Ainda no calor do
incêndio de boate, que matou mais de duas centenas de jovens, no Rio Grande do
Sul, causando comoção e luto em todo o país, enche-se o noticiário com as
medidas que governos, em todos os níveis, estão adotando ou querendo adotar
para que sinistros semelhantes não voltem a ocorrer e enlutar o povo
brasileiro.
A natural preocupação despertada pelo
lamentável sinistro, é evidente, à primeira olhada apresenta marcas da
demagogia, do simples interesse no voto, praga que infelizmente infesta grande
parte da vida política nacional com o banimento pertinaz e constante de
programas, ideologias, partidos, honestidade, ética e outros penduricalhos
considerados de somenos importância. As anunciadas providências, necessárias, deverão
sobreviver, em alguns casos, além de seis meses, dificultando a vida de donos
de boates, cinemas, mafuás, botequins, promotores de festas e de modernos
grupos, que atualmente ostentam o nome de banda, criadores de ruídos e
estrépitos, que muitos chamam de música, mascarando a ausência de valor
artístico com fogos e outros artifícios,
mas ingressaram na moda de sociedade cada vez mais superficial,
aligeirada e imediatista, em busca,
muitas vezes, de alegrias falsas,
superficiais, enganosas e improvisadas
ao sabor de modismos como o da
alucinação das drogas, a facilitar
ganhos, em certos casos astronômicos, de
alguns que hoje campam de artistas, com
o apoio de mídia nem sempre disposta a dizer a verdade.
O desastre tem
mobilizado técnicos, especialistas e estudiosos em segurança e na prevenção de
incêndios. Já se descobriu que na Bahia não existem regras legais para tentar evitar incêndios em lugares públicos.
Mas, é necessário dizer, lei a mais ou a menos, neste país de excesso
legislativo, não tem a menor importância. O que se torna urgente é o controle
da ganância desenfreada, o senso de responsabilidade de cada um, o cuidado com
a segurança e a vida do semelhante com a superlotação de locais fechados, a
noção do zelo, que deveria ser de todos, pelo patrimônio público e o dever
mínimo, que cabe a cada cidadão, de zelar pela paz e tranquilidade social.
Tudo, entretanto, parece
que se está dissolvendo no interesse do lucro rápido e fácil, sem atentar para
as consequências. É certo que sempre houve e sempre haverá criminosos,
baderneiros, gananciosos, aproveitadores, inimigos públicos, vândalos, porque
assim é a humanidade. Nos últimos anos, entretanto, o que se tem verificado
nesta terra é o total desprezo pelas regras de conduta e o absoluto desrespeito ao princípio da autoridade.
O exemplo vem do alto,
dos que governam o país, envolvidos em roubalheiras e outras ilegalidades como o ostensivo apoio a invasores de terras
públicas e particulares, o que não impede sejam defendidos, aplaudidos e
ajudados por boa parte da população, que parece viver os últimos dias de
Pompéia, num salve-se quem puder sem precedentes.
Em Feira de Santana, já
faz algum tempo, a permissividade em busca do apoio político a princípio com as
construções irregulares e a tomada de ruas pelas barracas dos chamados
ambulantes criou corpo e se transformou
em monstro que ameaça a própria sobrevivência da cidade como centro civilizado.
Tempos houve em que se construía onde e como se desejava. Há quem diga que o
sistema democrático de governo cria seus
próprios inimigos. É a busca irresponsável do voto popular que conduz a
situações insustentáveis como a atual, em que se debate a cidade, com o seu
centro comercial tomado de barracas, enfrentando o risco de incêndio de vastas
proporções, criando gravíssimo problema para o atual governo do Município,
principalmente porque em favor dos invasores inventou-se um “grave problema
social.” A desordem, entretanto, não deve prevalecer.
Hugo Navarro
Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis.
Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte".
Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida
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