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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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terça-feira, 10 de setembro de 2019

AMAZÔNIA 10X2 “CIVILIZAÇÃO” I

Evandro J.S. Oliveira

Por causa dos incêndios na Amazônia, gerando um clima de histeria, provocado principalmente pelo governo brasileiro, dando lugar a vários palpites, a maioria em completo desconhecimento da região, resolvemos coletar o beabá , sobre o assunto.

Durante cinco séculos a Amazônia sofre ataques do “civilizadores/destruidores”, com poucas ajudas nessa luta.
 A Amazônia sempre foi uma incógnita e fonte de fábulas e projetos mirabolantes.
A grandiosidade da Amazônia, criou ambiente ideal para ficção e megalomanias, raramente com conhecimento científico. Dezenas de livros com imaginários da selva, desde tribos de mulheres: O nome Amazonas, que batiza o maior Estado do Brasil e um dos maiores rios do mundo, tem sua origem em uma lenda grega que veio parar em terras brasileiras, quando expedicionários europeus, liderados pelo espanhol Francisco Orellana, chegaram à região que hoje pertence à Amazônia, em 12 de fevereiro de 1542, encontraram um grupo de índias guerreiras. Segundo os relatos, elas lutavam nuas e viviam em tribos isoladas, sem homens. Eram chamadas pelos índios de icamiabas. Por seus costumes, elas lembravam as lendárias amazonas da mitologia grega, que viviam na Ásia Menor, e logo foi feita a associação entre elas[1].
Até o grande escritor peruano, Mário Vargas Llosa, em seu livro hilário de ficção, “Pantaleão e as visitadoras”, descreve um projeto do militares do Peru, em que Pantaleão era chefe de um grupo de prostitutas levadas para os quarteis da floresta amazônica com o objetivo de diminuir os hormônios dos soldados, evitando ataques às mocinhas das aldeias.
Mas entrando nos problemas mais sérios, de ameaças a o territórios nacionais, iremos citar alguns episódios para melhor entendimento da Amazônia.

ALGUNS FATOS OFICIAIS DA COBIÇA POR PAÍSES  ESTRANGEIROS.

Não é segredo para ninguém: a região amazônica brasileira é a última fronteira natural com alto potencial econômico a ser explorada no mundo.
A biodiversidade, o conhecimento dos povos nativos sobre o uso farmacológico da flora, a diversidade da fauna, a capacidade florestal de contribuir para a estabilização do clima e o regime natural de regulação de precipitações hídricas no planeta, são bens de interesse mundial.
...França tentou se apropriar de parte do território do Amapá, para anexá-la à Guiana Francesa – visando justamente as jazidas minerais ali existentes. O conflito se estendeu até 1895 quando se deu a arbitragem sobre a questão, tendo por árbitro inquisidor o Conselho Federal Suíço. A sentença favorável ao Brasil foi proferida pelo Presidente Walter Hauser e confirmada pelo Rei da Bélgica, Leopoldo II.
Em 1904, porém, a Corôa Britânica decidiu apropriar-se da região do Pirara, no território de Roraima, usando como subterfúgio um conflito muito similar ao que foi observado há pouco pelo Supremo Tribunal Federal, na vizinha Raposa Serra do Sol. Esse conflito, com clara conotação minerária, já vinha se arrastando desde o final do período do Vice-Reino de Portugal, em 1810, quando, soldados ingleses iniciaram uma incursão na região, sendo impedidos pelas forças portuguesas aquarteladas no magnífico e já bicentenário Forte de Macapá.
Posteriormente, em 1835, o explorador Robert Schomburgk fez uma incursão “científica” à região, a pretexto de compreender a geografia física da Guiana. Schomburgk desenhou um mapa abrangendo a região do Tacutu, do Mau e do Surumu – segundo ele ocupada por “tribos independentes”.
A opinião pública europeia “aplaudiu” o relatório, e a Corôa Britânica decidiu relativizar a soberania do Brasil na região.
A relativização foi ainda incentivada pelo missionário protestante Thomas Yound, encarregado de “catequizar” os índios, ensinando-lhes o idioma inglês e hasteando a bandeira da Inglaterra na região do Pirara – terra brasileira. A disputa pelas terras prosseguiu até que se decidiu optar pela via diplomática, em 1898.
A Inglaterra, por óbvio, nunca objetivou garantir direitos indígenas na superfície ou atraí-los para o cristianismo. Sempre quis se apropriar dos minerais estratégicos contidos no subsolo daquela região.
Arbitrado o conflito pelo rei da Itália, Vitório Emanuel II, o Brasil perdeu o território para a Corôa Britânica, que o anexou à Guiana Inglesa, ganhando, assim, um acesso à Bacia Amazônica – que até então não tinha.
Esse impressionante fato histórico permanece ignorado solenemente por quem deveria sabê-lo de cor e salteado – dentro e fora do Estado Brasileiro.
Porém, a história da cobiça inglesa ainda não terminou.
 A estratégia da obstrução à exploração minerária
O episódio de 1904 constituiu o pano de fundo da visita ao Brasil do Príncipe Charles, herdeiro do trono da Inglaterra, e do Primeiro Ministro Gordon Brown, acompanhados do economista da Coroa (e prócer eurocêntrico da política de mudança do clima), Nicholas Stern, não coincidentemente duas semanas antes da “histórica” decisão do Supremo Tribunal Federal sobre o caso da Raposa Serra do Sol.
A Raposa Serra do Sol é vizinha do território de 30 km retirado do Brasil pela Corôa Britânica, no século passado, e por ela ainda cobiçada. Afinal, a Corôa Britânica planeja estrategicamente, projetando intervalos de cinquenta e cem anos (ela não tem pressa…).
A “liberação” da Raposa Serra do Sol para os “povos indígenas”, foi decidida pelo Presidente Lula e avalizada por decisão do STF. (*1)

