Carlos Pereira de Novaes |
Um dia desse eu estava conversando com um amigo
sobre o tal fim do mundo e ele se acabava todo de rir.
----
Que fim do mundo o quê? É tudo bobagem.
Mas
vejam só. Quando eu era pequeno, criança, minha mãe gostava de viajar para
Minas Gerais, para sua terra natal, e lá eu via coleiros, pintassilgos,
canários da terra, azulão, rolinhas, enfim, uma infinidade de pássaros, que
hoje não existem mais, afora um belo rio que hoje está em estado de lastima.
E
se eu perguntasse para aqueles passarinhos, que hoje já não existem mais, só
nas matas, que espero não sejam destruídas no futuro, sobre o tal fim do mudo?
O que será que eles falariam?
---Seu
moço, foi uma desgraça, eram gatos, cobras, gaviões, carcarás e depois, por
fim, vieram os meninos, os homens, os alçapões, tudo a nos caçar,
implacavelmente, e não sobrou ninguém. Eu, que vos conto esta estória, sobrei
nesta gaiola, mas os meus dias já estão contados.
Mas e o fim do mundo, seu passarinho,
veio ou não? O nosso..., sim!
É
gozado, se eu saio por este mundo estropiado, eu vejo muita gente se
especulando se o mundo vai acabar como se aqui sempre existissem homens. Já
houve o fim do mundo dos dinossauros e certamente de animais talvez bem mais
antigos que eles, mas o mundo continua, mas é bom que as pessoas se lembrem que
acabar o mundo não é acabar o planeta terra, mas as condições para as
sobrevivências específicas de cada um que vive aqui.
O
mundo não é o planeta, mas as biosferas específicas de cada espécie e estas já
se extinguiram para muitos animais, plantas e pode terminar para o homem, haja
vista os imensos lixões que nos cercam, a escravidão ao capital, ao ócio
exacerbado de alguns, que só encontram alegrias efêmeras em mesas de bar regadas
ao uísque, nos craques desta vida, na matança exagerada de crianças sem futuro
e filhos de pais sem passado e muitas outras coisas que nos cercam, neste mundo
de iniqüidades?
Hoje, já não existem matas,
os rios já estão secando e o mar está cada vez mais doente e nem as igrejas
estão mais a salvo do tal bezerro de ouro, ao cobrar décimos ao invés de
dízimos, que é outra coisa, cuja pedofilia e a falta de amor ao próximo geralmente
são varridas para baixo dos tapetes.
Bem,
isto eu queria conversar com meu amigo, que não entendeu bem minhas ponderações,
mas será que este mundo não está acabando mesmo e fomos nós é que percebemos
ainda, pelos Maias, por João, no Apocalipse, por Daniel, por Nostradamus e até pelo
tal de Professor Nostradamus, que agora se meteu a escrever sobre matemática e
a falar do fim do mundo?
Sei
não? Mas do jeito que as coisas andam o mundo vai se acabar e as pessoas vão
continuar a dizer: ---Ora, que besteira. Isto é tudo bobagem!
Obrigado,
boas festas e um feliz fim de mundo.
Feira de Santana, 21/12/2012. Carlos Pereira de Novaes. Professor da
UEFS.
Nenhum comentário:
Postar um comentário