Evandro J.S. Oliveira |
Não sei o que motivou o relato acontecido na minha infância: “tinha
cerca, de oito para nove anos, morava na Marechal, nome que dávamos a rua
Marechal Deodoro, mais conhecida por rua do Meio. Fazíamos questão de “MARECHAL”,
para diferenciá-la da Salles Barbosa que é a sua continuação, na época zona do
meretrício. Voltemos a estória por mim contada, brincávamos na rua como era de
costume, quando vimos uma gritaria, dezenas de garotos correndo e todo mundo olhando
para cima, fiz o mesmo quando vi um enorme Zepelim, baixinho, dava para ver as cordas penduradas, voava devagar nós acompanhamos até o ABC, quando a aparição desapareceu após o Asilo".
Terminado o relato olhei para a cara dos ouvintes e fiquei pasmo pelo rosto refletidos, parecia que tinha contado uma mentira cabeluda...
Fiquei encafifado, será que sonhei, será incorporei uma cena de cinema?
Não há coisa ruim que não tenha uma parte boa, o inverso
também é verdadeiro. Falo isto por causa da marvada covid-19, estando
confinado desde março. Meu tempo hoje é ler, estou adorando os livros digitais;
TV novela, futebol; e pesquisar. Aí resolvi ver a história dos Zepelins. De início entendi a
incredulidade dos meus amigos quando vi os Zepelins quando tiveram no Brasil, tinha até
atracação em Recife, hangar no Rio e foto em Salvador, mas tudo antes da 2ª guerra,
quando da invasão Alemã à Polonia foi, suspensas as viagens dos dirigíveis.
Mas ai com tempo disponível continuei as pesquisas, e aí encontrei
o que poderia ser a visão.
A seguir passo os resultados da pesquisas, com um pequeno comentário
final:
· Segunda Guerra Mundial mudou
o Ceará
· ...Entre 1943 e 1945,
nem precisava erguer muito a cabeça para ver, cruzando o céu, os dirigíveis do
tipo Blimp, costumeiramente confundidos com o popular Zeppelin...
· ...Todos pertenciam à
US Navy, a marinha norte-americana, que operou no Brasil entre os anos de 1943
e 1945 com dois esquadrões de Blimp contra os "boats" (submarinos)...
· ...os dirigíveis eram
usados em patrulha submarina, registro de fotografia em terra e no mar e
observação do espaço local,...
· ...Na opinião do
coronel Rui Pinheiro Silva, que morava na Praça São Sebastião (Otávio Bonfim),
a passagem do Blimp era um divertimento para crianças e adultos. O futebol no
campo parava abaixo dos dirigíveis. "Era uma coisa tão linda, se não me
engano, prateada. Eles passavam na direção do fim da linha para ir para a Base
do Pici", testifica o coronel...
· Os soldados observavam
navios ou submarinos (a partir da espuma deixada na superfície da água)
inimigos. Os americanos proibiram fotos dos Blimps, por isso são poucos
os registros.
· ...“Dava para ver o
pessoal nele, os cabos que iriam segurar o dirigível na base ficavam
balançando. Era como um cesto, os marinheiros de boné na cabeça",...
· ...conta que o espaço
dos galpões, antigos alojamentos dos militares norte-americanos, ainda tinha a
torre onde pousavam os Blimps. "Várias bases de cimento, com argolas de
ferro, apoiavam a torre",...
· Certo é que a população
cavou tudo, tirou cabos. Dos Zeppelins (na verdade, Blimps, que eram dirigíveis
menores), os mais antigos dizem que era estranho ver aquilo enorme no céu, tão
baixo", explica.
· “Não ‘zepelim’ nem dirigível, ou qualquer outra coisa
antiquada; o grande fuso de metal brilhante chamava-se modernissimamente blimp”.
O trecho, que abre o conto Tangerine-Girl, de Rachel de Queiroz, ilustra o
choque que marcou a chegada, durante a Segunda Guerra Mundial, de soldados
americanos ao Ceará. Na história, uma jovem da provinciana Fortaleza dos anos
1940
· "Eles vinham de
Natal. Aqui em Fortaleza era o centro da operação de vigilância, na costa do
nordeste...”
Entendendo
que os Blimps patrulhavam a costa do nodeste, logo seria natural incluir até
Salvador, outras notas contam que eles entravam no continente, logicamente
passar em Feira de Santana era crível e acho que minha memória é nota dez.
Três em um terreno sem identificação em Fortaleza |
Blimp com isncrição da marinha americana |
Fontes das pesquisas:
Blimps no ceu foram atração numa Fortaleza provinciana
CÍCERO MARCOS TÚLIO CARDOSO DE FIGUEIREDO
Mário Moreira mandou por "ZAP":
ResponderExcluirEvandro, em síntese: Eu já revelei em outro grupo que vi o Zepelim sobrevoando Feira. Estava na Praça dos Remédios quando isso ocorreu. Portanto, sou testemunha ocular do que relata.
Eu, Evandro, tinha dúvidas sobre a data que vimos o dirigível, perguntei a Mário se tinha noção da época do evento. Resposta de mário por ZAP:Evandro, bom dia. Olhe, meu pai faleceu em agosto de 1944. Saímos da Rua da Aurora e fomos passar uma temporada fora. Até o fim daquele ano, não saíamos de casa. Em 1945, lembro-me, estava na Praça dos Remédios e olhando para o céu, vi o dirigível parado. Cordas e passageiros apareciam. O formato do dirigível era parecido com um charuto.
ExcluirOutra lembrança: A Praça estava repleta de pessoas, pois o saudoso Oscar Tabaréu instalou na dita Praça uma " pipa " cheia de aguardente para quem quisesse beber,
comemorando o FIM da Segunda Guerra Mundial.
Provavelmente foi em 8 de maio de 1945, fim da guerra contra o Nazifacismo. Portanto eu tinha 8 anos e Mário 10.