OS MEGALÔMANOS PROJETOS FRACASSADOS

FERROVIA MADEIRA/MAMORÉ

A  primeira tentativa de fato, se deu em 1872, através do empresário norte americano George Church, que contrata uma empreiteira inglesa com concessão para a construção da ferrovia.
“Mas não dá certo, eles não tem a mínima ideia do que vão encontrar aqui, vêm despreparados”, comenta o historiador.
Depois, em 1878, novamente Church faz uma tentativa, convida para Rondônia uma empreiteira norte americana.
“Também não dá certo, eles passam por muitos percalços principalmente relacionados às doenças tropicais, complementa, Dante.
Em 1905, o governo faz uma nova proposta de concessão para construção e quem ganha é um empresário brasileiro, o engenheiro Joaquim Catrambi, que logo depois vende para o norte americano Percival Farquhar. Esse compra a concessão em 1907 e começa a construir a ferrovia.
Devido ao alto preço da borracha no mercado mundial, a ocupação do Vale do Guaporé pelos portugueses levou a região do alto Madeira a Mamoré a intensificar a produção da colheita do látex. A ligação que ia do Mato Grosso ao Atlântico, através dos rios Guaporé, Mamoré, Madeira e Amazonas, era o percurso realizado no escoamento da produção comercial do Brasil e da Bolívia. A ideia de construir uma ferrovia surgiu em 1861, mas somente em 1877 é assinada Madeira – Mamoré Railway Co., um empreendimento incorporado pelos irmãos americanos Philips e Thomas Collins. Da Filadélfia, no ano de 1878, partiram engenheiros e demais trabalhadores junto com toneladas de máquinas, ferramentas e carvão mineral. Dada a insalubridade do local aliada à falta de alimentação, o único saldo positivo foi a construção de sete quilômetros de trilhos assentados. Vencidos pelas doenças e pela fome, foram poucos os trabalhadores que sobreviveram. A partir de janeiro de 1879, com a falência da empresa Collins decretada, não havia mais o que fazer. Com a assinatura do Tratado de Petrópolis em 17 de novembro de 1903 entre a Bolívia e o Brasil, o Estado do Acre, que à época se fazia uma região pertencente à Bolívia, formalizou-se incorporado ao território brasileiro. Com esse acordo, o Brasil pagou à Bolívia dois milhões de libras esterlinas, cedeu algumas terras do Amazonas e se comprometeu com a construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, com o seu trajeto desde o porto de Santo Antônio, no rio Madeira, até Guajará-Mirim, no Mamoré, com um ramal chegando à Vila Bela, Bolívia, o que permitiria o uso de ambos os países com direito às mesmas franquias e tarifas. O Brasil ficava obrigado a construir a estrada de ferro no prazo máximo de quatro anos. mesmo nome usado pelos irmãos Collins: Madeira Mamoré Railway Co.. Saíram de Nova York em 1907. A partir do ano de 1909, quando a ferrovia já contava com 74 km construídos, Dana Merrill, fotógrafo nova-iorquino oficial contratado pela Brazil Railway Company, desembarcou em Porto Velho onde começou os seus primeiros registros dos avanços e percalços no campo das obras ferroviárias. Especula-se a produção de 2 mil chapas em sua estada na Amazônia. Em meio a exemplares da fauna e flora, membros de populações indígenas são registrados em contato com os personagens da obra dominante. Seus registros como cronista do caminho do ferro seguem até o ano de 1910, quando se supõe que Merrill retorna para os Estados Unidos. Sem mais informações sobre a sua vida, Merrill foi revisto no reencontro dos sobreviventes da Exposição Mundial de Nova York, em 1939. A Estrada de Ferro Madeira – Mamoré estava inaugurada em 1912. No entanto a Bolívia, nesse ano, já chegava ao Pacífico por duas ferrovias e estava sendo concluída a sua ligação com o Atlântico, pela Argentina. O canal do Panamá estaria concluído dentro de três anos e, com isso, a Madeira – Mamoré só daria lucro nos dois primeiros anos de atividades, pois a produção ordenada dos seringais do Oriente fariam cair o preço da borracha no comércio internacional. Com a falência de Percival Farquar, os investidores ingleses e canadenses foram obrigados a assumir a administração da ferrovia, o que fizeram até o ano de 1931. Em 1937, Aluízio Pinheiro Ferreira, a mando de Getúlio Vargas, assume a direção da ferrovia, que permaneceu em atividade até 1966. Depois de 54 anos de atividade, acumulando prejuízos durante esse tempo, Humberto de Alencar Castelo Branco determina a erradicação da Estrada de Ferro Madeira – Mamoré que seria substituída por uma rodovia. Atualmente, o que restou da ferrovia é um trecho recuperado que atinge a vila de Teotônio. Por falta de recursos para manutenção, o trem trafega apenas no primeiro trecho, mesmo assim, precariamente.



