Hugo Navarro Silva |
A
mobilidade urbana tem sido, nos últimos tempos, o nó górdio, o grande embaraço
de administradores públicos brasileiros, atormentando principalmente prefeitos,
pelo menos os bem intencionados. Não importa o tamanho da cidade. O problema existe em toda parte, mas cresce
com o aumento da população, sem esperança de Alexandres ou de espadas
salvadoras porque atinge a maioria do povo e chega a disputar prevalência com a
saúde e a segurança pública provocando revoltas, iras e descontentamentos de
ordem diversa.
O ideal
seria que as prefeituras mantivessem serviço próprio de transporte urbano. Mas,
na atual situação em que se encontra o país, dentro do entendimento
generalizado de aproveitar enquanto Brás é tesoureiro, nenhuma prefeitura seria
capaz de sobreviver e salvar suas contas porque o serviço é caro, não permitindo
desvios, prejuízos e gentilezas
eleitorais.
Há
notícias de prefeituras que mantiveram frota de ônibus e caminhões de que
desistiram porque os prejuízos foram imensos e tudo sumia com enorme
velocidade, principalmente se as prefeituras, para encurtar custos, instalaram oficinas para os seus veículos.
Pneus, ferramentas, partes, até motores inteiros ou desapareciam rapidamente ou eram substituídos por velhas e
imprestáveis peças.
A solução
possível foi a de conceder os serviços de transporte urbano a empresas
privadas, que podem exercer melhor controle sobre o patrimônio, cortar gastos e
ganhar dinheiro, o que sempre resulta em choque ou com os usuários ou com os
empregados por ganhos salariais geralmente baixos e melhores condições de
trabalho, criando conflitos inevitáveis e dificuldades com a população, que
sempre paga a conta.
Não
bastassem esses entraves, os governos municipais, pelas câmaras de vereadores
ampliam os problemas gerando gratuidades e meias passagens para várias classes
de usuários, como favores eleitorais, o que pressiona o preço do serviço, controlado pelo poder público, que fica
entre dois fogos porque nada é de graça neste mundo. As empresas, cuja
finalidade principal é a de lucro, com
investimentos altos, manutenção onerosa e permanente além da obrigação de atualizações
e melhoramentos, passam a enfrentar dificuldades que não poderiam prever
inteiramente e a oferecer serviços de baixa qualidade.
Não há dúvida, entretanto, de que o transporte coletivo é
artigo de primeira necessidade para a manutenção da ordem social e da normalidade da vida econômica das comunidades. Sua
falência provocaria o caos, multiplicando perdas e prejuízos.
Dai que
poucos serão os que entendem por que movimentos sociais reivindicatórios,
muitos deles defensáveis, descambem, quase sempre, para a destruição
de ônibus das linhas urbanas, dando a impressão de que há grupos organizados agindo
livremente para provocar total anarquia dentro
do país em benefício não se sabe de quem.
Em meio a
essas dificuldades, que não são desprezíveis e de certa forma atingem Feira de Santana, apareceu, em nossa Câmara de
Vereadores, projeto de lei que obriga o Município a estabelecer a
obrigatoriedade de mais de uma empresa na exploração de certas linhas de
transporte urbano. O projeto, aplaudido, além das dificuldades que possa causar
ao Executivo se transformado em lei, tem um defeito: deixou de revogar o art.
22, XI da Constituição Federal, a Lei Federal nº. 12.529 de 30/11/2.011, que
cuida da concorrência em todo o território nacional e de decretar a criação da República Democrática
de Feira de Santana. Uma pena!
Hugo Navarro da
Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis.
Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte".
Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida
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