ADA MARIA MASCARENHAS
BAHIA
Licenciadas
em Letras pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS)
JOSÉ OLÍMPIO DA SILVA (JUCA SILVA)
Nascido em Feira de Santana, no final do Século IXX. em 12 de março de
1881, quando ainda se lutava pela Abolição da Escravatura. Filho de Policarpo
Olympio da Silva e Ubaldina da Silva.
Influenciado pelos movimentos abolicionistas, desenvolveu o gosto pela
liberdade de pensamento e ação, tornando-se um defensor dos mais humildes,
ajudando os que dele precisassem, ora como amigo, outras vezes como rábula,
profissão que naquela época de poucos advogados, era exercida por homens
capazes e de caráter, que faziam a defesa dos réus que não pudessem pagar.
Exerceu outras profissões durante a sua vida de feirense, sempre honrando
com a sua presença e desempenho qualquer que fosse o trabalho, que se
propusesse fazer.
Filho de pais pobres cursou escolas públicas do nosso município, sempre se
destacando pelo bom desempenho em salas de aula, a ponto de se reunir com os
colegas, que tinham alguma dificuldade na aprendizagem, para tirar suas dúvidas
e substituir muitas vezes os professores, quando estes precisavam se ausentar
por algum tempo de suas classes.
Quando
ficou órfão de pai, ainda na primeira infância, foi morar em casa de seu
padrinho de batismo, Sr. Targino Macedo, de quem recebeu os melhores exemplos
de cidadania e o encaminhou para a profissão de comerciante, que exerceu com
dignidade por muitos anos, ficando conhecido como um inovador e pioneiro no
ramo de artigos importados de muito gosto, principalmente de perfumes
franceses, que na época era uma grande novidade, em uma cidade do interior como
a nossa.
Era
famosa e apreciada a variedade de bibelôs, cristais, porcelanas finas e
instrumentos musicais, que faziam parte do estoque da “Loja Silva”, localizada
na Praça da Bandeira, onde até há bem pouco tempo, existia o nome gravado numa
placa de marmorite no passeio, coisa que era comumente usada.
“Juca
Silva” era um autodidata e homem de muitos conhecimentos. Tinha uma biblioteca
invejável para o seu uso e dos amigos, que privavam da sua convivência. A
correspondência que tinha com o exterior, para a compra de mercadorias, era
feita em língua estrangeira, de acordo com o país de origem e para isso, ele
contava apenas com o seu conhecimento, adquirido com muitas leituras
especializadas.
Foi
conselheiro de políticos, advogados e empresários. Professores de História o
procuravam com frequência, para tirar dúvidas, em sua residência, na Rua
Marechal Deodoro, n° 17, palacete de estilo clássico, moda da época do início
do Séc. XX. Fazia poucas visitas e preferia receber os amigos em sua casa.
Como
cidadão, sempre preocupado com o bem estar do seu semelhante, líder comunitário
nato, participou de movimentos sociais de ajuda comunitária, destacando-se com
abnegação na formação e organização de eficientes grupos de trabalho para este
fim.
Exerceu
por várias vezes, o cargo de Provedor da Santa Casa de Misericórdia. Em várias
ocasiões, fez campanhas para melhoramentos no antigo Hospital da Santa Casa,
que ficava localizado na praça, hoje denominada Carlos Bahia. Como homem de
muita fé cristã, ajudou a construir uma capela no interior do hospital e mandou
vir do exterior, imagens que eram verdadeiras obras de arte, como a de Nossa
Senhora da Piedade, que é uma beleza incalculável. Nesta mesma ocasião,
presenteou à Capela do Cemitério Piedade, com outra imagem de Nossa Senhora,
que deu o nome ao cemitério e que ainda se encontra no local, maravilhando a
todos.
“Juca
Silva”, como era conhecido, sempre foi um grande colecionador. Desenvolveu
desde cedo o gosto por coleções das mais diversas. Colecionava obras de arte.
moedas, selos[1].
