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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

ZÉ DO Ó, AUTOR DO PRIMEIRO FAKE NEWS

Evandro J.S. Oliveira
 José Olímpio da Silva Mascarenhas, “Zé do Ó” como era conhecido pelos amigos, muitos por sinal, infelizmente ele Zé, não está mais entre nós, era o feirense Santanopolitano mais avançado na modernidade da eletrônica, gravava tudo, discursos, conversas interessantes...

José Olímpio

Estava adiantado no seu tempo, liderando um grupo implantou a primeira rádio FM de nossa cidade, construída pelo Santanopolitano Drance Amorim. Também com outra turma implantou o Observatório Antares. Só citei empreendimentos que exigiram visão com eletrônica, pois é tema do caso a seguir.

“Zé do Ó”, também era um gozador militante, fazia montagens em gravações, para bulir com os amigos. Em Feira tinha um alfaiate, Mário Galopim[1], apaixonado pelo político Chico Pinto, ele trabalhava na Casa Armando, juntamente com duas dezenas de oficiais da moda masculina. Havia entre estes uma predominância de esquerdistas, alguns “comunistas de carteirinha”. Diziam as mas línguas que se quisessem acabar com o movimento comunista em Feira de Santana, bastava fechar o primeiro andar da Casa Armando.

O Mário Galopim, sempre figurava nos casos em que era o personagem principal, uma destas estórias vale a pena descrever: Clovis estava de casamento com Sônia Menezes, socialite feirense, como não poderia deixar de ser, Clovis encomendou o traje nupcial na “Casa Armando”. Na antevéspera do dia do casamento, terminado a confecção da indumentária, como era costume com trajes especiais, vestiram um manequim e colocaram no meio da sala da loja.

À noite Mário estava fazendo serão, e como era costume dele, de vez quando ia defronte no bar “Sueto”, onde tomava uma pinga para revigorar, como dizia. Já de madrugada adentro voltando, revigorado mais que normal, viu, pelo vidro, uma pessoa no centro da loja, gritou “ei moço que queres aí”, dado o mutismo, subiu a escada, apanhando uma faquinha de trabalho, desceu pegando o intruso de surpresa esfaqueou o manequim e retalhando o belo finado paletó. No outro dia foi uma correria para fazer outra indumentária.   

Voltemos a malfadada brincadeira de “Zé do Ó”. Mário ia sempre na Visão, grande loja dos irmãos Mascarenhas, Zé e Tonheiro, repetia os discursos de Chico Pinto, até imitando o político.

Zé Olimpio tinha gravado o discurso de Chico Pinto em sua residência, comemorando a vitória apertadíssima para prefeito de Feira de Santana em 1963. Estava lotada, e na rua um mundo de gente, Mário festejando na rua, Chico fez saudação para o povo da rua, posteriormente discursou no interior da casa, esta a parte gravada por Zé do Ó.

Zé fez uma montagem no discurso em que Chico Pinto em dado momento proferiu um monte de palavras pornográfica, montagem bem feita, esperou Mário ir na loja. Viu que homem é Chico Pinto? um mundaréu de gente, POVO, delírio, gente chorando, falou Mário eufórico, quase gritando na Loja Visão. Quando Zé Olímpio chegou junto a ele, foi um verdadeiro espetáculo, redarguiu, pena que passou do limite para uma futura autoridade, o que? ele foi formidável, agradeceu ao eleitor, uma bela festa. Mas o discurso dentro de casa, foi uma lástima, com senhoras e até D. Pomba, mãe de Chico Pinto, olhe aqui a gravação. Quando chegou o trecho das palavras chulas, Mário foi ficando branco, balbuciando, o Dr. Chico Pinto não podia jogar lama numa festa tão bonita, e saiu indignado.

Um ano após, no golpe militar, apareceu uma figura estranha em Feira de Santana, sobre a alcunha de CAPELÃO, título que possuía como Capelão da Polícia Militar, sediada em Feira de Santana. Extrapolando suas funções, passou a comandar uma patrulha, prendendo quem ele achava ser comunista, se pondo como um arauto da moralidade, ia para as casas de má fama, mandava os casados para casa, ameaçando de recolhimento prisional. Certa vez indo em uma casa de seresta, hoje dizemos caraoquê, encontrou Vinu, bela voz, cantando, viu aliança na mão esquerda, se encaminhou para ele disse: “Oma grande, vá prá casa, se não bota na jipa para dormir na cadeia!”.

O Capelão entrou na Visão, para recolher José Olímpio, leva-lo ao Batalhão, para prestar depoimento.

O primeiro problema foi a recusa de Zé ir na viatura, começou a juntar gente, o Capelão sentiu o clima pesado e aceitou que fosse no seu carro indo logo atrás.

Zé do Ó mostrou que era uma montagem para uma brincadeira, não tinha prova nenhuma, depois de uma admoestação, José Olímpio foi dispensado.



[1] Para os mais novos, Galopim era um calçado de pano sola de borracha, muito usado em fardamentos escolares. O nome Galopim é regionalismo da Bahia, tênis era o sinônimo no brasil em geral. Na Bahia diferenciávamos o tênis do galopim.


 

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