Hugo Navarro Silva |
Machado de Assis, em crônica, disse que não tolerava que os
fatos e os homens se lhe impusessem por si mesmos: “eu é que os hei de enfeitar
com dois ou três adjetivos, uma reminiscência clássica, e os mais galões de
estilo”.
Não há como negar, entretanto, a importância dos fatos sobre
a vida dos indivíduos e dos povos, por eles não poucas vezes levados a grandes
sucessos e profundas transformações por onde, às vezes, tem andado o mundo.
Não fossem as calmarias, que mudaram o roteiro do sr. Cabral
e de sua frota, como antigamente ensinavam nas escolas, e o Brasil ou ainda
seria selvagem, com índios fazendo guisados de costelas humanas, ou teria sido
colonizado por gentes diversas da lusitana, certamente com alguma vantagem.
Fato que mudou o mundo teria sido a utilização da pólvora em
canudos de metal, grandes ou pequenos, para matar o próximo com certa
facilidade e à distância. Há quem assevere que os Estados Unidos da América
ganharam força e sobreviveram devido à
fabricação de armas de fogo, pelos
Estados do norte, em escala industrial, fator relevante da derrocada dos
Estados sulistas, rebelados e escravocratas, na guerra separatista que tantas
vidas consumiu.
Outro acontecimento, que mudou a face do mundo, foi o da
manipulação e relativo controle da energia atômica, que precipitou o fim da
Segunda Guerra Mundial com a destruição de duas cidades japonesas, quando as
estimativas eram do sacrifício de mais de um milhão somente de vidas americanas
na invasão do território metropolitano do
Japão. O impacto da aplicação da energia tirada do átomo para ampliar o progresso e os perigos a que está
sujeita e humanidade, na produção da energia elétrica e na Medicina, somente
pode ser comparado à descoberta dos raios-x, da vacina e da existência de seres
microscópios, causadores de doenças e sofrimentos, que fazem parte da criação
deste velho mundo sobre cuja origem e destino há somente palpites e teorias
para efeitos variados.
Mas, não apenas os grandes fatos transformadores têm
influência sobre a humanidade. Há, pequenos, que dentro de seus limites
modificam destinos, criam caminhos, endireitam ou entortam pessoas e chegam a
influir na trajetória das artes e ciências mundiais como o da maçã, que caiu na cabeça de Isaac Newton e
o levou a constatar a existência da Lei da Gravidade, como importante foi a
criação de simples brinquedo, na Holanda, canudo com lentes de aproximação. Caiu nas mãos de Galileu, que passou a
examinar os astros e constatou que a Terra não era imóvel e, muito menos, o centro
do nosso sistema planetário. Incorreu na
asneira de publicar suas constatações. Foi preso, processado, ameaçado de
fogueira e humilhado. Teve a vida destruída, o que não aconteceu com
Arquimedes, cientista da antiguidade, que ao tomar banho descobriu método para
determinar o volume dos objetos de formato irregular. No entusiasmo da
descoberta esqueceu as roupas e saiu nu pelas ruas gritando: “Eureca! Eureca!”.
Fato vastamente divulgado
no começo da semana pode mudar radicalmente a vida desta cidade. Sabemos que o
nosso povo sonha ter, á sua disposição, um aeroporto. É aspiração, incontido
desejo e sonho reavivado pela última campanha eleitoral, em que aeroporto, com
vibrante e barulhenta movimentação de aviões de todos os tamanhos foi posto, como favas contadas e recontadas, à
disposição do povo por figuras importantes da política. As esperanças ressurgem, agora, com a notícia de que teria
chegado, para o futuro e hipotético aeroporto, um carro de bombeiros. Quem
sabe? Será feliz e promissor começo
se ladrões não levaram ou
depenarem o veículo, ou se a ferrugem dele não der cabo.
Hugo Navarro
Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis.
Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte".
Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida
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