Evandro J.S. Oliveira |
Este Cel. Joaquim Pedreira de Cerqueira, no tocante a riqueza está fora da curva em toda história de Feira de Santana.
Desenvolvi que uma das vantagens, do progresso da Feira de Santana, além de situação geográfica, foi ser povoada sem “dinastias” econômica, famílias tradicionais nem grupos fechados de elites. Sem querer aticei o ego de alguns. Primeiro porque vejo como vantagem, não ter estas qualidades: existe e sempre existiu uma classe média com bons recursos, fazem belas residências, possuem carros de luxo, mas não podem morar na Europa, a não ser estudante com bolsa. Então colocam os filhos nas melhores escolas, particulares, predomina a saúde dentro de Feira, que tem ótima qualidade.
Feira de
Santana é ponto de agregação comercial, para cerca de quatro milhões de
habitantes, todo o comércio do interior em volta de Feira vem se abastecer
aqui. Aqui gravita até os serviços públicos, hospitais regionais, faculdades. Mas
é uma região de gente da classe média no máximo, por isto as multe nacionais e
grandes redes de supermercados, atacadistas, colégios, faculdades, farmácias...
Mas não tem lojas vendendo BMW, aviões, lanchas, lojas de luxo...
Família
tradicional, não tem, quando falei isto, delicadamente disseram: “sua família é
tradicional”, ri, olhe minha vó era árabe, não sei nem a nacionalidade: Vejamos
a família Fróes, é um nome inventado por Agostinho Fróes da Motta, a família
Bahia, é que seu Amado achou o nome Bahia bonito e colocou no sobrenome e assim
todas não passaram de três gerações de ascendentes. Mas isto é uma coisa boa, todos esses
núcleos fechados são barreira para o desenvolvimento.
Mas vamos voltar ao Cel. Joaquim
Pedreira, a exceção de riqueza na região, comprovada no livro de Luiz Cleber
Moraes Freire; ex-aluno, atual professor e escritor, ligado a UEFS, no livro “Nem Tanto
ao Mar Nem Tanto à Terra” – Agropecuária, escravidão e riqueza em Feira de Santana.
1850 – 1888. Quem gosta de história da região, recomendo.
Para adquirir o livro: Livraria da Uefs e da UFBA. |
Mas quem desenvolveu uma "Muito grande riqueza" foi o cel. Joaquim Pedreira de Cerqueira.
Para demonstrar a raridade desta riqueza, vemos no quadro abaixo não existir nenhum inventário classificado como "Grande riqueza" e encontrando registro de três falecidos na categoria "Grande média riqueza" alcançando menos de 500.000$.
Cleber, estabeleceu uma classificação das fortunas (1850-1888), em um período de cerca de quarenta anos.
Na tabela acima, a seta vermelha identifica não existir ninguém com grandes fortunas No entanto às muito grande, verificamos existir um, no caso cel. Joaquim P. Cerqueira. |
A formação de sua fortuna ao longo da vida foi algo impressionante:
1.281:287$045 réis (um milhão, duzentos e oitenta e um contos, duzentos e
oitenta e sete mil e quarenta e cinco réis). Essa fortuna pessoal foi a maior
que houvera em Feira de Santana, ao seu tempo, e uma das maiores da província
(FIGUEIREDO Filho, 2004, p. 15). Em seu estudo sobre a Bahia do século XIX, no
capítulo em que trata da fortuna dos soteropolitanos, Kátia Mattoso também encontrou
apenas um inventariado - num rol de 1.115 - com uma fortuna superior a
1.000:000$000 réis (MATTOSO, 1992, p. 607)[1].
Para se ter uma ideia acerca dessa fortuna, basta dizer que construiu, às suas expensas,
uma nova estrada ligando Feira de Santana a Cachoeira, caminho mais curto para
se chegar até Salvador. Em 1857, ele iniciou a construção dessa nova estrada,
em substituição à antiga, já que aquela não permitia a passagem de veículos. E,
no ano seguinte, ao concluir tal empreitada, teve parte das despesas
reembolsadas pelo tesouro provincial (POPPINO, 1968, p. 71).
Essa fortuna pessoal era composta de: ativos (534:724$840
réis = 41,7%), dinheiro líquido (451:276$055 réis = 35,2%), bens de raiz
(109:465$ 150 réis = 8,6%), gados (82:720$000 réis = 6,5%), escravos
(68:156$000 réis = 5,3%), benfeitorias e equipamentos (29:157$000 réis = 2,3%),
produtos agrícolas (4:180$000 réis = 0,3%) e móveis (1:608$000 réis = 0,1%).
Uma fortuna sólida, embora tenha deixado algumas dívidas passivas no valor de
47:000$045 réis que comprometeram 3,7% do seu património. Algumas dessas
dívidas referiam-se a despesas de manutenção com a fazenda Bonita, em Camisão,
e com o engenho Cazumbá; com o médico que lhe assistiu; com honorários
advocatícios por uma questão em Santo Amaro; com ressarcimentos a alguns netos
pelo inventário da avó; com despesas do inventário; impostos; uma pequena
dívida a um particular; e com o funeral, que custou 6:559$790 réis.
O valor dessa última despesa fornece indícios de que a cerimônia
de seu funeral foi algo muito além do padrão da época, a julgar que algumas
décadas antes, em Salvador, o recordista em gastos funerários fora o
“extraordinariamente rico” comendador Pedro Rodrigues Bandeira, cujo ritual de
sepultamento custou 3:072$250 réis (REIS, 1991, p. 234). Esses custos
englobavam vários serviços que iam da preparação do cadáver, às missas e dobres
fúnebres, música, caixão, os ornamentos do velório, a compra de artigos
fúnebres, como convites de enterro, mortalha e, caso não tivesse mausoléu, o
terreno no cemitério. Essa despesa gasta no enterro do comendador Bandeira.”
[1] Nota
do Blog: Fazendo uma comparação, pode se acreditar que em Salvador hoje, tenha mais de cinquenta fortunas maiores do que dos mais rico de Feira de Santana
atual?
Nenhum comentário:
Postar um comentário