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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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quinta-feira, 25 de março de 2021

O HOMEM MAIS RICO DE FEIRA DE SANTANA I

Evandro J.S. Oliveira
  Do ponto de vista do conceito real de naturalidade, o título esta errado, o Cel. da Guarda Nacional, (título concedido por D.Pedro II), Joaquim Pedreira de Cerqueira, nasceu na freguesia de São Gonçalo, mas morou a vida toda em Feira de Santana. Mas eu como feirense, que por acaso nasceu nesta cidade, considero todas as pessoas que moraram um ano na Princesa do Sertão é feirense de adoção.

          Este Cel. Joaquim Pedreira de Cerqueira, no tocante a riqueza está fora da curva em toda história de Feira de Santana.

         Desenvolvi que uma das vantagens, do progresso da Feira de Santana, além de situação geográfica, foi ser povoada sem “dinastias” econômica, famílias tradicionais nem grupos fechados de elites. Sem querer aticei o ego de alguns. Primeiro porque vejo como vantagem, não ter estas qualidades: existe e sempre existiu uma classe média com bons recursos, fazem belas residências, possuem carros de luxo, mas não podem morar na Europa, a não ser estudante com bolsa. Então colocam os filhos nas melhores escolas, particulares, predomina a saúde dentro de Feira, que tem ótima qualidade.          

          Feira de Santana é ponto de agregação comercial, para cerca de quatro milhões de habitantes, todo o comércio do interior em volta de Feira vem se abastecer aqui. Aqui gravita até os serviços públicos, hospitais regionais, faculdades. Mas é uma região de gente da classe média no máximo, por isto as multe nacionais e grandes redes de supermercados, atacadistas, colégios, faculdades, farmácias... Mas não tem lojas vendendo BMW, aviões, lanchas, lojas de luxo...

          Família tradicional, não tem, quando falei isto, delicadamente disseram: “sua família é tradicional”, ri, olhe minha vó era árabe, não sei nem a nacionalidade: Vejamos a família Fróes, é um nome inventado por Agostinho Fróes da Motta, a família Bahia, é que seu Amado achou o nome Bahia bonito e colocou no sobrenome e assim todas não passaram de três gerações de ascendentes. Mas isto é uma coisa boa, todos esses núcleos fechados são barreira para o desenvolvimento.

            Mas vamos voltar ao Cel. Joaquim Pedreira, a exceção de riqueza na região, comprovada no livro de Luiz Cleber Moraes Freire; ex-aluno, atual professor e escritor, ligado a UEFS, no livro “Nem Tanto ao Mar Nem Tanto à Terra” – Agropecuária, escravidão e riqueza em Feira de Santana. 1850 – 1888. Quem gosta de história da região, recomendo. 

 

Para adquirir o livro: Livraria
 da Uefs e da UFBA.
           Cleber pesquisou os duzentos inventários da época e encontrou uma família rica, os “Pedreira de Cerqueira”. O Comendador Felipe Pedreira de Cerqueira, consta na faixa de “Fortunas médias”, com vários bens, ressaltando o casarão com capela, cemitério mais duas casas menores, todos fazendo parte hoje da Prefeitura Municipal e parte da Getúlio Vargas  e mais uma chácara, onde foi o Internato Colégio Santanópolis, hoje parte do prédio fica a “Lojas Americanas” foto abaixo do casarão de Felipe Cerqueira.

        

Esta Capela foi a segunda Diocese de Feira de Santana reconhecida pela Igreja. Foi visitada pelo Imperador D. Pedro II e Imperatriz Teresa Cristina. Todas estas edificações, situadas na av. Senhor dos Passos.
O inventário do Comendador Felipe Pedreira de Cerqueira, ainda constava mais imóveis, escravos, joias e outros ativos. Mas estava no grupo de “Fortunas médias” com 35:363$600 reis  com18,5% dos inventários encontrados. Podemos supor, este índice na minha opinião é mais ou menos o mesmo atual de nossa cidade.

            Mas quem desenvolveu uma "Muito grande riqueza" foi o cel. Joaquim Pedreira de Cerqueira.

            Para demonstrar a raridade desta riqueza, vemos no quadro abaixo não existir nenhum inventário classificado como "Grande riqueza" e encontrando registro de três falecidos na categoria "Grande média riqueza" alcançando menos de 500.000$.