Histórias inéditas da Ferrovia do Diabo
O livro "Trilhos na Selva" mostra que a construção da Madeira-Mamoré foi um faroeste com doenças, levantes e jogos de pôquer



Deu no “The Porto Velho Marconigram”, o jornal dos engenheiros e operários americanos encarregados, no início do século passado, da construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré, na Amazônia brasileira: “Perigoso encontro com um tamanduá”. A matéria de primeira página da edição de 19 de novembro de 1910 narra em tom bem-humorado a aventura do dr. Garrett e de um funcionário da construtora, ambos envolvidos em uma “luta breve e decisiva com a fera” que, com “uma pata poderosa, rasgou a bota do médico e feriu-lhe a perna”. Essa publicação circulou na nascente Porto Velho (à época com uma população de mil habitantes), mas nenhum dos seus exemplares havia sobrevivido. Agora, uma dezena deles aparece reproduzida no livro “Trilhos na Selva” (Bei Editora), dos autores americanos Rose e Gary Neeleman, junto a imagens inéditas dos fotógrafos Oscar Pyles e Dana Merrill, o documentarista oficial desse empreendimento faraônico no meio da floresta, planejado para escoar a produção de borracha do Brasil e da Bolívia. De posse do valioso material, o casal Neeleman descortina um novo panorama sobre a história da Madeira-Mamoré centrando no cotidiano dos trabalhadores aventureiros. São detalhes anedóticos – e também trágicos – que, em meio à série de livros já publicados sobre o assunto, dão colorido a esse episódio com ares de epopeia.
Editado completamente em inglês, o “Marconigram” tinha a função de entreter uma mão de obra envolvida com perigos maiores que um mero tamanduá de patada certeira. Vítimas de malária, febre amarela, beribéri, febre hemorrágica e outros males tropicais, metade dessas pessoas vindas de diversas partes do mundo morria na selva, criando-se a lenda de que, debaixo de cada dormente da estrada de 360 quilômetros, escondia-se uma alma. Ao todo, dez mil trabalhadores perderam a vida e estão sepultados ao longo do rio Madeira. O dia a dia nas clareiras não era fácil. O uso do álcool era proibido. A prática religiosa, banida.
À noite, os trabalhadores ficavam aterrados com os uivos dos animais e muitos deles passavam a ter transtornos psicológicos.
O livro narra um episódio envolvendo o responsável pelo registro das horas de trabalho J.E. James que sentiu-se mal na mata e, com medo de pernoitar no local, começou a delirar. Baseado em outra edição do “Marconigram”, fica-se sabendo de um levante comandado por uma centena de alemães, em dezembro de 1910. Eles haviam sido contratados para trabalhar na construção, mas não imaginavam o “mico” em que iriam se meter. “Nas várias paradas feitas no rio Amazonas, a desilusão foi aumentando: quando chegaram a Porto Velho, recusaram-se a desembarcar”, lê-se no jornal. O que se segue é a formação de um pequeno exército rebelde ameaçando deflagrar uma “guerra civil na selva”. Atendidos, saíram em debandada. Nove homens que partiram numa jangada improvisada nunca mais foram vistos: mais tarde as cabeças de cinco deles foram encontradas flutuando no rio.
Segundo os Neeleman, a região era habitada pelos hostis índios paintintins e cangas-piranhas. Nem todos os nativos, contudo, eram perigosos. Os caripunas, de barriga avantajada por se alimentar unicamente de amido, aparecem em fotos de Merrill. O cacique veste um pijama que o fotógrafo havia comprado de um navio holandês de suprimentos: o trocou por flechas e algumas poses vaidosas. Em outra imagem, vê-se um caripuna de cabelo encaracolado, o que deveria ser uma moda local. Acompanhando a distância a chegada do progresso, as tribos indígenas ficavam admiradas ao ver uma locomotiva testando os trilhos. Se o bicho metálico parava de andar, viravam as costas, indiferentes.
Apesar de a construção da “Ferrovia do Diabo” ter sido uma façanha da engenharia (tinha até hospital completo), os trabalhadores narram esses episódios em tom de faroeste e até uma prática da corrida do ouro nos EUA é reproduzida no que eles chamavam de “zona ardente”: o pôquer. O jogo de cartas era praticado no dia seguinte ao pagamento e quem ganhasse deveria abandonar o emprego e retornar aos EUA. Alguns perdiam tudo, cerca de US$ 150, uma boa soma para a época. Voltar para o lar era, aliás, o sentimento geral, expresso inclusive em versos. O poeta mais frequente no “Marconigram”, R.S. Stout, não poupava o Brasil: o pintava como “a terra da febre sombria”.  

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