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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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sexta-feira, 22 de março de 2013

O POVO, A GRANDE VÍTIMA

Hugo Navarro Silva


Ilustre feirense, representante do povo bahiano na Assembleia Legislativa, que de vez em quando apresenta propostas interessantes, segundo o Jair Onofre acaba de oferecer à consideração de seus não menos ilustres pares projeto de lei que aprovado vai colocar o comércio desta cidade e de todo o Estado em grandes dificuldades, verdadeiros palpos de aranha e, o povo em geral,  de calças ainda mais curtas, ampliando sua penosa e diária agonia pela sobrevivência.

O projeto, que não chega aos domínio da demência,   mas  se aproxima dos  limites do desatino e do desrespeito à lei e ao povo, como o fato de atirar ao  lixo contas não pagas para diminuir o volume de débitos em fim de administração ruinosa, merece reparo, porque tropeça nos próprios cadarços.

Segundo o projeto, firmas comerciais de grande e médio porte, mas, principalmente, os shoppingcenters, terão que instalar e manter, por conta própria, em espaço conveniente, eficientes e modernos pronto-socorros, com dois médicos de plantão e necessário pessoal de apoio, naturalmente com atendentes, enfermeiros, telefones, material cirúrgico, computadores, digitadores, ressuscitadores, oxigênio, medicamentos com prazo de validade não vencido, mesas, camas hospitalares, macas, agentes funerários, outros importantes equipamentos médicos e seguranças armados para organizar filas  “apenas surge sanguínea a fresca madrugada” como diria o poeta.

 O deputado estadual, vereador de luxo, em tal condição não precisa exagerar querendo salvar o mundo de uma só penada, porque esse mundo ninguém salva.  O fato, inegável, não significa que deve passar pela Assembleia como gato por brasas, deixando seus deveres para amanhã, mas não pode exagerar sem primeiro examinar as consequências e o alcance de seus heroicos atos de acendrado amor ao povo, tão verdadeiros quanto as pesquisas de opinião divulgadas a respeito da aceitação popular da presidente da República e de seu discutível governo.

Supondo, por absurdo, que tal projeto venha a ser aprovado e que os grandes estabelecimentos comerciais do Estado sejam obrigados a se transformar em pequenos Hospitais Clériston Andrade, quem pagará a conta? Ora, é sabido por todos que despesas hospitalares são como a bota da velha e conhecida história do sujeito que queria tapear o Diabo. Comerciante, que deseja sobreviver no Brasil, apenas paga, quando o espírito patriótico é forte, suas despesas pessoais. Tudo mais é pago pelo povo, porque entra no preço das mercadorias, salvo, em certos casos, o Imposto de Renda, na opinião de conhecido economista o mais justo de todos os tributos do mundo.

O povo da Bahia, desta forma, pode ser obrigado a carregar, além dos esforços sempre repetidos desde que o país existe, dos governos, no incremento do que parece eterno como o fogo do Inferno, o combate aos efeitos da seca, terá que pagar, também, o alto custo da invenção da deputada, que deve estar a merecer os aplausos do executivo estadual, porque o livra, em parte, de pesada obrigação constitucional, a da saúde.

Ora, essa maravilha brasileira, a nem sempre suficientemente louvada Constituição de 88 na medida de seus quase divinos merecimentos, no art. 196 afirma, melifluamente, que “a saúde é direito de todos e dever do Estado”.

O projeto, que deve ser discutido, na Assembleia, nos próximos e quentes dias da seca bahiana, além de ampliar a gama de sacrifícios impostos à população deste Estado de federação em que membro pobre não tem vez e voz, sendo injusto é, também, desenganadamente inconstitucional.

Mas, que significa tal coisa neste país de absurdos?

Hugo Navarro da Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis. Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte". Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida
 

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