            Cleber, estabeleceu uma classificação das fortunas (1850-1888), em um período de cerca de quarenta anos.

Na tabela acima, a seta vermelha identifica não existir ninguém com grandes fortunas
No entanto às muito grande, verificamos existir um, no caso cel. Joaquim P. Cerqueira.
 
            Vamos como e qual era esta fortuna colossal do Coronel Joaquim Pedreira Cerqueira.
            "Foi agiota, como ele fez questão de se autodominar ao imperador D. Pedro II, quando se hospedou em sua residência, por visita que fizera à Feira de Santana, em 6 de novembro de 1859.
            Alguns dados indicam que o coronel conseguiu acumular boa parte da sua fortuna comercializando escravos na praça comercial de Feira de Santana e região. Nos livros do Tabelionato de Notas da comarca de Feira de Santana, o seu nome aparece 22 vezes fazendo transação de compra e venda de escravos entre os anos de 1839 e 1871. Esse número talvez não revele o verdadeiro potencial que esse comércio representava para os seus negócios, haja vista existir uma lacuna de registros para os anos de 1841 a 1860.

A formação de sua fortuna ao longo da vida foi algo impressionante: 1.281:287$045 réis (um milhão, duzentos e oitenta e um contos, duzentos e oitenta e sete mil e quarenta e cinco réis). Essa fortuna pessoal foi a maior que houvera em Feira de Santana, ao seu tempo, e uma das maiores da província (FIGUEIREDO Filho, 2004, p. 15). Em seu estudo sobre a Bahia do século XIX, no capítulo em que trata da fortuna dos soteropolitanos, Kátia Mattoso também encontrou apenas um inventariado - num rol de 1.115 - com uma fortuna superior a 1.000:000$000 réis (MATTOSO, 1992, p. 607)[1]. Para se ter uma ideia acerca dessa fortuna, basta dizer que construiu, às suas expensas, uma nova estrada ligando Feira de Santana a Cachoeira, caminho mais curto para se chegar até Salvador. Em 1857, ele iniciou a construção dessa nova estrada, em substituição à antiga, já que aquela não permitia a passagem de veículos. E, no ano seguinte, ao concluir tal empreitada, teve parte das despesas reembolsadas pelo tesouro provincial (POPPINO, 1968, p. 71).

Essa fortuna pessoal era composta de: ativos (534:724$840 réis = 41,7%), dinheiro líquido (451:276$055 réis = 35,2%), bens de raiz (109:465$ 150 réis = 8,6%), gados (82:720$000 réis = 6,5%), escravos (68:156$000 réis = 5,3%), benfeitorias e equipamentos (29:157$000 réis = 2,3%), produtos agrícolas (4:180$000 réis = 0,3%) e móveis (1:608$000 réis = 0,1%). Uma fortuna sólida, embora tenha deixado algumas dívidas passivas no valor de 47:000$045 réis que comprometeram 3,7% do seu património. Algumas dessas dívidas referiam-se a despesas de manutenção com a fazenda Bonita, em Camisão, e com o engenho Cazumbá; com o médico que lhe assistiu; com honorários advocatícios por uma questão em Santo Amaro; com ressarcimentos a alguns netos pelo inventário da avó; com despesas do inventário; impostos; uma pequena dívida a um particular; e com o funeral, que custou 6:559$790 réis.

O valor dessa última despesa fornece indícios de que a cerimônia de seu funeral foi algo muito além do padrão da época, a julgar que algumas décadas antes, em Salvador, o recordista em gastos funerários fora o “extraordinariamente rico” comendador Pedro Rodrigues Bandeira, cujo ritual de sepultamento custou 3:072$250 réis (REIS, 1991, p. 234). Esses custos englobavam vários serviços que iam da preparação do cadáver, às missas e dobres fúnebres, música, caixão, os ornamentos do velório, a compra de artigos fúnebres, como convites de enterro, mortalha e, caso não tivesse mausoléu, o terreno no cemitério. Essa despesa gasta no enterro do comendador Bandeira.”

Continua: O HOMEM MAIS RICO DE FEIRA DE SANTANA II


[1] Nota do Blog: Fazendo uma comparação, pode se acreditar que em Salvador hoje, tenha mais de cinquenta fortunas maiores do que dos mais rico de Feira de Santana atual?


 

  

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