Hugo Navarro da Silva |
Crescer parece ser meta universal. As pessoas, as atividades
do comércio e da indústria, os governos em geral só falam em crescer, ganhar
mais dinheiro, independência, força e poder.
Fernando Henrique Cardoso, quando presidente, popularizou as palavras
avanço e avançar para caracterizar as ações ou intenções de seu governo dando
como consequência que avanço e avançar passaram a integrar o vocabulário de
muito político pelo Brasil afora, com o sentido de aumento e aumentar, fazendo
desaparecer antigo significado da palavra avanço, usada popularmente para
definir atitudes nem sempre legal ou socialmente aceitáveis do homem diante das mulheres, até porque o avanço
deixou de ser característica exclusivamente masculina, o que tem certas
vantagens, embora reduza, em muito, o primitivo e viril mas sempre atraente
prazer de caçar, característico de
predadores, confirmando a máxima de que um dia é do caçador e, outro, da caça.
Tudo parece dar no mesmo, mas as diferenças são enormes e o insubstituível
sentimento de vitória no campo de batalha transforma-se, às vezes, em rendição
ou submissão sem glória e sem muitas alegrias, porque lhe falta o necessário
tempero.
A vocação para o crescimento é fato constatado até na altura
dos seres humanos, que crescem na razão direta do valor calórico dos alimentos
que ingerem, fenômeno que está acontecendo no nordeste brasileiro e entre raças
atarracadas existentes no mundo.
Cuida-se, hoje, do crescimento de músculos com intervenções
cirúrgicas e o uso de drogas que produzem maravilhas, verdadeiros Tarzans de
ambos os sexos, embora drogas, que andam
por ai, vendidas livremente, com o tempo façam diminuir partes e funções
importantes do corpo e até o período de
vida de usuários. Já houve época em que musculatura
costumava ser obra de alfaiataria, como narra o samba “Tarzan, o Filho do
Alfaiate” de Noel Rosa e Vadico: “Quem foi que disse que eu era forte?/ Nunca
pratiquei esporte nem conheço futebol/ O
meu parceiro sempre foi o travesseiro/ E
eu passo o ano inteiro sem ver um raio de sol/ A minha força bruta
reside/ Em um clássico cabide, já cansado de sofrer/ Minha armadura é de
casimira dura/ Que me dá musculatura,
mas que pesa e faz doer”.
Diante dessa incoercível tendência para o crescimento causou
impacto e foi sucesso imediato o livro
de ficção científica de Richard Matheson, “O Incrível Homem que Encolheu”,
transformado em filme de grande aceitação popular no mundo inteiro, contando história de terror com lances de comédia.
O nosso governo,
adotando providências no setor econômico que alguns dizem ser mistura de
marxismo com keynesianismo, que evidentemente não estão dando certo, com os
salários consumidos, cada vez mais, pela inflação e a produção lutando contra
as peias dos juros, da escorcha fiscal e da concorrência estrangeira, só fala
em crescimento, do nascimento de nova classe média que fez ampliar o consumo, esquecido
de que aumento de consumo sem incremento de produção é caminho certo de graves
problemas sociais.
Resultado da política econômica posta em vigor no país é que
brasileiros de todas as classes lutam, diariamente, com salários corroídos,
para fazer crescer a economia da China e de outros países.
O bom Estado da Bahia, ao que tudo indica, anda na contramão dos
acontecimentos e das tendências com a diminuição da violência, dentro e fora do
Carnaval, a exemplo do que tem sido divulgado . Esse encolhimento não acontece
apenas na capital. Em Feira de Santana quase toda semana há loas cantadas à
diminuição nas estatísticas do crime de tal sorte que em breve a polícia poderá
ficar sem emprego.
Hugo Navarro da
Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis.
Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte".
Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida
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