Hugo Navarro Silva |
Enquanto boa parte do mundo mantinha a atenção fixa na
fumaça da chaminé instalada às pressas na Capela Sixistina para a eleição do
novo Papa, e as vísceras da Igreja eram expostas de forma até certo ponto
escandalosa, a sugerir reformas em organismo de mais de dois mil anos de
silêncios, segredos e mistérios, apesar das tentativas de aproximá-lo do povo,
sem muito êxito, supomos, diante do
ataque e do crescimento de crenças que vão transformando o nome de Jesus Cristo
na maior marca comercial do mundo, superior a da Coca-Cola, a produzir
bilionários dignos de registro na revista “Forbes”, o mundo continua imbicacando para mudanças que
ninguém pode saber para aonde estão levando a humanidade, com descrentes em
crescimento, de um lado, e crentes radicais de outro, dispostos a comprar as
graças divinas a qualquer preço, do que se valem sabidórios, que folgam saber
que o melhor negócio deste mundo é vender o que não podem entregar.
Antes, as coisas eram mais discretas. Muito judeu, foragido
da Inquisição, na Europa chegava ao Brasil com ouro, prata e pedras preciosas
costuradas no forro da roupa, passava a frequentar missa e montava negócio com
o nome de santo, embora, às escondidas guardasse o sabá e praticasse outros ritos de sua religião primitiva. Eram
os cristãos-novos, donos não poucas as casas comerciais com o nome de santo,
com o que buscavam fugir da condenação e das fogueiras da fé, sem risco de
perder lote no paraíso.
O problema assume proporções de risco para a humanidade
quando grupos radicais religiosos renunciam aos progressos de mundo e se
recolhem em comunidades sem escolas, telefone, eletricidade, rádio e televisão,
vivendo à imitação de povos bíblicos e outros insistem em reviver guerras entre
cristãos e muçulmanos, que andaram a sacudir e a encher de sangue o Oriente
Médio e a própria península Ibérica de que herdamos tradições, língua, crenças,
hábitos e religião.
Evidente que tal situação se complica e ameaça não mais a
vida de cavaleiros de armadura, lança e espada e muros de pedra de fortalezas
ou templos como os de Jerusalém, onde Cruzados teriam descoberto segredos que
fizeram a fortuna de uns e a desgraça de outros, mas a existência do próprio
Planeta, se é verdade que radicais islâmicos estão na posse dos segredos da
bomba atômica, que podem pulverizar todo o trabalho da Criação e os enganos que
a humanidade vem criando.
Um deles, na
política, é o do PT a respeito das privatizações, principal bandeira de luta
daquele partido para atacar o governo de Fernando Henrique Cardoso, não apenas
para seguir as linhas ideológicas da esquerda, que desde seus fundadores
moscovitas defendem a existência de Estado todo poderoso, mandando e
desmandando, controlado por um só partido e, se possível, por uma só pessoa, ou
como simples bandeira de luta, principalmente na falta de outra que pudesse
resultar eficaz.
No império do PT apareceu a terceirização. Quando resolve
entregar serviço publico à área privada,
não privatiza, terceiriza, o que é maneira quase hábil de engabelar os
trouxas. Mas, a arte petista do engano e do engabelamento assumiu aspectos de
genialidade quando o governo da nossa velha Bahia, para tentar resolver os
crônicos problemas do Hospital Clériston Andrade, foi buscar, nos mais recônditos
escaninhos das novidades da língua pátria e dos métodos de governo o verbo
publicizar, que não está registrado nos dicionários mais conhecidos. Assim, não
pretende, aos olhos do povo, privatizar os serviços do HGCA, mas publicizá-los,
expressão que transmite a ideia de que o hospital continua publico, quando
na verdade entrega-o a organização privada, com o que o governo não confessa
contradição e fracasso mas tenta enganar o povo mais uma vez.
Hugo Navarro da
Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis.
Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte".
Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida
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