão celebres
vernaculistas.
- Guiado pelo conceituado
diccionarista Séguier, escrevi amiudadamente, vitornllo epiderme vigorosa,
etc.
É de se crêr que o sr. Ex-Rezende
não possua diccionano. Se possuisse, ou mesmo tivesse algum. às mãos, não dizia
por um jornal tão grande asneira.
Eis ahi, POR, HOJE, o que pude dizer em torno da
formidável estafa que teve o Ícaro hodierno sr. Aluizio Azevedo, em pequena,
simples e modesta resenha, não por maldade minha, mas, em defeza ao seu insultaníe
ataque, embora immerecidamente pela nulidade do seu autor, que me fez lembrar
esta linda phrase do grande Machado de Assis: - «Ante a opinião simula-se
facilmente energia e caractcr; o homem não se esconde de si mesmo, e o maior
infortunio dos corações pusilânimes á sentirem que o são.»
Feira, 20—9—921.
Werdeval Pitanga
NOTA
No proximo numero, apresentarei
ao publico feirense as dezenas de erros contidas nas producções anteriores do
sr. Aluizio Paulo de Azevedo, assim como algumas emendas no «O Prélio».
W. P.
Contenda e Contendores
Por M. CARNEIRO - no p: numero
:
Querendo só ver a série das Querelas, acompanhe o passa a passo:
1. ao lado direito do Blog na 1ª página, veja em MARCADORES e clique com o mouse em Querelas;
2. aparecera todos os textos, está por ordem cronológica, interessante começar por Querelas I.
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