Hugo Navarro Silva |
Enquanto se espalhava a notícia de que o prefeito José
Ronaldo em sua fala na reabertura dos denominados trabalhos da Câmara declarou
que não gastaria na micareta grandes somas do erário, o dinheiro do povo, na
contratação das surradas atrações do carnaval de Salvador, atitude que não
encontra caminho que não seja o do aplauso, até porque o prefeito enfrenta dívidas que não esperava e outras e
vultosas dificuldades para complicar a vida da nova administração municipal,
algumas pessoas se preocupavam com o nome micareta, querendo saber se há lei na
sua criação ou se há registro do famoso nome em órgãos competentes, como as
marcas de fábrica e as designações
artísticas e comerciais. Feira mostra que fica cada vez mais civilizada e
sábia. É um espanto.
A micareta nasceu por acaso. Todo mundo sabe. Não é a
primeira do Brasil. Em salvador, em outros tempos, houve festas carnavalescas
após-pascoela. Seus “inventores” nesta terra, em 1937, andaram em busca de
denominação para o folguedo, que na ocasião não tinha pretensões de
perpetuidade. Era remendo de carnaval frustrado. O profº. Antônio Garcia, um
erudito, sugeriu a denominação de micarême, tradicional quasímodo das
lavadeiras de Paris. Surgiu, então, o nome micareta, ninguém sabe de quem,
talvez criação de Oscar Erudilho ou de Oscar Marques.
Enquanto se comentava a fala do prefeito, Yoani Sanchez, mundialmente
famosa jornalista cubana, citada até no “Times”, finalmente chegou a esta
cidade. Sua estada nestes pagos poderia passar em brancas nuvens e em plácido
remanso adormecer. Que poderia esclarecer a respeito do regime político e da
liberdade na ilha de propriedade dos irmãos Castro que neste país não é sabido
e divulgado?
Desde o seu desembarque no Recife, e, posteriormente, em
Salvador, entretanto, a blogueira encontrou, contra a sua interessante e inócua
presença, veementes protestos de uns poucos ativos defensores da ditadura
cubana, com cartazes, ameaças, ofensas variadas e muita gritaria, alguns até fantasiados
de Che Guevara, que tiveram seu momento mais violento no Museu Parque do Saber,
à noite, porque a jornalista foi praticamente impedida de se expressar e
tornou-se impossível exibir o
documentário “Conexão Cuba-Honduras”, que estava no programa.
Nem a interferência do senador Eduardo Suplicy, que se
apresentou como defensor dos direitos de blogueira, conseguiu aplacar os ânimos
e não haveria como fazê-lo, porque neste país ninguém leva Suplicy a sério e os
manifestantes, os que nem ao menos sabiam corretamente o que estavam fazendo,
nem os seus lideres, velhos bagunceiros treinados para a subversão da ordem e
loucos para mostrar serviços ao politburo
e à ditadura cubana, estavam dispostos ao
entendimento e à moderação.
No entanto Yaoni falou e foi entendida, graças à imprensa.
Se é verdade que na sua apresentação no
Museu Parque do Saber não compreendeu o que lhe perguntavam e nenhum dos
presentes alcançou o que ela falava com forte sotaque caribenho, devido à
baderna do esquerdistas, sua mensagem ficou clara: quer liberdade para o seu
povo oprimido e sofredor.
Diante dos protestos e do desespero alucinado dos manifestantes,
Yaoni cresceu. Mais do que simples jornalista lutando em busca de liberdade e
democracia para seu povo, assumiu aspectos inesperados. Em outros tempos,
poderia ser havida por santa e até canonizada. Nos atuais, cheios de violentos
incréus, toca as raias do heroísmo a ponto de fazer sombra a Maria Quitéria e
motivar, quem sabe, possível acréscimo de mais uma longa estrofe ao Hino a
Feira da professora Georgina. Pena não ter nascido em São José das
Itapororocas.
Hugo Navarro da
Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis.
Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte".
Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida
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