Evandro José S. de Oliveira |
Alguns temas, sejam econômicos ou técnicos, sempre são politizados. É o
caso de privatizar ou estatizar, grupos que se acham da direita sempre são a
favor da primeira, não interessa tentar entender do assunto. Já o grupo que se
diz esquerda sempre a favor da estatização. O caso exemplar é a criação da
Petrobras. Na década de 30, o escritor Monteiro Lobato fundou companhias para
pesquisar e explorar petróleo, e, liderou um movimento que teve por objetivo
mostrar à opinião pública e ao governo que existia petróleo no território
nacional. Também houve um especialista americano em prospecção, garantindo não
existir petróleo economicamente viável, em território nacional. Na década de 40
recrudesceu o debate, agora no viés de monopólio estatal ou empresas de capital
aberto: com capital nacional e estrangeiro. O debate ganhou as ruas por
intermédio dos jornais. De um lado, Diário de Notícias e Última Hora; e os nanicos, O Jornal de Debates, O Popular e Emancipação,
nacionalistas defendendo o Monopólio Estatal.
O outro lado, procurava combater a intervenção do Estado na economia e
os movimentos nacionalistas, contando com o apoio da grande imprensa: O Globo,
Correio da Manhã, O Estado de S. Paulo. Em 1946 foi detectado primeiro poço comercial
no município de Candeias. Com a 2ª Guerra Mundial arrefeceu-se o debate
ideológico.
Terminada a guerra o país foi democratizado e o debate voltou com muito
mais intensidade, e com o slogan de “O petróleo é nosso” ganhou movimento
popular e em 1953, o Presidente Getúlio Vargas sancionou a Lei criando a Petrobras,
com o monopólio de perfuração e produção.
O Brasil continuou produzindo pouca quantidade de petróleo, em
plataformas continentais no nordeste.
Apesar de que logicamente ninguém previu o futuro da energia, hoje
vemos a felicidade da decisão da criação da Petrobras com o monopólio, com
poucas perspectivas de encontrar enormes mananciais petrolíferos no continente,
a única possibilidade seria na então recente tecnologia de prospecção marítima.
Por este motivo, hoje, a Petrobras é quem melhor domina esta tecnologia no
mundo.
Se não existisse a Petrobras, provavelmente atrasaríamos décadas na
busca de sermos um país exportador e sempre dependente, neste campo.
As multinacionais, logicamente iriam como foram para reservas no
oriente médio, onde a extração é muito mais barata, mesmo adicionando os custos
militares em defesa dos países produtores amigos.
Como triunfo temos hoje o PRÉ-SAL, com todos os rendimentos para o
Brasil.
Mas a briga continua, os capitalistas defendem que todas as decisões da
empresa visam tão somente o lucro, enquanto outra vertente defende a atuação da
empresa também na defesa social. Recentemente, quando Lula era o Presidente,
quis que a Petrobras adquirisse equipamentos nacionais, outros defendendo os
acionistas, queriam que as compras só levassem em conta o preço. Mudamos as
razões, porém insistimos no mesmo debate.
Como conciliar interesses privados, em especial a obtenção do lucro e a
gestão da empresa, com os objetivos de uma instituição pública sujeita às
pressões políticas e interesses mais amplos?
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