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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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terça-feira, 7 de abril de 2020

HENRIQUETA CATHARINO, UMA FEIRENSE SEM O RECONHECIMENTO DE SUA TERRA

Henriqueta Chatarino
Bernardo Catharino

Henriqueta Martins Catharino nasceu em Feira de Santana em 12 de dezembro de 1886, filha do casal Bernardo Catharino e de Úrsula Martins Catarino.
Seu pai, português de nascimento, aos 13 anos (1875) veio sozinho, de navio, para trabalhar em Feira Santana, com patrício Joaquim José da Costa. Depois de algum tempo tornou-se sócio da empresa e aos 21 anos casou-se com a filha do patrão.
Sua mãe Úrsula da Costa Martins Catarino, feirense, era filha de Joaquim José da Costa, português, comerciante em Feira de Santana.
Úrsula da Costa
Martins Catharino
Em Feira de Santana seus pais doaram o terreno para a construção do Asilo Nossa Senhora de Lourdes, atual Colégio Padre Ovídio. D. Úrsula doou o atual altar da Catedral Metropolitana de Feira de Santana. Foram benfeitores da Santa Casa da Misericórdia. Sr. Bernardo foi ainda provedor da Santa Casa.
Nesta cidade a família Catharino residiu à Rua Conselheiro Franco, hoje (2019) próximo ao Banco do Brasil.
Família Martins Catharino
Faziam grandes doações, inclusive para a Filarmónica 25 de Março. Mudando-se para Salvador, onde Henriqueta Catharino começou o seu apostolado, provavelmente herdado dos pais.
A grande riqueza possibilitou que Henriqueta tivesse, em sua residência, uma boa educação disponível à época, quando poucas mulheres estudavam. Teve aulas de alemão, inglês e francês. Este último era o idioma mais falado na sua época.
Além de ser grande feminista e ativista cultural, Henriqueta lutou pela igualdade racial, fundando a “Frente Negra” na cidade de Santos (SP) e em Salvador.
Em 1918 pôs a sua biblioteca particular à disposição de jovens, fundando o Programa da Boa Leitura, (espécie de biblioteca) para empréstimo de livros que a historiadora Marieta Alves (2003) denominou de “apostolado na sociedade”.
*Desfile Cívico passando em à casa
da família Catharino (acervo da
Profª. Elza Macêdo)
Criou ainda as famosas “tardes de costura” destinada a confecções de roupas para pessoas carentes. Destas duas experiências nasceria o Instituto Feminino da Bahia. De maneira muito discreta e sigilosa procurava sempre ajudar a todos. Nesse sentido as atividades se multiplicavam rapidamente, através da Beneficência Santa Úrsula, Betânia, Casa de Férias e Repouso Santa Teresinha, ou cedendo espaço da Instituição para chás beneficentes e colocando recursos próprios à disposição da igreja e dos pobres.
Henriqueta aos 23 anos em 1909
(Acervo Inst. Feminino da Bahia
A historiadora Marieta Alves, amiga pessoal e parceira intelectual e profissional de Henriqueta, diz (1970) que Henriqueta colocou seus recursos materiais a favor da “promoção da mulher baiana”. Essa preocupação que tinha com a mulher projetou-a a posição de feminista. Posição exercida em ações e práticas para a emancipação da mulher, especialmente as moças solteiras, através da profissionalização e a inserção no mercado de trabalho, de modo a torná-las independentes em relação ao casamento. Para Henriqueta, era condição “digna de incluir a mulher na sociedade”.
Para fins de socialização, possibilitava que as senhoras casadas tivessem uma atividade fora do lar, “através de cursos domésticos” como: culinária, corte e costura, artesanato e a da mobilização a favor da beneficência cristã.
Em 1919 ainda, solicita ao pai parte da herança, vende um anel de brilhante e um colar de pérolas, e organiza um bazar beneficente no Teatro Politeama Baiano, para potencializar a realização de sua obra.
Em 1923 criou a casa São Vicente, junto a Monsenhor Flaviano Osório Pimentel, o que viria a ser o núcleo da Fundação Instituto Feminino da Bahia.
Em 1924, com o falecimento de sua mãe, parte da herança que lhe pertencia, adquiriu vários imóveis para abrigar cursos. Na época, o Instituto Feminino chama-se Casa São Vicente, e funcionava em um casarão no Terreiro de Jesus, n°15. Dois meses depois viria tomar-se a Escola Comercial Feminina, com cursos de datilografia, Harmónio, Francês e Inglês.
Em 1929 a escola foi oficializada, fato que estimulou Henriqueta a abertura de novos cursos como Filosofia, Tradição e História da Bahia, Braile, Religião e Contabilidade. A Instituição realizava cursos de etiqueta, maneira apropriada ao seu comportamento no espaço público e privado. Em 1961 a historiadora Marieta Alves, destaca a participação na Campanha Nacional da Criança, em 1948, que contou com a presença do Presidente Marechal Eurico Gaspar Dutra.
Em 1934 Henriqueta fez uma Carta Aberta à sociedade, conclamando doação de objetos para o museu.
Henriqueta realizava congressos, exposições comemorativas, dentre as quais a retrospectiva do Segundo Reinado, organizada pela escritora Amélia Rodrigues, e a celebração do Centenário da Princesa Isabel. Em retribuição ao álbum enviado por Henriqueta, a Família Real doou para o Instituto Feminino o vestido que Princesa Isabel usou na assinatura da Lei Áurea.
Foram doadas também peças que pertenciam à Princesa. Esse fato fez com que o Instituto crescesse e o nome de Henriqueta se tornasse conhecido e reconhecido internacionalmente.
O Instituto Feminino da Bahia é uma entidade pioneira na preservação da memória feminina.
Sobre Henriqueta, o escritor Erico Veríssimo registrou:
“Não conheço coisa igual, em todos os colégios do Brasil por onde andei e visitei. E não sei se vi pelo menos igual nos Estados Unidos”.
Em Salvador a residência da família Catharino é hoje o Palacete das Artes ou Museu Rodin Bahia.
Por todas as suas ações, foi agraciada com uma medalha para mulheres que prestam relevantes serviços à Igreja, dada pelo Papa Pio XII.
INSTITUTO FEMININO DA BAHIA
(Foto de José ângelo Pinto)
Henriqueta Catharino é nome de colégio e rua (bairro da Federação) na Capital baiana. Mas, a maior e mais importante homenagem é a nomeação, na década de 1980, do museu que idealizou e ajudou a fundar, hoje um dos mais importantes espaços memoriais do Estado brasileiro. Há também um edifício, situado no centro da cidade,
MUSEU DO INST. FEMININO DA BAHIA
(Foto de José ângelo Pinto)
que leva o nome de Henriqueta Catharino. Essa atribuição deve-se ao fato, de que nesse local, funcionava o antigo Instituto Feminino da Bahia, cuja proprietária era D. Henriqueta. “Faleceu em 21 de junho de 1969, em Salvador, deixando um legado material, social e moral admirável”.

* A professora santanopolitana Elza Macêdo, guardou esta foto, porque esta casa foi onde ela morou em toda sua vida de solteira, era da família de Sr. Péricles Macêdo, pai da professora.
MARIA LUCILA FERREIRA DE PINHO - Professora, historiadora, pesquisadora e autora dos livros “Pedro Ferreira - Escultor Baiano” e “Capuchinhos em Feira de Santana nas Dobras da História (este em parceria com Frei José João Monteiro e João Carlos Machesini).

Replicando: Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana nº 16 


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