Conseguiu com muita dedicação, organizar duas coleções de moedas raras,
adquiridas com o passar dos anos, em diversos lugares do país, visitando outros
colecionadores, em busca do que lhe faltava. Tornou-se um dos grandes
numismatas brasileiros e um invejável conhecedor do assunto.
Moedas
de ouro, prata, cobre, níquel, do Brasil Colónia, Império e República faziam
parte destas maravilhosas coleções. Não ficava atrás a beleza dos selos
nacionais e internacionais, de sua propriedade. Ele conseguiu formar três
lindas coleções que possuíam os primeiros selos impressos no Brasil, chamados
“olhos de boi” e os que vieram logo a seguir, os “olhos de cabra”, que são o
orgulho de qualquer colecionador, pela dificuldade de encontrá-los, por causa
da pequena quantidade que foi impressa naquela época, quando surgiram as
primeiras instituições públicas brasileiras, como “Os Correios”. Outro motivo
de satisfação era o fato de possuir séries completas de selos do Brasil
Império, um caso raro em Filatelia.
Como
conceituado colecionador, organizou com a ajuda do colega Tancredo Santos, em
21 de agosto de 1953, a primeira exposição filatélica de Feira de Santana, em
homenagem à heroína Maria Quitéria, que na ocasião se comemorava o seu
Centenário de morte. Foram impressos na oportunidade, um selo comemorativo,
carimbo, folhinha e envelope, alusivos à data. A heroína e a cidade de Feira de
Santana foram divulgadas em todo o país.
Casou-se
em 4 de janeiro de 1904, com Maria Garrido da Silva, “laiá Silva”. Festejaram,
em 1954, “Bodas de Ouro” de casados, com festa muito badalada e concorrida. Um
episódio interessante e digno de nota foi a participação das três filarmónicas
da cidade: a 25 de Março, a Vitória e a Euterpe Feirense. tocando
simultaneamente na sua festa. É do conhecimento de todo o feirense, a rivalidade
que sempre existiu entre estas três filarmônicas. Elas nunca se apresentavam
num mesmo lugar ao mesmo tempo. Esta constitui uma prova inequívoca do prestígio
de "Juca Silva”, conseguido pela amizade, respeito e compreensão, que
dedicava a todos os setores da sociedade e deles recebia o reconhecimento
nestas ocasiões.
Com
pouco tempo de casados, tiveram uma filha, a quem deram o nome de Ada, que
faleceu aos sete meses de idade. Anos depois, nasceu uma segunda filha, a
professora Aurelina da Silva Mascarenhas, que se casou com o empresário na
área de construção e comerciante, Anacleto Figueiredo Mascarenhas, que lhe deram
três netos: José Olympio da Silva Mascarenhas (empresário), Ada Maria
Mascarenhas Bahia (professora de idiomas) e Antônio da Silva Mascarenhas
(empresário). A sua descendência hoje é composta por seis bisnetos: Carlos
Artur Rubinos Bahia Neto (advogado), Liége Mascarenhas Bahia de Araújo
(terapeuta ocupacional), André Araújo Mascarenhas (administrador de empresas),
Vitor Araújo Mascarenhas (publicitário), Felipe Ferreira Gomes Mascarenhas
(estudante), Daniela Ferreira Gomes (estudante) e três trinetos: Carla Porto
Bahia (estudante), Bernardo Bahia de Araújo (estudante) e Maria Antônia Bahia
de Araújo (ainda criança).
Este
feirense que sempre dignificou a sua terra e que é o orgulho de sua família,
faleceu em 2 de outubro de 1960, aos 79 anos de idade, em sua residência, na
cidade onde nasceu e amou como um filho devotado, um verdadeiro feirense.
Replicando: Revista do
Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana a IV, nº 4 p. 73-75 2007
[1] Nota do
Blog: Numismatas, colecionadores
de moedas, Filatelista colecionador de selos. Na época havia clube de filatelistas, o Santanópolis tinha um clube e uma pequena coleção em um quadro posto na sala de ciência.
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