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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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segunda-feira, 8 de março de 2021

GIUSEPPE GARIBALDI - HERÓI DOS DOIS MUNDOS I


NEIDE ALMEIDA CRUZ - Santanopolitana, Professora de História, pesquisadora, membro do Instituto Histórico e Geógraffico de Feira de Santana e da Academia  de Artes e Letras de Feira de Santana, membre Titulaire da Societé des Amis des Universtés de Paris - Sorbone


De todo os estrangeiros, que lutaram no Brasil, desde Cristóvão Jaques, Pedro Labut, Lorde Cochrane, Taylor, Grenfell, Lecor, entre outros, o mais famoso foi Garibaldi, que teve o apelido de “Herói dos Dois Mundos”, pois também lutou na Europa a favor da sua pátria.

Guiseppe Garibaldi nasceu em 04 de julho de 1807, no Condado de Nice, Reino de Sardenha e morreu em 02 de julho de 1882, aos 74 anos cm Caprcra, La Madalena - Itália.

Não se sabe muito da infância de Garibaldi. Não gostava de estudar, preferindo os exercícios físicos e a vida no mar. Como pai se opondo à sua vocação de marinheiro, durante as férias, tentou fugir por mar para Génova, com três amigos, mas foi descoberto por um padre, que avisou a família sobre a fuga,

Garibaldi passou dez anos de sua vida a bordo de navios mercantes e, com o tempo, chegou a obter licença de capitão. Mas seus desejos de aventura não permitiram que fosse longe na carreira dos mares. Em abril de 1833, emTaganrog, na Rússia, quando  comandava a escuna Clorinda, que levava um carregamento de laran jir. conheceu Giovanni Batulo Cuneo de Oneglia e entrou em contato com a sociedade secreta “Jovem Itália”. Foi seduzido pelas ideias socialislas de Henri Saint-Simone da Jovem Itália, fundada por Guiseppi Maz/.ini um republicano e ardoroso defensor da unidade italiana, que esperava alcançá-la por meio de levantamento popular.

Garibaldi se uniu à sociedade secreta, jurando dedicar sua vida à libertação de sua terra natal do jugo estrangeiro. Em novembro de 1832, encontrou-se comMazzini, iniciando um relacionamento que mais tarde se tornaria problemático. Juntou-se à Carbonéria, e, em fevereiro de 1834, tomou parte da fracassada insurreição de Génova, sendo condenado à morte por uma corte genovesa. Refugiou-se em Marselha e, em 1835, fugiu para a Turquia, chegando ao Rio de Janeiro e, com 28 anos iniciou o seu primeiro exílio.

Residiu algum tempo no Rio de Janeiro, onde foi membro da “Congrega dela Giovane Itália”, fundada por Guiseppi Stefono Grondona, e onde conheceu Luigi Rossetti, com quem se juntou à Revolução Farroupilha. Nessa mesma ocasião, conheceu Bento Gonçalves da Silva e obteve dele uma carta de corso para aprisionar embarcações imperiais.

Em 1838, Garibaldi foi nomeado capitão - tenente e comandante da Marinha Farroupilha. Unido a Rossetti, transformaram o pequeno barco comercial Mazzini em corsário a serviço da República Rio-Grandense. No caminho para o sul, atacaram um navio austríaco com cargade café, trocaram de navio com seus ocupantes e rebatizaram essa nova embarcação de Farroupilha. Enquanto Rossetti desembarcava no porto de Maldonado, Garibaldi era capturado pela polícia marítima uruguaia e preso na Argentina. Depois de algum tempo de preso e torturado, fugiu para o Rio Grande do Sul. Junto aos republicanos encarregou-se de criar um estaleiro junto a uma fábrica de armas e munições em Camaquã, na Estância de Ana Gonçalves, irmã de Bento Gonçalves.

A Guerra dos Farrapos ou Farroupilha foi a mais longa das guerras civis, nas terras brasileiras, considerando-se: a influência das repúblicas vizinhas, as ideias carbonárias italianas trazidas pelo jornalista Lívio Zambeccari, a divisão dos gaúchos em conservadores, maus governos; a tradição de luta nessa região fronteiriça e de atrito; a demissão de Bento Manuel Ribeiro do comando da guarnição da Fronteira; a impopularidade e fraqueza do novo presidente, Antônio Rodrigues Femandes Braga entre outros.


Garibaldi conheceu Ana Maria de Jesus Ribeiro, a Anita Garibaldi. Lembrada até hoje por seus feitos militares, no Brasil e na Itália, Anita vivia em Laguna (SC), quando a cidade foi tomada pelos revoltosos (1835- 1845). Casada com um sapateiro, que havia sido recrutado, pelas tropas imperiais, apaixonou-se por Garibaldi, republicano italiano, que se unira aos farroupilhas. Anita passaria a acompanhar o amado em suas lutas, no sul do Brasil, no Uruguai e, mais tarde, na Itália, nos combates de unificação, onde morreu em 1849.

Anita seguiu o que muitas mulheres fizeram na sua época. Ao lado do companheiro eleito, participou das batalhas e fora delas. Ao falecer, teve seu nome incluído nas memórias de Garibaldi, que a fez sepultar com honras, na Itália, reconhecendo-a não somente como mãe dos seus filhos e companheira, mas também como combatente destemida.

Essa guerra prolongou-se sem vitória. A anistia oferecida poi ocasião da maioridade de D. Pedro II, não esfriou os ânimos dos rebeldes que, mesmo enfrentando dificuldades no suprimento dc roupas, armas, munições e alimentos, continuaram a lutar pela independência. Garibaldi ainda participou, com Bento Gonçalves e 1.200 homens, da campanha pela conquista de São José do Norte.

“Eu vi corpos de tropas mais numerosas, batalhas mais disputadas, mas nunca vi em nenhuma parte, homens mais valentes, nem cavalheiros mais brilhante que os da bela cavalaria rio-grandense, em cujas fileiras aprendi a desprezar o perigo e combater dignamente pela causa sagrada das nações.

Quantas vezes fui tentado a patentear ao mundo os feitos assombrosos que vi realizar por essa viril e destemida gente, que sustentou, por mais de nove anos contra um poderosos império, a mais encaniçada e glória Luta!”

                 A pedido, Bento Gonçalves dispensou Garibaldi de suas funções e ele, então, mudou-se para Montevidéu, no Uruguai, com Anita e seu filho Menotti Garibaldi, nascido em Mostardas, no litoral Sul do Rio Grande do Sul. Recebeu um rebanho de 900 cabeças de gado, das quais, depois de 600 quilómetros de marcha, 300 chegaram a Montevidéu, em julho de 1841. Casou-se em 26 de março de 1842, na Igreja de São Francisco de Assis, com Anita, no Uruguai onde nasceram os outros filhos do casal: Rosa, Tereza e Riccioti. Rosa faleceu aos dois anos de idade, por asfixia, por causa de uma infecção na garganta.

Continua na próxima postagem

Replicando: Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana nº 16 



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